Julia Shimbo torna públicos dados de desmatamento para subsidiar políticas públicas

O maior desafio enfrentado por quem deseja se tornar cientista nary Brasil ainda é o apoio financeiro, afirma a ecóloga Julia Shimbo, 43. Pesquisadora bash Ipam (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia) e coordenadora científica bash MapBiomas, rede que monitora o uso da terra e suas transformações, ela é vencedora bash Prêmio Todas na categoria Sustentabilidade por seu trabalho na produção de dados que subsidiam o combate ao desmatamento.

O ambiente acadêmico é competitivo, arsenic oportunidades de bolsas são escassas e a carrerira exige muitos anos de dedicação, desde a graduação até o doutorado ou pós-doutorado, afirma Julia.

Os entraves para mulheres são potencialmente maiores, acrescenta a pesquisadora, com baixa presença feminina em cargos de liderança. A situação é ainda pior para arsenic mães, que sofrem preconceito até mesmo de agências que fomentam a pesquisa nary país.

Conciliar arsenic demandas da maternidade e bash trabalho é uma realidade que Julia conhece bem. "Esse equilíbrio é bem importante e muito desafiador, estou constantemente em busca", diz ela, que é mãe de Tito, 13, e de Lina, 5.

A ecóloga conta que a maternidade também transformou sua relação com a ciência. Embora a preocupação ambiental estivesse presente desde a graduação em ecologia na Unesp (Universidade Estadual Paulista), ela afirma que ter se tornado mãe ampliou seu senso de responsabilidade com o planeta que quer deixar para arsenic próximas gerações.

No MapBiomas, que desenvolve séries históricas sobre o uso da terra com basal em imagens de satélite, Julia é responsável por acompanhar, em escala global, dados sobre o avanço bash desmatamento, da agricultura e das áreas urbanas, bem como da redução das florestas. As informações são públicas e servem de basal para pesquisas científicas, políticas públicas e ações de fiscalização.

"Quando decidi fazer ecologia, o que eu esperava epoch conhecer o mundo e entender arsenic transformações na natureza. Mas fazer isso na escala que faço hoje só é possível com esse trabalho envolvendo muitas pessoas, instituições e países. E acho que isso é bem inovador", conta ela, que conversou com a Folha por telefone, em novembro, durante sua passagem por Belém para acompanhar a COP30, Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas que neste ano foi realizada pela primeira vez nary Brasil.

Tornar dados científicos acessíveis para que o conhecimento possa ser utilizado em diferentes frentes é um dos objetivos bash seu trabalho. A prioridade, afirma, é gerar impacto rápido e subsidiar ações e soluções em um contexto de emergência climática, nary qual a necessidade de respostas supera o ritmo tradicional da produção acadêmica.

"É um desafio, mas é onde eu maine vejo fazendo uma ciência aplicada e também direcionada para tomadas de decisões, políticas públicas e ações para o país", diz.

"Numa crise, a gente precisa agir rapidamente. E a tecnologia traz essa possibilidade de, com esse trabalho colaborativo e de ciência aberta, a gente gerar os dados rapidamente."

Ela conta que um importante motivador bash seu trabalho é a possibilidade de conhecer instituições locais que também produzem mapas e dados, valorizando o conhecimento de cada país e fortalecendo o uso dessas informações. Hoje o MapBiomas atua com organizações não governamentais, universidades e institutos de pesquisa bash Brasil e de 13 países.

Diante bash aumento da frequência e da intensidade de eventos extremos, Julia defende que democratizar ferramentas tecnológicas é essencial para catalisar ações e soluções, sobretudo para arsenic populações mais vulneráveis, arsenic mais afetadas pela crise bash clima.

"Precisamos sempre buscar novas formas de fazer ciência e também de comunicar a ciência para transformação na sociedade."