O uso de recipientes plásticos no micro‑ondas tornou-se uma prática comum, tanto em casa quanto nos refeitórios das empresas, já que essa praticidade permite armazenar e aquecer alimentos em poucos minutos. No entanto, estudos recentes apontam que essa conveniência pode vir acompanhada de riscos silenciosos como a liberação de micro plásticos e nano plásticos durante o aquecimento dos alimentos.
Para esclarecer quais recipientes podem ser usados com segurança no micro-ondas, o TechTudo preparou um guia detalhado com as principais dúvidas e cuidados sobre essa prática. A seguir, o leitor terá acesso a informações sobre o que pode e não pode ser levado ao micro-ondas e quais prejuízos a ingestão frequente de microplásticos pode trazer para a saúde e segurança alimentar.
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Quando o plástico contamina sua comida: o risco dos microplásticos no micro-ondas
Pesquisas já demonstraram que certos tipos de plástico presentes nos potes, ao serem expostos ao calor produzido pelo eletrodoméstico, liberam partículas microscópicas que podem migrar para a comida e serem ingeridas nas refeições. Essa ingestão frequente, em alguns casos, pode estar associada a problemas de saúde, embora ainda sejam necessários mais estudos para entender os impactos de longo prazo. Descubra abaixo quais recipientes são seguros, os problemas que a ingestão de micro plásticos pode causar e os cuidados essenciais na hora de esquentar seus alimentos.
- Quais potes soltam micro plásticos no micro-ondas?
- Quais problemas a ingestão de micro plásticos pode trazer?
- Quais recipientes podem ir no micro-ondas?
- Cuidados para esquentar comida bem
1. Quais potes soltam micro plásticos no micro-ondas?
Nem todos os potes plásticos são seguros para aquecer alimentos no micro-ondas. Muitos recipientes utilizados no dia a dia, especialmente os mais flexíveis, reutilizáveis ou alguns daqueles descartáveis usados para delivery ou comida congelada, não são projetados para resistir ao calor. Quando submetidos à temperatura gerada pelo micro-ondas, esses materiais podem liberar micro plásticos e até nanopartículas, que podem ser ingeridos junto com os alimentos.
Uma pesquisa intitulada “Assessing the Release of Microplastics and Nanoplastics from Plastic Containers and Reusable Food Pouches” revelou dados preocupantes. O estudo mostrou que, após apenas três minutos de aquecimento no micro-ondas, alguns recipientes plásticos liberaram até 4,22 milhões de partículas de micro plásticos e 2,11 bilhões de nanopartículas por centímetro quadrado. Esses números evidenciam o risco potencial à saúde humana.
Os plásticos que mais tendem a liberar partículas são os feitos de polietileno (PE), bastante comum em materiais flexíveis e reutilizáveis. Além disso, potes antigos, com riscos, rachaduras ou sinais de desgaste, também são mais propensos a liberar micro plásticos, mesmo que sejam usados por pouco tempo. Já os plásticos mais rígidos, como o polipropileno (PP), costumam ser mais resistentes ao calor e, por isso, são considerados mais seguros.
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2. Quais problemas a ingestão de micro plásticos pode trazer?
A ciência ainda está em fase inicial na compreensão completa dos efeitos da ingestão de micro plásticos em humanos, mas algumas evidências já causam preocupação. Estudos preliminares, conduzidos internacionalmente, indicam que essas partículas podem provocar disfunções gastrointestinais, alterações no ritmo cardíaco e aumento do risco de trombose. Também foram relatados casos associados à infertilidade, infecções respiratórias, distúrbios metabólicos e até mesmo ao desenvolvimento de certos tipos de câncer.
Embora ainda não exista um consenso sobre níveis seguros de ingestão, a presença recorrente dessas partículas em alimentos, comprovada por diversos estudos de contaminação ambiental, reforça a necessidade de cautela. É importante destacar, contudo, que as evidências diretas em humanos são limitadas, pois muitas associações são baseadas em modelos experimentais e observações iniciais. Ainda assim, diante da ampla disseminação dos micro plásticos no ambiente e da crescente detecção na população, é prudente adotar medidas para minimizar essa exposição.
