Marca brasileira de calçado sustentável abre 13 pontos de venda nos EUA

Yuool é uma marca de calçados sustentáveis. Tem no portfólio linhas de tênis e slides (tipo de chinelo). No total, são seis produtos. Os preços variam de R$ 230 a R$ 650. Em 2026, outras três linhas de produtos serão lançadas, mas a empresa não quis antecipar quais serão elas.

Calçados são produzidos com matérias-primas sustentáveis. Entre elas, estão lã merino (fibra natural fiada e tecida na Itália, com certificado de sustentabilidade), algodão orgânico, garrafas PET recicladas, bagaço de cana e grafeno (composto de carbono semelhante a um favo de mel).

As garrafas PET recicladas são rastreáveis. "A transformação da garrafa pet é completa e controlada. Diversas cooperativas coletam garrafas pets brancas dos oceanos e as entregam para fábricas que são responsáveis por picar, reciclar e transformar o material em POY [tipo de fio de poliéster semiacabado]. Essas fábricas possuem certificação GRS, que é o certificado mais importante do mundo que garante o rastreamento. Esse POY é texturizado até virar fios, que são usados na produção dos calçados", afirma Eduardo Abichequer, CEO e cofundador da Yuool.

A empresa sabe exatamente de onde as garrafas PET vieram. Isso dá confiança e transparência sobre a origem dos produtos, permitindo que o consumidor compre o produto sabendo que está contribuindo de forma real para a redução de resíduos e para práticas ambientais responsáveis.
Eduardo Abichequer

Empresa importa a maior parte das matérias-primas. Elas vêm, principalmente, da Itália e México. No Brasil, a empresa compra garrafa PET reciclada, algodão orgânico e algodão reciclado, entre outros.

Toda a produção é terceirizada. Os calçados são produzidos em três fábricas no Rio Grande do Sul. A empresa não abre números de faturamento nem lucro.

Vemos a sustentabilidade como propósito. Acreditamos que não é diferencial, mas, sim, obrigação.
Eduardo Abichequer

Venda na Califórnia e em outros países

Chegada da marca nos EUA. Neste ano, a empresa abriu 13 pontos de venda na Califórnia (EUA). Os produtos serão vendidos dentro de lojas da rede O' My Sole, em cidades como Los Angeles, Carmel e São Francisco.

Pontos de venda no exterior. No exterior, além dos EUA, a empresa vende seus produtos em pontos de venda dentro de lojas parceiras na Itália, França, Holanda, Espanha, Portugal, Uruguai e Colômbia. No Brasil, a Yuool tem quatro lojas próprias em Porto Alegre, Rio e São Paulo.

Outros canais de venda. O principal é o e-commerce da marca. A Yuool vende também por atacado para o mundo corporativo, com brindes personalizados de empresas.

Parceria com Eduardo Kobra

Tênis da Yuool em parceria com o artista urbano Eduardo Kobra Imagem: Divulgação

Collabs com Disney e Eduardo Kobra. Abichequer diz que a parceria com o artista urbano Eduardo Kobra, em 2022, foi uma edição limitada de tênis feitos com garrafas PET recicladas, em que parte das vendas foi destinada a causas sociais para o Instituto Kobra. Já a colaboração com a Disney, em 2023, aconteceu para celebrar os 100 anos da marca. "Foi um marco com 7.000 pares numerados que tiveram uma procura incrível entre os consumidores", afirma.

Essas collabs vão além de simples estampas. Elas procuram reforçar identidade de marca, engajamento cultural e mesmo impacto social. Ambas ações foram pensadas para apoiar as instituições, Instituto Kobra e Make a Wish, trazendo visibilidade para a causa.
Eduardo Abichequer

Rock in Rio também edição especial de tênis da Yuool. Em 2024, a empresa lançou uma edição especial do tênis Urban em colaboração com o Rock in Rio para celebrar os 40 anos do festival. Foram produzidos 4.000 pares numerados e limitados, na cor preta, e com um pingente em formato de guitarra.

Sócios vieram da XP Investimentos

Empresa foi criada em dezembro de 2017, em Porto Alegre (RS). São quatro sócios: Abichequer, Marcelo Maisonnave, Pedro Englert e Eduardo Glitz. Todos são de Porto Alegre e eram sócios da XP Investimentos.

Foram investidos cerca de R$ 1 milhão no negócio. Desse total, 80% foram direcionados para o desenvolvimento dos produtos. A empresa recebeu outros aportes financeiros, mas o CEO preferiu não mencionar números.

A ideia de criar a Yuool surgiu após a observação de um movimento crescente no Hemisfério Norte, especialmente na Europa e nos Estados Unidos, de marcas focadas em produtos extremamente confortáveis, feitos com lã merino. Chegamos a convidar algumas marcas para atuar no Brasil, mas, diante da negativa, decidimos desenvolver um produto próprio.
Eduardo Abichequer

Consumo consciente é ponto alto

Produto é baseado na economia circular. "O uso de materiais não convencionais, como as garrafas PET recicladas e o bagaço da cana, remete a um design contemporâneo, que está em consonância com as demandas de sustentabilidade", afirma Lucas Furio Melara, analista de negócios do Sebrae-SP e pesquisador em design de produto, economia criativa e desenvolvimento sustentável na FAU-USP.

Marca atende a um consumidor consciente do uso de materiais sustentáveis. Para Melara, o consumidor está mais exigente e busca produtos que causam menos impactos ambientais. "O que está em alta hoje é o comportamento do 'luxo silencioso'. Ou seja, é aquele consumidor que não quer mais ostentar marcas, mas, sim, fazer escolhas de bons produtos sustentáveis, pensando no impacto que ele pode causar no meio ambiente", afirma.

Qualidade dos calçados é destaque. Segundo Melara, os produtos da Yuool têm boa durabilidade e são perenes. "A Yuool faz um produto autêntico e com uma proposta de valor tão boa que posiciona a marca entre as principais lideranças desse mercado."

Vale creditar a cadeia produtiva. Para ele, a empresa deve mostrar quem está por trás da cadeia produtiva da marca, como as cooperativas que fornecem a matéria-prima. "Esse reconhecimento deve ser mais explícito para ajudar na valorização da marca", diz.

Reforçar o conceito de consumo consciente em tempos de "pandemia climática". "Estamos vivendo uma pandemia climática, devido aos inúmeros eventos catastróficos do meio ambiente, como as enchentes no Rio Grande do Sul. Teremos aqui no Brasil a Cop-30 [30ª Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas]. Esse é o momento de associar o consumo desse tipo de produto sustentável à mitigação dos danos climáticos", declara.

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