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O incêndio destruiu sete dos oito blocos de apartamentos do conjunto habitacional Wang Fuk Court no distrito de Tai Po. Quatro dos focos de incêndio estão sob controle, e as autoridades esperam extinguir os focos restantes ainda nesta quinta-feira (27/11).
O incêndio chegou a ser classificado como de nível 5, o mais grave em Hong Kong. Mais de 800 bombeiros foram mobilizados para tentar apagar o fogo
Três executivos de uma construtora foram presos sob suspeita de homicídio culposo relacionado a materiais inflamáveis, incluindo telas de proteção e lonas plásticas, que podem ter permitido a rápida propagação das chamas.
Um especialista em segurança contra incêndios acredita que a grande quantidade de andaimes de bambu que conectam os blocos de apartamentos contribuiu para a propagação do incêndio.
O fogo se alastrou rapidamente, causando um grande número de mortes e feridos, afirmou o professor Jiang Liming, da Universidade Politécnica de Hong Kong.
Os andaimes de bambu fazem parte da paisagem urbana icônica de Hong Kong — e são amplamente utilizados na construção civil.

Crédito, EPA
No início deste ano, as autoridades anunciaram planos para substituir o bambu por aço, que é mais resistente e à prova de fogo. Elas citaram como problema o fato de o bambu ser facilmente inflamável e sua tendência a se deteriorar com o tempo.
Jiang também disse que os blocos atingidos pelo fogo eram "relativamente antigos" – foram construídos na década de 1980 – portanto, "as janelas de vidro não são tão resistentes ao fogo".
"Os prédios modernos têm janelas com vidros duplos, mas neste caso talvez tenham usado apenas um vidro simples... [o que torna] muito fácil que as chamas quebrem e permitam que o fogo penetre na fachada", disse ele à BBC News.
Além disso, quase 40% dos 4,6 mil moradores do conjunto habitacional Wang Fuk Court têm 65 anos ou mais, de acordo com o censo de 2021.
Alguns deles vivem nesse conjunto habitacional subsidiado desde sua construção, na década de 1980.

Crédito, Getty Images
Autoridades também investigam outros materiais usados na reforma do prédio como fatores que podem ter contribuído para o incêndio.
Especialistas dizem que a instalação de redes de proteção adequadas na parte externa dos prédios é fundamental para evitar a propagação das chamas.
Redes de proteção inadequadas podem fazer com que o fogo se alastre rapidamente.
Um engenheiro disse à rede de notícias em mandarim Initium Media que acredita que a grande maioria das redes de proteção usadas na construção civil em Hong Kong não é feita de material retardante de chamas.
Também é comum encontrar papelão, entulho e solventes nos andaimes, o que, juntamente com o tempo seco, pode acelerar a propagação do fogo, disse o engenheiro.
Hoje cedo, os bombeiros notaram a presença incomum de placas de isopor que, segundo eles, são "extremamente inflamáveis", cobrindo as janelas dos prédios do Wang Fuk Court.
Moradores do conjunto habitacional expressaram preocupação com as obras que estavam sendo realizadas.
Por mais de um ano, as janelas do apartamento de Kiko Ma, no Wang Fuk Court, permaneceram lacradas por causa da reforma.
Ela disse à BBC que os moradores às vezes encontravam bitucas de cigarro perto das janelas, que suspeitam terem sido deixadas pelos operários da construção.
"As pessoas ficavam perguntando o que aconteceria se houvesse um incêndio. Todos estavam muito preocupados com isso", disse Ma, de 33 anos, que mora no Canadá, mas visita seu apartamento em Hong Kong várias vezes por ano.

Crédito, EPA
Alguns alarmes de incêndio no Wang Fuk Court foram desligados durante a reforma, acrescentou ela, já que os operários usavam as escadas de incêndio com frequência para entrar e sair do prédio.
Nas horas que se seguiram ao início do incêndio, um grupo de bate-papo formado por moradores e proprietários foi inundado com mensagens de pessoas cujas famílias ainda estão desaparecidas.
"Isso era evitável. Não foi um acidente. Muitas pessoas não cumpriram com seus deveres", disse Ma.
O governo de Hong Kong organizou inspeções em "todos os conjuntos habitacionais em obras de grande porte" para verificar a "segurança dos andaimes e dos materiais de construção", afirmou o chefe do Executivo da cidade, John Lee, em um comunicado publicado no Facebook.
As autoridades continuarão resgatando moradores presos e prestando apoio aos afetados, incluindo acomodação temporária, assistência financeira e assistência social, disse Lee.
"O governo estará unido a todo o povo de Hong Kong e estamos confiantes de que conseguiremos superar isso juntos", acrescentou.
Fogo se espalhou 'num piscar de olhos'
A mídia local relatou que explosões foram ouvidas dentro dos prédios e que as mangueiras de incêndio não conseguiam alcançar facilmente os andares superiores.
Harry Cheung, que mora no bloco dois do complexo Wang Fuk Court há mais de 40 anos, contou à Reuters que ouviu "um barulho muito alto" por volta das 14h45 e viu o fogo em um bloco próximo.
"Imediatamente voltei para arrumar minhas coisas", disse o idoso de 66 anos.
"Eu nem sei como me sinto agora. Só estou pensando em onde vou dormir esta noite, porque provavelmente não vou conseguir voltar para casa."
Jason Kong, que mora no bloco um do complexo, tentou entrar no prédio para resgatar seu cachorro quando o incêndio começou a se espalhar , mas foi impedido pela polícia.

Crédito, Reuters
À agência Reuters, ele disse que o avanço do incêndio o surpreendeu.
"Recebi uma mensagem por volta das 15h de que o telhado estava em chamas. Depois, começou a se espalhar muito rápido. Espalhou-se num piscar de olhos. Eu moro no bloco um. Achei que o fogo do bloco três não se propagaria tão depressa", disse.
"Estou devastado. Tenho tantos vizinhos e amigos. Não sei mais o que está acontecendo… Como vamos lidar com isso?"
A equipe da BBC na China, presente no local, disse que o cheiro de fumaça podia ser sentido a 500 metros de distância do condomínio.
Os repórteres também conversaram com pessoas afetadas pelo incêndio.
O vereador do distrito de Tai Po, Mui Siu-fung, disse ter visto o fogo no bloco onde tudo começou.
"Dava para ver as chamas por dentro, pelas janelas", afirmou.
O estudante Tomas Liu, que passava pelo local, disse ter se assustado com a quantidade de fumaça.
"Quando você se aproxima, o calor aumenta e você consegue senti-lo, e a fumaça é muito densa. É um desastre", disse.
A última vez que um incêndio deste nível atingiu o território — uma região administrativa especial da China — foi em 2008, quando o Cornwall Court, no distrito comercial de Mong Kok, pegou fogo.

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