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3. Quais recipientes podem ir no micro-ondas?
De forma geral, para minimizar o risco de contaminação por micro plásticos no aquecimento de alimentos, é essencial escolher recipientes adequados. No Brasil, os recipientes plásticos trazem um código de reciclagem que vai de 1 a 7, indicando o tipo de material utilizado. De modo geral, os potes com os números 2 (PEAD – polietileno de alta densidade), 4 (PEBD – polietileno de baixa densidade) e 5 (PP – polipropileno) são considerados mais seguros para o uso em micro-ondas. Esses materiais são termoplásticos, atóxicos e mais estáveis em altas temperaturas.
Por outro lado, é importante evitar o uso de recipientes com os códigos 3 (PVC – policloreto de vinila), 6 (PS – poliestireno) e principalmente 7, que inclui diversos tipos de plásticos com aditivos químicos potencialmente tóxicos, como o bisfenol A (BPA). Esses materiais podem liberar substâncias nocivas durante o aquecimento e representar um risco à saúde. Confira a seguir orientações e materiais recomendados para o aquecimento de alimentos no micro-ondas:
- Vidro e vidro temperado: vidros comuns ou temperados são excelentes escolhas, porque não liberam microplásticos. São resistentes ao calor e inertes. Evite recipientes de vidro com tampas plásticas, salvo as certificadas como “próprias para micro-ondas”.
- Cerâmica e porcelana: materiais cerâmicos ou de porcelana sem revestimentos metálicos ou decorativos sensíveis suportam bem o calor do micro ondas e não liberam partículas plásticas.
- Plástico certificado como microwave-safe ou próprio para micro-ondas: alguns plásticos são desenvolvidos para resistir ao calor do micro-ondas (polipropileno PP com marcação “microwave safe”, por exemplo). Ainda assim, devem ser usados com cautela: não devem estar danificados, deformados ou riscados. Mesmo assim, a liberação de partículas pode ocorrer, embora em menor intensidade em comparação com plásticos não resistentes.
- Evitar plásticos finos, filmes plásticos e embalagens descartáveis: filmes plásticos (como plásticos filme transparente, presente em comidas congeladas ou macarrão instantâneo de copo ou pote) ou embalagens descartáveis não são recomendados para exposição a altas temperaturas, devido ao risco elevado de migração de microplásticos e outros compostos.
Ao usar recipientes plásticos “microwave-safe/próprio para o micro-ondas”, verifique sempre se há o símbolo correspondente, os traços onduladas, e recomendações do fabricante quanto à temperatura máxima suportada. Esse símbolo indica que o produto foi testado e aprovado para suportar o calor gerado pelo aparelho.
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4. Cuidados para esquentar comida bem
Para esquentar alimentos com segurança e reduzir o risco de contaminação por micro plásticos, é importante adotar algumas boas práticas no dia a dia. A primeira delas é transferir o alimento para um recipiente seguro antes de aquecer, evitando o uso da embalagem plástica original. Prefira potes de vidro, cerâmica ou pratos próprios para micro-ondas. Também é recomendado evitar aquecimentos prolongados ou em alta potência, pois aumenta o potencial de migração de partículas plásticas para o alimento. Durante o aquecimento, agitar ou mexer o alimento na metade do tempo ajuda a distribuir melhor o calor, evitando pontos superaquecidos que favorecem essa migração.
Além disso, é essencial descartar recipientes plásticos que estejam danificados, com rachaduras, colorações alteradas ou deformações, pois esses sinais indicam degradação do material e maior risco de contaminação. Por fim, esperar de 30 a 60 segundos antes de consumir o alimento após o aquecimento contribui para reduzir gradientes térmicos e permitir a dissipação de vapores, o que também ajuda a minimizar riscos. Seguindo essas orientações simples, é possível diminuir significativamente a ingestão involuntária de partículas plásticas ao utilizar o micro-ondas.
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Com informações da BBC.com, cnet.com, Rsdjournal.org, Theguardian.com, Washingtonpost.com
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