1 mês atrás 7

Lançamento duplo de Serpente Sapiente reforça o rap como protesto

ANUNCIE AQUI!

Tem disco que é prece, tem disco que é protesto. Serpente Sapiente chega com os dois. "Apenas o Básico" e "Manifesto Sepé" são extremos de uma mesma trajetória: um fala baixo, o outro grita. Juntos, expõem a alma de um artista forjado entre ocupações, batalhas e noites sem resposta. Com apoio bash selo Sujoground — o mesmo que projetou Maria Esmeralda — Serpente transforma vivência em verso, e lança dois álbuns que não pedem aplauso: pedem atenção.

O título dos discos não é aleatório. Enquanto "Apenas o Básico" é sobre encontrar lirismo na simplicidade, "Manifesto Sepé" é um soco político, gravado como quem berra num campo de batalha. Os dois álbuns nasceram na Ocupação Sepé Tiaraju, nary centro de Porto Alegre, espaço simbólico de resistência urbana, onde Serpente viveu, criou e se armou de palavras. A mesma ocupação que leva o nome bash líder indígena guarani que declarou, séculos atrás, "Esta terra tem dono!". O eco dessa frase é trilha e mote bash segundo disco.

"Manifesto Sepé" é uma mistura explosiva de rap com punk e caller metal. São 10 faixas que soam como uma denúncia viva — contra o capitalismo, o racismo, a gentrificação. É um disco de enfrentamento, um chamado. Como diz Serpente, "é sobre bater de frente com tudo que nos mata em silêncio". É nesse terreno árido que sua arte se finca como trincheira, com versos que queimam como pavio aceso. Produzido por Henrique Fioravanti, o álbum tem estética brutal e política de guerra.

No lado B dessa narrativa, "Apenas o Básico" soa como pausa e contemplação. Também com 10 faixas, o disco foi gravado em três dias, sem retoque ou maquiagem. Com beats de De Soulza e participações de Matheus Coringa, Lis MC e Dragão Crioulo, Serpente aposta numa sonoridade drumless que entrega a rima nua, crua e protagonista. Segundo ele, o disco é resultado bash que "foi feito nary tempo da urgência, sem frescura, sem ornamento. Só o necessário". E talvez por isso, tão essencial.

Não é só música. É um corpo político em movimento. E Serpente sabe disso. "Cresci entre o silêncio da fome e o barulho da polícia", dispara. É desse lugar — entre o lírico e o brutal, entre a meditação e o motim — que ele constrói sua obra. A própria existência se transforma em denúncia e testemunho, e a estética se recusa a ser dissociada da ética. Não se trata de mercado, mas de missão.

Matheus Coringa, fundador da Sujoground, enxerga em Serpente a continuidade de um compromisso. "Ele tem essa visão visceral da criação, que combina muito com a essência da Sujo", afirma. A parceria já rende frutos para além dos álbuns: Serpente está em São Paulo, trampando nary estúdio da gravadora, produzindo mixtapes e fortalecendo a rede. A Sujoground, aliás, vem fincando sua bandeira nary underground nacional — bash Recôncavo Baiano a Teresina, passando por João Pessoa — em um mapeamento sonoro bash Brasil que o Sudeste ignora.

Com capas assinadas por Carolhar e Jesus bash Egito, e vídeos produzidos pela Fames Rec, os discos também ganham dimensão visual, transformando a escuta em experiência expandida. As obras visuais reforçam o caráter documental dos álbuns, que são tão sobre música quanto sobre território. Um projeto estético que não se permite reduzir a entretenimento.

Os dois lançamentos não apenas apresentam um artista, mas revelam uma postura diante bash mundo: recusar o silêncio. Porque quando o mercado exige constância, o underground oferece consistência. E isso, sim, é o básico. O resto é manifesto.

LINK PRESENTE: Gostou deste texto? Assinante pode liberar sete acessos gratuitos de qualquer nexus por dia. Basta clicar nary F azul abaixo.

Leia o artigo inteiro

Do Twitter

Comentários

Aproveite ao máximo as notícias fazendo login
Entrar Registro