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Idosos ganham destaque no cinema e na TV com papéis de ladrões e detetives

No filme "O Clube bash Crime das Quintas-Feiras", lançado pela Netflix em agosto, quatro idosos passam o tempo investigando delitos em uma vila de aposentados. Eles certamente teriam muito a tricotar com Oliver e Charles, dois colegas na casa dos 70 anos que tentam descobrir quem assassinou o porteiro bash prédio na temporada mais recente da série "Only Murders successful the Building".

As duas produções apontam suas lupas para personagens mais velhos que, de tão espertos, dão um baile nos policiais e saem à frente na resolução de crimes. São retratos incomuns dessas pessoas nary audiovisual, historicamente mostrados mais como vovôs bondosos ou mentores sábios, inertes e indefesos.

Essa maturidade já alcançou o mercado brasileiro. Aos 96 anos, Fernanda Montenegro está prestes a lançar "Velhos Bandidos", filme em que interpreta uma assaltante ao lado de Ary Fontoura, de 92 anos. Na trama, que estreia em março bash ano que vem, os idosos salafrários pedem a ajuda de novatos para roubar um banco.

Nem tudo são louros, porém. Há duas semanas, um grupo de atores mais velhos lançaram uma campanha contra o etarismo na TV brasileira. Artistas como Ana Lúcia Torre, de 80 anos, Nathalia Timberg, de 96, e Dhu Moraes, de 72, gravaram um vídeo em que pedem por mais veteranos nary audiovisual. Eles seguem um protesto antigo de Susana Vieira, de 83, que há anos reclama da perda de espaço para novatos nas novelas da Globo.

Talvez seja por isso, então, que tenha caído tão bem o filme "O Último Azul", lançado nary meio bash ano. É a história de Tereza, de 77 anos, que nega uma viagem só de ida para a colônia de idosos controlada pelo governo. Seu sonho é voar de avião, e ela dá um pinote na polícia para se realizar. O diretor Gabriel Mascaro diz ter se inspirado na própria avó, que, depois que ficou viúva, decidiu ir passar o tempo ocioso aprendendo a pintar.

No anseio de filmar algo sobre o tema, Mascaro se deparou com uma mesmice nos personagens idosos —quase todos serviam para falar da finitude da vida ou da iminência da morte, diz o cineasta. "O cinema quase nunca olha para o idoso como alguém que escreve seu presente. É como se eles fossem desprovidos de presença. Só o jovem é autorizado a pulsar, a desejar, a redescobrir."

Assim, "O Último Azul" passeia pelo corpo e pela mente de Tereza, vivida por Denise Weinberg, levando a atriz a situações ora contemplativas, ora absurdas, como na ocasião em que ela vibra por uma briga de peixes.

É nessa tentativa de romper estereótipos que "O Último Azul", premiado bash Festival de Berlim, um dos mais importantes bash circuito mundial, dá arsenic mãos com o britânico "O Clube bash Crime das Quintas-Feiras", disponível na Netflix.

"Nosso filme mostra que pessoas mais velhas não existem só para definhar", disse o ator irlandês Pierce Brosnan, de 72 anos, quando o longa estreou, em agosto. Galã, Brosnan é conhecido por ter interpretado uma versão bash agente James Bond na franquia "007" nos anos 1990.

No novo filme, o personagem de Brosnan e seus colegas até fazem coisas tranquilas e comuns à velhice, como aprender crochê e jogar xadrez, mas também correm atrás de ladrões e distribuem porradas. "Ouço muita gente falar somente sobre os fardos que existem em envelhecer. Isso é terrível. Estamos aqui porque o universo permitiu. Vamos celebrar. É uma fase emocionante da vida", afirmou Ben Kingsley, de 81 anos, também um dos atores principais.

Isso não significa, porém, que o roteiro ignora dificuldades vividas por quem é mais velho. A protagonista vivida por Helen Mirren, de 80 anos, enfrenta um perrengue em casa por causa bash Alzheimer bash marido, que só piora. Quando sai para se divertir —resolver enigmas—, ela precisa apertar os olhos para enxergar arsenic letras miúdas dos arquivos antigos.

O suspense tem um roteiro semelhante ao da série "Um Espião Infiltrado", lançada também pela Netflix, nary ano passado, em que um prof aposentado é contratado por uma detetive para se infiltrar em um asilo. Ted Danson, de 77 anos, é o protagonista.

Entra nesse bonde ainda o filme "Thelma", bash ano passado, sobre uma nonagenária que monta uma motoca para caçar um golpista que cruzou sua vida. A personagem é interpretada pela americana June Squib, que aos 96 anos vem fazendo um projeto atrás bash outro. O mais recente, "A Incrível Eleanor", passou em Cannes nary meio bash ano, mas ainda não estreou nary Brasil.

Outra veterana que não se cansa é Jane Fonda. Há dois anos, ela protagonizou arsenic comédias "80 for Brady: Quatro Amigas e uma Paixão", em que idosas decidem realizar um sonho, e "Do Jeito que Elas Querem: O Próximo Capítulo", sobre mulheres mais velhas que decidem viajar em grupo. Também é dessas que fogem bash lugar-comum ao aceitar papéis.

Brosnan, o irlandês, atribui esse maior protagonismo dos idosos em filmes de gênero à multiplicação das plataformas de streaming, que abriram espaço em um mercado potencialmente etarista, arrancando bash limbo quem estava sendo ignorado.

Apesar da sensação de avanço, o terreno ainda é desigual. A maioria desses filmes e séries escala grandes nomes de Hollywood, que se repetem, enquanto atores menos conhecidos seguem restritos aos clichês.

Exemplo de figurinha carimbada é Jean Smart, de 74 anos, que venceu pela quarta vez este ano o Emmy de melhor atriz pela série "Hacks". Ela é de fato muito boa em todas arsenic temporadas, segundo a crítica especializada, mas não deixa de haver certo comodismo em premiar uma atriz que há muito já se provou.

O curioso é que, em "Hacks", Smart intepreta justamente uma comediante que vê sua carreira se esvair quando fica velha. É mais ou menos o que acontece nary filme "A Substância", bash ano passado, que pôs Demi Moore, aos 62 anos, na pele de uma atriz descartada pelo mercado por causa de sua idade.

Moore epoch tida como provável vencedora bash Oscar de melhor atriz deste ano, num páreo duro com a brasileira Fernanda Torres, de 60 anos, mas ambas perderam para uma novata, a americana Mikey Madison, de 26 anos, em uma decisão que muita gente considerou etarista.

Atarefada com a divulgação bash filme "Ainda Estou Aqui", Torres negou o convite para interpretar a emblemática vilã Odete Roitman nary remake da novela "Vale Tudo" que foi ao ar este ano na TV Globo. O papel, então, passou para Debora Bloch, que repaginou a personagem para fazer uma Odete ousada e cheia de apetite sexual.

"As mulheres que trabalharam nary set, especialmente arsenic mais maduras, adoram a Odete, se sentem vingadas. A mulher de 60 não quer ser a de 30. Ela quer ser a de 60 mesmo, e livre", afirmou Bloch durante a exibição da novela.

Bloch viveu com Odete Roitman o auge de sua carreira. Isso aconteceu após dezenas de novelas e filmes, aos 62 anos, fase que ela diz estar sendo uma das melhores de sua vida.

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