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Melhores prompts para usar no Gemini antes do Enem, segundo professores

É possível utilizar chatbots com inteligência artificial (IA), como o Gemini Google, para revisar os conteúdos do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem 2025), mas é preciso ter cuidado com a ferramenta. A prova será aplicada nos dias 9 e 16 de novembro e cobrará temas como interpretação de texto, Ciências Humanas e da Natureza, Matemática e atualidades, que podem ser praticados e consolidados com o apoio da IA.

No entanto, especialistas alertam para as "alucinações” e para a dependência com a tecnologia, que não é capaz de reproduzir a subjetividade humana. Para conhecer as práticas mais recomendadas para estudar com inteligência artificial — além das "ciladas" sugeridas pela tecnologia —, o TechTudo conversou com professores e especialistas e listou os melhores prompts para usar no Gemini antes do Enem. Confira.

 Reprodução/Pexels/Andrea Piacquadio Saiba como usar o Gemini para revisar os conteúdos do Enem 2025 — Foto: Reprodução/Pexels/Andrea Piacquadio

Gemini e outras IAs podem ajudar a revisar conteúdos do Enem 2025?

Cada vez mais presentes nas rotinas de estudo, as inteligências artificiais — como o Gemini e o ChatGPT — vêm ganhando espaço entre candidatos que buscam revisar conteúdos de forma rápida e personalizada. Mas, afinal, como usá-las de maneira eficiente e sem cair em armadilhas? Confira, no índice abaixo, os possíveis usos que iremos abordar nesta matéria.

  1. Mapas mentais
  2. Simulado de questões e resoluções
  3. Domínio de fórmulas
  4. Correção de redação
  5. Sugestão de temas de Redação
  6. Ligação com atualidades
  7. Cronograma de estudos

Mapas mentais são estruturas visuais criadas para organizar ideias de forma hierárquica. Por isso, eles são bastante procurados por estudantes nas vésperas de provas, já que relacionam conceitos de forma simplificada e imagética. Para criar um mapa mental com o Gemini, um prompt útil pode ser:

Monte um mapa mental em formato de tópicos sobre [tema], organizando os principais conceitos, exemplos e relações para memorização rápida.

Embora o recurso também possa contribuir para a memorização na reta final de estudos, a médica fluminense Beatriz Cunta, que compartilha dicas de estudos no perfil @biaemedicina, aponta que o ganho cognitivo maior está em criar o próprio mapa mental.

“O ideal é que você crie o mapa mental. O processo de aprender com o recurso é correlacionar as ideias em um papel ou em uma ferramenta digital, do seu jeito, estabelecendo as relações entre os pontos que você escolhe colocar”, aponta.

Cunta ainda alerta para as “alucinações” da IA, quando a ferramenta “inventa” informações — que são mais comuns em imagens do que em textos. Ela conta que, se você decidir criar o material gráfico pelo Gemini, o ideal é indicar o texto em que a tecnologia deve se embasar. “Se você não der o material e a linha de raciocínio, o Gemini vai montar de qualquer jeito”, explica.

Portanto, mesmo ao recorrer ao Gemini, estruturar e sugerir fontes para o mapa mental é uma boa prática. Logo, o seguinte comando é uma possibilidade mais responsável:

Com base apenas no texto-base abaixo, monte um mapa mental em tópicos sobre Idade Média. Inclua obrigatoriamente os nós: rei, suseranos, vassalos e feudos. Para cada ligação, escreva 1 frase curta explicando como essa relação impacta economia e política. Organize por níveis (conceito → subconceitos → exemplos) e evite acrescentar temas fora do texto-base. [Cole o texto base]

 dlxmedia.hu/Unsplash Segundo a especialista, o ideal é construir o mapa mental no momento do aprendizado — Foto: dlxmedia.hu/Unsplash

2. Simulado de questões e resoluções

Praticar é concretizar o aprendizado e, quando acabam as questões, não é raro ver estudantes pedindo ao Gemini para criar simulados. Um comando funcional para essa tarefa pode ser:

Monte uma prova simulada de 10 questões, no estilo do Enem (com 5 alternativas), sobre [disciplina ou tema escolhido], e forneça o gabarito e a explicação de cada alternativa ao final.

Entretanto, mais uma vez, é preciso ter cuidado com as alucinações da IA. Segundo o professor de matemática Lucas Monteiro (@lucas_monteiroc), de Minas Gerais, a melhor forma de evitar problemas é checar os resultados propostos pelo Gemini e sempre comparar os procedimentos com os materiais da escola ou do cursinho. “Se perceber algo estranho [no cálculo], peça duas abordagens, algébrica e numérica, e compare com o material de referência da escola”, afirma.

