'Gostou? Comprei por R$ 20': o futuro do consumo é dos brechós?

Ainda de acordo com o levantamento do BCG e Vestiaire Collective, o mercado de artigos de segunda mão está se expandindo três vezes mais rápido que o de artigos de primeira mão, com uma taxa de crescimento anual de 10%.

Sauer avalia que, apesar dos dados, a indústria da moda e do fast fashion é "muito poderosa e dificilmente perderá força tão cedo". "Como falar em reduzir o consumo de roupas baratas em um país desigual como o Brasil? É um desafio. Nesse cenário, o consumo de segunda mão surge justamente como uma alternativa poderosa: democrática, mais barata e ao mesmo tempo alinhada com valores ambientais e sociais."

Os especialistas entendem que as pessoas terão no futuro a possibilidade de comprar coisas usadas de forma muito mais natural no cotidiano. Sakamoto diz que nem tudo será comprado usado, mas essa opção estará com mais frequência no "cardápio de opções" das pessoas.

A fundadora da plataforma Enjoei, Ana Luiza McLaren, aposta que o futuro do consumo será uma mescla mais igualitária entre os dois tipos de mercado. "As pessoas nunca vão desconsiderar totalmente o novo. Tem muito marketing em cima do novo, há um encantamento com as campanhas que são feitas", diz.

O novo não vai e não tem como deixar de existir, mas o usado vai crescer e vai ser tão importante quanto. As possibilidades de encontrar esses produtos estão se ampliando, e o preconceito está diminuindo. Eu diria que vamos equilibrar e chegar em uma comunhão. Ana Luiza McLaren, fundadora do Enjoei

Vasconi, por sua vez, diz acreditar que haverá um momento em que os clientes vão primeiro buscar lojas de usados antes de comprar um artigo novo. "O planeta e seus recursos são finitos. Acredito sim que o consumo, cada vez mais, será de segunda mão, de terceira mão, de quarta mão. Há um universo de possibilidades de itens que estão no mundo e que podem chegar até a gente", diz.