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Grupos ligados ao PT miram Motta e Tarcísio e dizem que texto de Derrite fortalece crime

Grupos ligados ao PT em aplicativos de mensagens intensificaram a ofensiva contra o relatório apresentado por Guilherme Derrite (PP-SP) sobre o projeto antifacção. Eles divulgaram vídeos críticos a integrantes do centrão nos quais afirmam que o texto fortalece o crime organizado.

Materiais divulgados pelos grupos Pode Espalhar, iniciativa do PT e entidades ligadas ao partido para reforçar a atuação nas redes sociais, miram nomes como o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), e o senador e presidente do PP, Ciro Nogueira (PI).

Motta foi responsável por designar Derrite, secretário da Segurança Pública do governo Tarcísio, para relatar o projeto, num revés para governistas. Desde que o deputado apresentou sua primeira versão ao texto originalmente enviado pelo governo Lula (PT), integrantes do Palácio do Planalto, do partido e aliados passaram a dizer que a proposta abria brecha para o enfraquecimento da soberania nacional e da atuação da Polícia Federal, algo que o relator e aliados classificam como narrativa falsa.

O governo e o PT começaram uma campanha em defesa da PF e passaram a relacionar o projeto antifacção à PEC da Blindagem, que foi aprovada na Câmara, mas enterrada no Senado após forte pressão da sociedade. A Secom (Secretaria de Comunicação Social) da Presidência também divulgou vídeos críticos ao projeto.

A reportagem da Folha está em alguns grupos do Pode Espalhar. Em seu site, a iniciativa é descrita como uma "rede de militância nacional, digital e organizada e produz e compartilha conteúdos para defender o povo, a democracia e as conquistas do governo Lula e combater a extrema direita, as mentiras e espalhar esperança".

Na quinta-feira (14) foram enviados dois vídeos —em grupos diferentes— que miram a atuação do centrão nesse processo. Não há identificação sobre a autoria. Procurado, o PT não respondeu.

Um deles, com duração de um minuto e meio, afirma que há uma "jogada muito perigosa acontecendo em Brasília que vai fortalecer ainda mais o crime organizado" e que há "políticos trabalhando para proteger o crime".

O narrador cita nominalmente Tarcísio, Motta e Ciro Nogueira, afirmando que eles "querem enfraquecer o PL antifacção com um objetivo claro: diminuir o poder de investigação da Polícia Federal e aumentar o controle político sobre quem deveria ter autonomia para inves tigar o crime organizado".

"A jogada é simples: Tarcísio de Freitas usou sua influência e colocou seu ex-secretário de segurança Guilherme Derrite para relatar o PL antifacção. Derrite, seguindo as orientações de seu chefe, propôs uma série de mudanças ao projeto para diminuir o poder de investigação da PF. Hugo Motta é o articulador no Congresso, quem dá o aval ao projeto e garante que o texto avance. E Ciro Nogueira, do centrão, faz o trabalho de bastidor para alinhar o apoio político e isolar politicamente quem tenta defender a autonomia da PF", diz o narrador.

"E por que essa articulação é tão perigosa? Porque o controle político da PF permite que políticos ou seus aliados ligados ao crime organizado ganhem espaço para cometer crimes sem que haja investigação", diz ainda. O vídeo é acompanhado de imagens dos políticos que são citados.

No segundo filme, com duração de pouco mais de um minuto, é divulgada fotografia de um jantar que ocorreu nesta semana entre os ex-presidentes da Câmara Eduardo Cunha e Arthur Lira (PP-AL) ao lado de Derrite. O vídeo usa a expressão um "jantar indigesto para o Brasil".

"Cunha você lembra bem: foi cassado e preso por corrupção. Agora, é quem assessora Derrite no projeto que vai decidir o futuro da segurança pública do Brasil. E Arthur Lira? Dispensa apresentações. Cunha e Derrite têm um objetivo em comum: enfraquecer a PF e impedir que criminosos de colarinho-branco sejam presos", diz o narrador.

Nesse vídeos, é transmitida fala do diretor-geral da PF, Andrei Rodrigues, em entrevista nesta semana, na qual ele critica o relatório apresentado por Derrite.

Em seguida, o narrador retoma a fala e diz que, enquanto isso, "na rua, o crime organizado agradece essa parceria". "E na mesa de restaurante, muita risada, brindes e garfadas que custam mais do que centenas de reais. Custam a segurança do povo brasileiro. Eles brindam, o crime agradece e quem paga é o povo", finaliza.

Neste ano, o PT intensificou sua atuação nas redes sociais numa tentativa de disputar politicamente o ambiente virtual. No primeiro semestre, com a campanha em defesa da justiça tributária e a retórica da luta entre pobres e ricos, governistas inundaram seus perfis com a mensagem de que o presidente da República estaria entrando em choque contra poderesos interesses do status quo empresarial e financeiro.

Naquele momento, boa parte dessa campanha era de vídeos produzidos por inteligência artificial e que tinham como mote a defesa da "taxação BBB", em referência a "bilionários, bets e bancos" —grupo que formaria um poderoso lobby em parceria com o centrão e a direita no Legislativo.

Integrantes do centrão, como reação, diziam enxergar atuação do governo federal por trás desses vídeos apócrifos, e chegar a falar na formalização de uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) no governo para para investigar os financiadores desses filmetes. A iniciativa não foi adiante.

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