Apesar das falhas, o professor mineiro destaca que o Gemini pode ser um bom aliado para identificar erros nas resoluções dos alunos. Ele descreve uma prática que “ajuda muito” os seus estudantes.

“Fotografe o próprio desenvolvimento e envie para a IA com comandos intencionais. Mais do que o resultado, peça três coisas objetivas: identifique o primeiro ponto de desvio (“onde meu trilho saiu da linha”); proponha o ajuste mínimo (preservando ao máximo a estratégia original) e, por fim, mostre as duas próximas linhas corretas para retomar sozinho. Em seguida, peça um exercício-irmão para testar se o erro foi, de fato, corrigido”, detalha.

De acordo com Monteiro, o valor do simulado com a IA está em transformar o erro em aprendizado. “É um ciclo elegante: errei, entendi, corrigi e consolidei. E tem um efeito pedagógico bonito, já que erro não é fracasso; é dado — e dado bem lido vira evolução.”

Monteiro também destaca a capacidade da IA em explicar fórmulas matemáticas, físicas e químicas. O comando pode ser especialmente útil para quem não tem familiaridade com o conteúdo, ajudando a visualizar o raciocínio por trás das equações e a compreender cada etapa da resolução.

Explique a fórmula de [escolher fórmula, ex: Progressão Geométrica], mostrando cada etapa de aplicação com um exemplo resolvido e detalhado.

Segundo o professor, esse tipo de abordagem aproxima o aluno dos conteúdos exatos, o que os torna menos abstratos e mais intuitivos — principalmente na reta final, quando a revisão prática faz diferença no desempenho. Contudo, ele ressalta que o uso da IA deve priorizar o raciocínio, não a dependência da ferramenta.

“Se o aluno desmonta o problema em etapas e a IA explicita o princípio de cada passo, com um exemplo típico do Enem e verificação do resultado, acho uma ajuda positiva! Eu oriento pedir três coisas: pré-requisitos, passos numerados com justificativa e checagem por outra via", comenta.

O professor Bruno Baltazar (@brunobbaltazar), do Rio Grande do Sul, acrescenta que o aprendizado com a IA só ocorre se o estudante acompanhar o resultado ativamente, tentando entender e reproduzir os passos, e não apenas lendo a explicação pronta. “Ajuda a compreender, mas não substitui o treino prático”, resume.

 Reprodução/Yuri Neri Explicação do Gemini para a fórmula de progressão geométrica — Foto: Reprodução/Yuri Neri

A redação é um dos grandes “monstros” do Enem e, por isso, muitos alunos recorrem à inteligência artificial para apontar erros e receber dicas de escrita. Para corrigir a sua redação no modelo Enem pelo Gemini, faça o prompt:

Corrija minha redação (cole o texto aqui) de acordo com os critérios do Enem (competências I a V), aponte os pontos fortes, o que precisa melhorar e sugira uma nota de 0 a 1000.

No entanto, esse comando precisa ser utilizado com parcimônia. Segundo o professor sul-matogrossense Alê Jamil (@profalejamil), especialista em redações do Enem, a IA ainda não é capaz de emular a subjetividade do avaliador que corrigirá a prova.

“O Gemini pode até acertar as competências relativas à gramática, mas, quando entra a argumentação e a proposta de intervenção, há uma subjetividade que a máquina ainda não compreende. Ela não consegue interpretar as várias possibilidades de leitura do tema”, explica.

Entre os deslizes possíveis, o professor aponta que a IA pode penalizar injustamente redações que escapem de exemplos “óbvios”. Como esses sistemas são treinados e ajustados a partir de bases de dados resgatadas da Internet, eles tendem a valorizar repertórios e estruturas argumentativas mais frequentes.

Mesmo com acesso à Internet — como é o caso da versão gratuita do Gemini —, o problema ainda pode persistir, já que a busca em tempo real não é sempre ativada pelo chatbot. Por isso, Jamil recomenda que a tecnologia seja usada como apoio e não como “protagonista” na produção do texto.

“O estudante pode pedir à IA referências para enriquecer a redação, buscar repertórios de diferentes áreas, ampliar o vocabulário e diversificar as citações. Mas ele precisa integrar esse conhecimento ao seu próprio raciocínio. Quando o aluno se torna refém da ferramenta, ele perde a habilidade de construção textual”, observa.

Jamil também lembra que a nota atribuída pelo chatbot não deve ser considerada absoluta. “É uma nota artificial, limitada. A máquina não tem a sensibilidade para reconhecer a originalidade de um argumento ou o improviso de uma boa redação. Já vi casos de textos muito parecidos em que a IA deu 960 para um e 740 para outro, simplesmente por não compreender os argumentos apresentados”, complementa.

