Hugo Motta se indispõe com esquerda, direita e centro

A orelha do presidente da Câmara ferveu nessa madrugada. Líderes de todo o espectro político estão irritadíssimos com Hugo Motta após a manutenção do mandato dos deputados Glauber Braga (Psol-RJ) e Carla Zambelli (PL-SP). E falam até em complô do PT e PL para tirá-lo da presidência, como aconteceu com Severino Cavalcanti, presidente da Câmara famoso pelo 'mensalinho' no restaurante da casa. Severino renunciou em 2005 para evitar ser cassado pelos pares. É lógico que os casos são muito diferentes. Mas dá uma ideia da indisposição com Motta.

No começo da semana, a tensão aumentou na esquerda e no Planalto, pegos de surpresa com a votação da lei que reduz penas e beneficia Jair Bolsonaro. Apesar do apoio da direita, a dosimetria tampouco contemplou os interesses do PL, que defendia a anistia ampla, geral e irrestrita. Mas a gota d'água aconteceu ontem em plenário. Em uma reviravolta, deputados da esquerda e do centro atuaram para mudar a punição de Glauber Braga de cassação para suspensão do mandato por seis meses.

A leitura em parte do centrão é que Motta foi apunhalado pelas costas por líderes aliados, que atuaram para ajudar Glauber e desmoralizaram o presidente da Câmara. No dia anterior, Glauber ocupou a mesa diretora e foi retirado à força pela polícia legislativa.