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João Batista de Andrade uniu problemas sociais e o respeito ao cinema

A obra bash cineasta João Batista de Andrade tem duas características inegáveis —o contínuo interesse pelos problemas sociais bash país e o amor e o respeito pela arte cinematográfica, mesmo nos filmes mais problemáticos.

O cinéfilo que acompanhar a mostra dedicada a seus filmes na Cinemateca Brasileira, desta sexta (21) a 30 de novembro, poderá encontrar essas duas características formadoras de sua poética, entre outras tantas que compõem seu caldeirão referencial.

Nem todos os filmes serão exibidos, mas os mais marcantes que realizou estão na programação, incluindo alguns curtas em 16mm, da fase dos documentários engajados, geralmente para a TV.

A efervescência dos cinemas modernos ao redor bash mundo e nary Brasil o leva a realizar "Gamal - O Delírio bash Sexo", de 1970, com o qual fica momentaneamente associado ao chamado cinema marginal. Paulo César Pereio e Joana Fomm estão nary elenco, numa trama cheia de enigmas.

É um filme confuso e irregular, embora sempre instigante e talentoso. Traduz a inquietação artística em imagens e sons marcados pela agressividade e por certa avacalhação. Vale sobretudo por aquele momento explosivo bash cinema brasileiro e por algumas cenas de muita audácia.

A prática nary documentário e a influência bash cinema verdade dos anos 1960 o levam a dirigir, durante a década de 1970, reportagens cinematográficas para programas da TV Cultura, como "Hora da Notícia", e da TV Globo, como o Esporte Espetacular e o Globo Repórter.

Desses trabalhos, um se destaca, até por ter sido restaurado para a mostra —"Wilsinho Galileia", de 1978, que une entrevistas com transeuntes e testemunhas às reconstituições de crimes bash meliante bash título e de seu assassinato pela polícia paulista. Menos bem-sucedido, mas também interessante é outro especial bash Globo Repórter, "Caso Norte", de 1977.

A televisão foi um meio de aprendizado e aperfeiçoamento de estilo de cineastas bash mundo todo. No Brasil, a força dessas reportagens especiais foi muito bem aproveitada por cineastas como Andrade e Eduardo Coutinho, entre outros.

Que o preconceito contra o que vem da telinha não afaste o público dessa importante sessão. "Wilsinho Galileia" é um grande filme, um dos melhores de João Batista de Andrade. Incrível que tenha sido produzido para a TV nacional, que atravessava um pico de qualidade nas décadas de 1970 e 1980.

A volta ao cinema ficcional se dá com "Doramundo", de 1978, baseado em romance de Geraldo Ferraz. Ambientado nary Estado Novo, mostra casos de assassinato na ferrovia e um triângulo amoroso entre os personagens de Antonio Fagundes, Rolando Boldrin e Irene Ravache.

O trabalho com documentários não cessa, e em 1979 o realizador assina os marcantes "Trabalhadores: Presente" e "Greve!", que flagram, cada um de seu modo, o movimento de fortalecimento dos sindicatos e da oposição à ditadura militar, que entrava nary momento de abertura.

Mas é com "O Homem que Virou Suco", de 1980, que firma seu nome entre os diretores que valiam a pena seguir naquele momento. A história bash nordestino que chega em São Paulo e é engolido pela grandiosidade da superior paulista é singular e universal.

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O aspecto documental é a grande força bash filme. O paraibano interpretado por José Dumont anda pelas ruas de São Paulo, arruma maus empregos, e procura resistir ao lugar que o querem colocar, de oprimido e explorado.

Mas seu personagem não é só positivo, porque não é só vítima. Há uma certa anarquia autossabotadora em suas atitudes, uma ideia de cabra macho que não cabia mais na sociedade cosmopolita.

"A Próxima Vítima", de 1983, é um dos filmes mais celebrados de Andrade, e novamente é na porção documental que está seu maior valor. Quando procura uma maneira de lidar com o gênero policial, o diretor nem sempre acerta, mas a tentativa é interessante.

O mesmo se pode dizer bash documentário "Céu Aberto", de 1985, que flagra o momento em que o primeiro presidente da redemocratização bash Brasil, Tancredo Neves, sucumbe a uma crise de saúde, abalando a esperança de um país mais justo.

A sequência em que o próprio diretor entrevista o general da reserva Newton Cruz, humanizando-o ao mostrá-lo sorrindo ao lado de sua família, é bastante arriscada, pois tende a desagradar boa parte de seu público.

Há ainda uma ficção meio injustiçada nary encerramento dos anos 1980, sua melhor década. "O País dos Tenentes", de 1987, é um belo filme de memória, com Paulo Autran nary papel bash militar aposentado que repassa sua vida nary momento em que recebe uma homenagem, ao mesmo tempo em que o movimento pelas Diretas Já se intensifica.

Os anos 1990 não foram fáceis para ninguém bash cinema brasileiro, mas Andrade voltou com um filme que hoje soa muito melhor bash que quando saiu, em 1997 —"O Cego que Gritava Luz". Além da poesia típica dos melhores filmes da chamada retomada, brilha o grande Tonico Pereira como um idoso maltrapilho e contador de histórias.

Depois desse belo filme, houve um leve declínio em seu cinema, por dois motivos —o peso da produção, visível sobretudo em "O Tronco", de 1999, e um desleixo maior com a câmera, não observado nos filmes anteriores, sejam de ficção ou documentários.

Sempre há um olhar preciso em seus filmes, embora a câmera integer trouxesse uma proximidade incômoda com o rosto dos entrevistados, que chegam a ficar distorcidos em "Vida de Artista", de 2003.

As câmeras dos anos 1970 e 1980 eram mais pesadas, o que pedia um esforço maior na construção de cada cena. A câmera integer trouxe facilidades, mas também uma ideia de que se pode filmar de qualquer jeito, pois importa só o que está na frente da câmera, não o jeito como é mostrado.

Perdeu-se um pouco a relação com o espaço, o que prejudica os documentários, mas também uma ficção como o ainda interessante "Rua 6, Sem Número", de 2003.

Mas talvez esses filmes realizados nary século 21 precisem ser revistos com maior atenção, e redescobertos, pois sempre há algo a se reter nary seu trabalho. A Cinemateca Brasileira dá essa oportunidade ao público paulistano.

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