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Lula fortalece ministério com Lewandowski e mantém segurança pública em 2º plano

A disputa pelo cargo e a escolha de Ricardo Lewandowski para o Ministério da Justiça e Segurança Pública mostra quais são as prioridades do governo Lula (PT) nessa área.

Ao indicar o ex-ministro, o presidente escolheu reforçar a boa relação com o Supremo Tribunal Federal para enfrentar possíveis crises políticas com o Legislativo.

A escolha, como consequência, mantém em segundo plano a segurança pública na lista de prioridades do governo. Lula abriu mão de alguém com experiência ou mais ligado à área, além de ter descartado a divisão da pasta em duas.

A disputa em si, na reta final, já sinalizava a escolha de Lula por um nome mais interessante às necessidades políticas.

Se por um lado Ricardo Lewandowski nunca foi da área, os concorrentes também não possuíam qualquer atuação relevante nessa seara.

O advogado Marco Aurélio de Carvalho, um dos que disputaram o cargo, tem boa relação com Lula e PT, mas sem bagagem de trabalhos desenvolvidos no campo da segurança pública.

Ricardo Cappelli, derrotado e agora de férias, tentou vestir a roupa do especialista em segurança durante a corrida pelo posto. Em seu currículo, no entanto, a experiência se resume ao ano como secretário-executivo na gestão Flávio Dino.

Dessa forma, sua experiência se limita ao período na pasta durante a elaboração de planos para conter seguidas crises de segurança nos estados.

As tentativas ainda não mostraram resultados e o trunfo do governo até o momento na segurança pública tem sido a Polícia Federal.

A corporação foi durante a gestão Dino-Cappelli a fonte de notícias e pautas positivas para o governo. Em especial, em estados como o Rio de Janeiro e Bahia, com números relevantes em relação ao combate ao tráfico de drogas e armas, além de casos de repercussão nacional como o da vereadora Marielle Franco.

O protagonismo da PF e a força de sua cúpula na Presidência são expostos com a manutenção de Andrei Rodrigues na direção-geral do órgão, independentemente da escolha para o comando do ministério.

A PF sozinha, no entanto, não é capaz de solucionar o problema da segurança pública no país.

Nesse cenário, o governo ainda tem como desafio apresentar bons resultados na área. Um primeiro passo para o governo é decidir entre tentar criar uma bandeira e assumir o protagonismo na segurança pública ou deixar, como hoje, uma distância protocolar em relação à responsabilidade dos estados.

Dentro do governo, quem defendia a divisão da pasta em duas —Justiça e Segurança Pública— argumenta que o governo já é cobrado pela responsabilidade principal na área e deveria criar uma bandeira para se contrapor ao discurso da direita de que as gestões de esquerda são pouco firmes no combate ao crime.

Os contrários, por outro lado, argumentam que é preciso deixar a responsabilidade com os estados e atuar somente quando necessário, de forma a manter uma distância regulamentar para não se contaminar em caso de problemas.

As escolhas de Lewandowski para sua equipe, em especial para a Secretaria Nacional de Segurança Pública, vão apontar qual caminho ele deve seguir. A Senasp (Secretaria Nacional de Segurança Pública) é responsável por coordenar toda a atuação da pasta com as secretarias estaduais de segurança.

As eleições municipais deste ano serão um primeiro termômetro para o governo sobre como o tema da segurança deve pesar nas urnas.

Em seguida, em 2026, eventual nova disputa presidencial contra o bolsonarismo deve dar um veredicto sobre se vale mais a pena se fortalecer nas crises com o Legislativo ou se seria melhor tentar enfrentar os discursos dos adversários sobre a falta de firmeza contra a criminalidade.

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