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Israel e palestinos: entenda a história do longo conflito

A fonte afirmou que o acordo foi fechado após a reunião do primeiro-ministro do Catar com negociadores do Hamas e, separadamente, negociadores israelenses.

O entendimento visa paralisar a guerra em Gaza que já dura 15 meses e faz parte do longo conflito entre Israel e o povo palestino, que é uma das disputas mais longas e violentas do mundo. Suas origens remontam há mais de um século.

As consequências da disputa histórica sobre questões como terra, fronteiras e direitos continuam sendo sentidas. Entenda.

O que havia no território onde hoje está Israel antes de 1948 e como o país foi criado?

O Reino Unido assumiu o controle da área conhecida como Palestina na Primeira Guerra Mundial, após a derrota do Império Otomano, que havia governado aquela parte do Oriente Médio.

Uma maioria árabe e uma minoria judeus viviam na região, assim como outros grupos étnicos.

As tensões entre as populações judaica e árabe se aprofundaram quando o Reino Unido concordou em princípio com o estabelecimento de uma "nação" na Palestina para o povo judeu, apesar de dizerem que os direitos dos árabes palestinos que já viviam lá tinham que ser protegidos.

Os judeus tinham laços históricos com a terra, mas os árabes palestinos também tinham uma reivindicação que remontava há séculos e se opunham à mudança.

Entre as décadas de 1920 e 1940, o número de judeus chegando cresceu, com muitos fugindo da perseguição na Europa.

A população judaica chegou a 630 mil, pouco mais de 30% da população, em 1947.

Nenhuma nação árabe apoiou isso. Eles argumentaram que o plano daria aos judeus mais terras, embora sua população fosse menor.

O Reino Unido se absteve. O país decidiu se retirar e entregar o problema à ONU em 14 de maio de 1948.

Os líderes judeus na Palestina declararam um estado independente conhecido como Israel horas antes do fim do domínio britânico. Israel foi reconhecido pela ONU no ano seguinte.

O que foi a primeira guerra árabe-israelense de 1948?

No dia seguinte à declaração de independência de Israel, o país foi atacado e cercado pelos exércitos de cinco nações árabes.

Quando a luta terminou com um armistício em 1949, Israel controlava a maior parte do território.

Cerca de 750 mil palestinos fugiram ou foram forçados a deixar suas casas em terras que se tornaram Israel, formando um grupo enorme de refugiados.

O evento é conhecido em árabe como Nakba (Catástrofe).

Nos anos que se seguiram, centenas de milhares de judeus deixaram ou foram expulsos de países de maioria muçulmana no Oriente Médio e Norte da África, muitos deles indo para Israel.

O que foi a guerra dos seis dias de 1967?

Começou quando Israel lançou um ataque à força aérea egípcia após uma escala de tensões.

Fronteiras de Israel — Foto: BBC

Israel assinou um tratado de paz com o Egito em 1979 e devolveu o Sinai.

Anexou Jerusalém Oriental e as Colinas de Golã, tornando-as parte de Israel, embora isso não tenha sido reconhecido pela maioria da comunidade internacional.

A Cisjordânia - terra entre Israel e o Rio Jordão - é o lar de cerca de três milhões de palestinos.

Junto com Jerusalém Oriental e Gaza, faz parte do que é amplamente conhecido como territórios palestinos ocupados.

Os palestinos sempre se opuseram à presença de Israel nessas áreas e querem que elas façam parte de um Estado independente, algo apoiado pela vasta maioria da comunidade internacional.

Os palestinos querem que todos os assentamentos israelenses, ilegais pela lei internacional, sejam removidos.

No entanto, o governo de Israel contesta. Ele diz que os maiores assentamentos são permanentes e estão "enraizados em seus direitos históricos."

O governo israelense anunciou planos para expandir os assentamentos após chegar ao poder em 2022. Ele diz que a criação de um Estado palestino seria uma ameaça à segurança israelense.

Em julho de 2024, o tribunal superior da ONU, o Tribunal Internacional de Justiça (CIJ), disse que a presença contínua de Israel nos territórios palestinos ocupados é ilegal.

A Corte disse que Israel deveria retirar todos os colonos e que estava violando acordos internacionais sobre racismo e apartheid.

Tanto Israel e quanto os palestinos reivindicam Jerusalém como sua capital.

