Faltando duas semanas para fechar o ano, Lula recebe um presente dos Estados Unidos e chegará fortalecido para o início da disputa eleitoral em 2026. Nos mais de 100 mil grupos públicos de WhatsApp e Telegram monitorados em tempo real pela Palver, as questões geopolíticas dominaram as discussões ao longo da última semana, tendo como resultado um saldo positivo ao presidente.
A Lei Magnitsky foi o eixo central dos debates. Enquanto a sanção contra Alexandre de Moraes e sua esposa era tratada como um trunfo para a direita, a conversa seguia uma linha narrativa consistente e dominante: Washington como alavanca, o STF como alvo e a direita como beneficiária.
Mas, depois que os Estados Unidos derrubaram a sanção na última sexta-feira (12), a interpretação mudou. Entre as mensagens que tomaram posição sobre o que a Magnitsky "significava" dali em diante, 50% migraram para um ceticismo explícito, com argumentos em prol da soberania nacional e a ideia de que não existe "atalho estrangeiro" para resolver o Brasil.
Essa ruptura aparece também na forma como Donald Trump foi reavaliado. A retirada da sanção acionou um gatilho emocional negativo para a direita, que é a sensação de recuo. Entre as mensagens que avaliaram a decisão, 66% criticaram Trump, com enquadramentos de fraqueza, imprevisibilidade ou desistência, e 34% defenderam a medida como parte de um cálculo legítimo de interesses americanos. A frustração levou uma parcela da direita a comparar Trump com Reagan, reforçando a falta de coragem.
Ao mesmo tempo, a relação Trump-Lula foi lida com menos romantismo. Quando ambos aparecem juntos nas conversas, a disputa é entre duas narrativas: negociação pragmática e conflito econômico. Entre os que escolheram um desses caminhos, 59% enxergaram a relação pela lente de pressão e atrito, como tarifas, chantagem e custo para o Brasil, enquanto 41% destacaram aproximação e negociação direta, com sinais de recalibração e conversa "por cima" dos intermediários.
O efeito doméstico mais visível dessa virada foi a cisão dentro da direita. A estratégia internacional de Eduardo Bolsonaro e Paulo Figueiredo, que vinha alimentando esperanças de uma interferência estrangeira, passou a ser criticada, provocando divisões internas. Antes da queda da Magnitsky, considerando as mensagens da última semana, entre os bolsonaristas que opinaram sobre Eduardo/Paulo, 52% eram de apoio e 48% de crítica. Depois da retirada das sanções, as críticas chegam a quase 60%. É nesse terreno que a ironia "camisa 10 do Lula" ganha tração.
Entre as mensagens que avaliaram o impacto da reviravolta sobre o presidente, 95% afirmaram que Lula saiu fortalecido e 5% sugeriram enfraquecimento. O argumento é que a ofensiva externa de Eduardo apenas serviu para produzir ganhos políticos a Lula, seja como beneficiário do discurso de soberania, ou da retomada do canal direto com Trump.
Além da pauta externa, a aprovação, pela Câmara dos Deputados, da PL da Dosimetria abriu espaço para a esquerda se reorganizar. Nas mensagens dos últimos 7 dias, entre os que tomaram lado, 77% se posicionaram contra a anistia e 23% a favor, sinalizando que a esquerda conseguiu mais coesão. É importante destacar que uma parcela da direita também foi contra a medida, pois enxergou como insuficiente, apontando que teria sido a sinalização que Trump precisava para revogar as sanções de Moraes.
Nesse contexto, Lula chega ao ano eleitoral com vantagem sobre os adversários. A Lei Magnitsky, que havia servido como esperança e promessa de virada, trouxe o ônus do conflito para dentro da direita e serviu apenas para expor quem perdeu, quem ganhou e quem precisa, rapidamente, reconstruir uma narrativa diante do novo cenário.

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4 horas atrás
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