 Diego Cataldo/TechTudo Enem 2025: MEC lança app com simulados e correção de redação; conheça — Foto: Diego Cataldo/TechTudo

5. Sugestão de temas de Redação

Antecipar o tema do Enem e construir repertório para escrever sobre assuntos variados é um dos grandes desafios de quem se prepara para o vestibular. Por isso, é comum que os estudantes usem o Gemini para listar possíveis temas e reunir repertório sociocultural. Um prompt útil para esse objetivo é:

Liste 5 possíveis temas de redação para o Enem [Ano], com proposta de intervenção e repertórios socioculturais que podem ser usados no texto.

A ferramenta pode ajudar o estudante a lidar com o “frio na barriga” e treinar como reagir a um tema inesperado na hora da prova. Mesmo assim, o professor Alê Jamil lembra que essa praticidade exige cautela.

Segundo ele, de forma semelhante às correções, o Gemini tende a repetir assuntos tradicionais, próximos dos que já apareceram em provas anteriores ou nos principais bancos de dados disponíveis na Internet. “A IA até sugere temas, mas raramente foge dos assuntos convencionalmente trabalhados”, resume.

Em resumo, o Gemini pode ser um excelente instrumento de lapidação ou como ponto de partida para organizar ideias de texto. A dica é não terceirizar o raciocínio: use os prompts para se inspirar, mas desenvolva os argumentos por conta própria e, se preciso, tire dúvidas com professores humanos.

“Se for usado como um acessório, para polir os 10% finais de um texto já pronto, ele ajuda. Mas se for utilizado sem cuidado, o aluno deixa de pensar — e aí perdemos a principal habilidade que o Enem busca: a capacidade de construir ideias”, finaliza.

6. Ligação com atualidades

Não é novidade que a prova do Enem valoriza as chamadas “Atualidades”, incluindo nas questões acontecimentos e debates recentes no Brasil e no mundo. Essa dinâmica exige que os estudantes saibam relacionar os conceitos de diferentes matérias com fatos atuais, demonstrando capacidade de análise crítica e contextualização. Para que a inteligência artificial ajude nessa tarefa, um comando útil é:

Explique como o tema [ex: Guerra de Israel e Hamas, Mudanças Climáticas] pode ser cobrado no Enem, relacionando com atualidades e sugerindo repertório de Filosofia ou Sociologia.

Segundo o professor de História e Filosofia Paulo Andrade (@proger), do Rio de Janeiro, a IA tende a ser eficaz tanto na conexão com as atualidades quanto na articulação entre áreas distintas.

“A inteligência artificial pode ser uma ferramenta útil para auxiliar o estudante a relacionar conceitos e eventos, situar elementos históricos, organizar linhas do tempo e encaixar cronologicamente ou conceitualmente autores e temas. Ela também pode ajudar a articular áreas distintas, como relacionar a Ética, dentro da Filosofia, a questões de meio ambiente na Geografia ou de democracia na Sociologia”, conta Andrade.

Ele ainda sugere que os chatbots como o Gemini podem tentar prever como esses conteúdos serão cobrados na prova a partir de exames anteriores.

“É possível perguntar como determinado tema já caiu no Enem, quantas vezes um conteúdo foi cobrado, de que forma pode aparecer em um texto motivador, ou ainda como um evento histórico pode ser utilizado. Isso não só na prova de Ciências Humanas, mas também em Ciências da Natureza, afinal, há tópicos de Geografia e Filosofia que podem transitar entre áreas e surgir em outras provas.

Outro ponto citado por Andrade é a organização de estudos na reta final. Nesse período, o ideal é revisar de forma dirigida, resolver pendências de aprendizado pontuais e, principalmente, fazer simulados curtos com controle de tempo. Para isso, um cronograma específico de véspera é especialmente útil:

"Monte um cronograma de estudos de [x semanas] para a reta final do Enem, com foco em revisão e resolução de exercícios, otimizando 4 horas diárias e priorizando [disciplinas com maior dificuldade]."

 Rodrigo Fernandes/TechTudo Cronograma de estudos feito no Excel — Foto: Rodrigo Fernandes/TechTudo

Andrade alerta para que o cronograma não seja genérico, mas atenda às necessidades do estudante, o que indica em quais disciplinas ele tem facilidade e dificuldade.

“O ideal é que ele seja construído a partir de um diagnóstico real do aluno, considerando suas capacidades, facilidades, dificuldades e também a carreira pretendida. Além disso, é importante que inclua blocos de exercícios com revisão espaçada, treinos direcionados e um planejamento específico para a redação, contemplando repertórios temáticos”, complementa.

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