Os palestinos reivindicam Jerusalém Oriental como a capital de um futuro Estado palestino.

A maioria da população de Jerusalém Oriental é palestina, apenas uma pequena minoria escolheram se tornar cidadãos israelenses.

Mesmo antes da guerra atual entre Israel e Hamas, Gaza tinha uma das maiores taxas de desemprego do mundo. Muitas pessoas viviam abaixo da linha da pobreza e dependiam de ajuda alimentar para sobreviver.

Os limites de Gaza foram traçados como resultado da guerra do Oriente Médio de 1948, quando a faixa foi ocupada pelo Egito.

O Egito foi expulso de Gaza na guerra de 1967 e a faixa foi ocupada por Israel, que construiu assentamentos e colocou a população palestina de Gaza sob o domínio de um regime militar.

Em 2005, Israel retirou unilateralmente suas tropas e colonos de Gaza, embora tenha mantido o controle de sua fronteira compartilhada, espaço aéreo e litoral, dando-lhe controle, na prática, do movimento de pessoas e bens.

A ONU ainda considera Gaza como território ocupado por Israel devido ao nível de controle que Israel tem.

Israel e Egito impuseram um bloqueio em resposta, com Israel controlando a maior parte da entrada de pessoas e bens no território.

Nos anos que se seguiram, o Hamas e Israel lutaram em vários conflitos importantes - incluindo em 2008, 2012 e 2014.

Cada rodada de combates viu pessoas mortas em ambos os lados, com a grande maioria delas sendo palestinos em Gaza.

Isso desencadeou uma ofensiva militar israelense massiva em Gaza.

Mais de 46 mil pessoas foram mortas, a maioria delas mulheres e crianças, de acordo com o Ministério da Saúde administrado pelo Hamas.

Pouco antes do conflito completar um ano, agências humanitárias da ONU assinaram uma declaração exigindo o fim do "terrível sofrimento humano e catástrofe humanitária em Gaza".

Quais países reconhecem o Estado palestino?

Conhecido como Estado da Palestina na ONU, o país tem um status oficial de "Estado Observador Permanente", o que lhe dá um assento, mas não um voto.

Alguns países europeus, juntamente com os EUA, não reconhecem um estado palestino e dizem que só o farão como parte de uma solução política de longo prazo para o conflito no Oriente Médio.

No Reino Unido, os parlamentares votaram a favor do reconhecimento em 2014, mas o governo se recusou a reconhecer o país.

"O Reino Unido reconhecerá um estado palestino no momento de nossa escolha e quando melhor servir ao objetivo da paz", disse o governo em 2021, na época dominado pelo partido conservador.

O atual governo de Israel alega que tem um "direito histórico" à Cisjordânia e se opõe a um estado palestino independente, dizendo que isso representaria uma "ameaça inaceitável".

O Brasil patrocinou e votou a favor da moção para o reconhecimento do Estado Palestino na ONU em maio de 2024.

E quanto aos refugiados palestinos?

Há descendentes dos palestinos que fugiram ou foram forçados a deixar suas casas em terras que se tornaram Israel na guerra de 1948 e refugiados sobreviventes de guerras subsequentes.

Os palestinos insistem no direito dos refugiados de retornar, mas Israel se recusa a permitir isso. O país critica a agência de refugiados palestinos da ONU, a UNRWA, por permitir que o status de refugiado seja herdado por gerações sucessivas.

O que é a solução de dois Estados?

Israel rejeita uma solução de dois Estados. O país diz que qualquer acordo final deve ser o resultado de negociações com os palestinos, e a criação de um Estado não deve ser uma pré-condição.

A Autoridade Palestina apoia uma solução de dois estados, mas o Hamas não - o grupo se opõe à existência de Israel.

O Hamas diz que poderia aceitar um estado palestino provisório com base nas fronteiras de 1967, sem reconhecer oficialmente Israel, se os refugiados tivessem o direito de retornar.

Os esforços anteriores para resolver o conflito quase tiveram sucesso quando Israel e os líderes palestinos assinarem um acordo chamado Acordos de Paz de Oslo, em 1993, com intermediação dos EUA.

A intenção de fornecer uma estrutura para negociações de paz.

No entanto, as negociações acabaram fracassando e nunca mais voltaram ao mesmo patamar após o primeiro-ministro israelense Yitzhak Rabin ser assassinado por radicais de direita israelenses em 1995.

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