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Menos celular e rede social, muita IA: como crianças usam internet em 2025

  • Caiu o nº de crianças e adolescentes com celular e também...
  • ... Diminuiu a quantidade de pessoas de 9 a 17 anos que usam redes sociais.

O que pode estar ocorrendo é uma migração da atenção para outras plataformas. Pela primeira vez, o Cetic.br averiguou o nível do uso de inteligência artificial e descobriu que:

  • Dois terços das crianças e adolescentes usam ferramentas de IA generativa, aquela capaz de gerar conteúdo parecido com o criado por seres humanos. E fazem isso para coisas tão diversas quanto estudar ou pedir conselho para problemas emocionais.

Mas não é só isso.

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Vamos começar com o celular. Usado por 96% de crianças e adolescentes, o aparelho continua sendo a principal porta de entrada para a internet. Mas algo está mudando, já que:

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  • Em 2024, 81% deles eram donos de um desses dispositivos, mas...
  • ... Esse número caiu para 77% em 2025. A queda foi puxada porque...
  • ... A posse do celular entre as crianças menores despencou: na faixa dos 9 a 10 anos, donos de smartphones eram 67% do total; passaram a 55%; dos 11 a 12 anos, foi de 79% para 69%. E...
  • ... Para Luísa Adib, coordenadora da TIC Kids, a situação já indica uma tendência, que pode ser o desdobramento de dois movimentos...
  • ... O primeiro deles é a lei, sancionada pelo presidente Lula em janeiro deste ano, que baniu os celulares nas escolas já a partir de 2025...
  • ... O segundo é a intensificação da discussão sobre os malefícios da presença do público infantojuvenil em determinados espaços online --Antes do vídeo-bomba do youtuber Felca sobre adultização, o assunto já estava quente; depois dele, o ECA Digital deslanchou, virou lei e mais mudança na vida digital virá por aí. Só que...
  • ... O refluxo do celular, sobretudo o seu banimento das instituições de ensino, pode ser a explicação para outro fenômeno, já que...
  • ... Despencou a proporção da garotada que usa internet nas escolas, de 51% (2024) para 37% do total (2025). Quanto a isso...
  • ... Luísa faz uma ponderação: a queda pode estar relacionada à falta de computador ou acesso decente à internet nos colégios. Pode ser, mas...
  • ... Os computadores já estão há tempos longe do topo das preferências na hora de crianças e adolescentes se conectarem. Em 2025, só 18% disseram usá-los uma vez por mês. Por outro lado, as TVs são usadas por 37% deles várias vezes por dia, seja para exibir vídeos ou algum conteúdo na internet.
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Agora, as redes sociais. O ceticismo em relação ao celular pode ter contaminado o humor em relação a elas, que eram até então as plataformas queridinhas do público infantojuvenil. É claro que o comportamento varia conforme a idade, mas o ranço vale para todas as faixas:

  • 15 a 17 anos: o número de usuários das redes vem caindo desde 2023, quando atingiu pico, e agora é o mais baixo já registrado pela série histórica; ainda assim, 89% do total usam as redes;
  • 13 a 14 anos: o volume de adeptos ficou estacionado pelo segundo ano consecutivo em 89% do total;
  • 11 a 12 anos: depois de atingir o pico em 2021, quando 76% estavam nas redes, a proporção vem caindo e, em 2025, chegou a 63%;
  • 9 a 10 anos: a fuga dessa faixa etária foi grande, já que, em 2024, 47% deles estavam nas redes e, em 2025, eram só 33%.

Fora isso, as crianças e jovens remanescentes passaram a acessar as plataformas com menos intensidade. Isso aconteceu no WhatsApp, Instagram, Discord, X e Facebook ?esta última teve o tombo mais significativo: mais da metade foi debandou da rede social de Mark Zuckerberg. Por outro lado, a frequência cresceu ?ainda que ligeiramente? no YouTube e bastante no TikTok, que passa a ameaçar a terceira posição do Instagram. WhatsApp e YouTube ainda são líderes entre os usuários até 17 anos.

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Imagem: ARTE/UOL
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Em paralelo ao muxoxo com os smartphones e as redes sociais, há na praça um novo tipo de plataforma tecnológica chegando com força pra dominar a cena. São as ferramentas de IA generativa. Quando o uso delas é confrontado com a adoção das redes sociais, não é exagero constatar que estamos diante de um processo de transferência do posto de serviço tecnológico hegemônico.

Quer ver? Alguns indicativos:

  • Por faixa etária, a proporção de uso da IA generativa ficou assim: 42% do total entre quem têm de 9 a 10 anos, 62% para 11 a 12 anos e 75% entre os de 13 a 17 anos. Isso quer dizer que, para todas as idades, já há mais usuários de IA que do adeptos do Facebook (8%), Discord (6%) e X (3%).
  • De modo geral, há entre os adolescentes com idade entre 13 e 17 anos mais adeptos da IA generativa (75%) do que usuários do YouTube.

Além de mensurar o nível de interação com a IA pela primeira vez, o Cetic.br coletou dados das atividades preferidas do público infantojuvenil. E, nesse sentido, as buscas online com IA são um fenômeno. Há mais adolescentes de 13 a 14 usando chatbot de IA pra isso (68%) do que acessando o TikTok (64%). Entre as criança de 11 a 12 anos, há mais adeptas às pesquisas online com IA (56%) do que usuárias do Instagram (46%).

Alguns usos, como a criação de conteúdo, acendem o sinal amarelo. Se essa atividade não andar de mãos dadas com um certo nível de responsabilidade, é uma avenida aberta para geração de imagens e vídeos para lá de dolorosos para as pessoas retratadas. Os vários casos de estudantes criando "deepnudes" de suas colegas de classe são exemplo disso.

A luz vermelha é disparada com força quando se constata que, de crianças de 9 a 10 anos (4%) a adolescentes de 15 a 17 (16%), todos já recorrem a ChatGPT e similares para conversar sobre problemas pessoais e emocionais. Essas plataformas não foram construídas para isso, mas desenrolam tão bem um falatório envolvente que até adultos acreditam estar conversando com um amigo. Não estão.

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A TIC Kids chega justamente no momento em que o Brasil está para estabelecer faixas de idade adequada para usar IA, graças a uma mudança da classificação indicativa. O estabelecimento de idade para acessar redes sociais e IAs tem acontecido no mundo todo e, se nada mudar, já tem data para desembarcar no Brasil: março de 2026, quando os efeitos do ECA Digital passarem a valer.

DEU TILT

Toda semana, Diogo Cortiz e Helton Simões Gomes conversam sobre as tecnologias que movimentam os humanos por trás das máquinas. O programa é publicado às terças-feiras no YouTube do UOL e nas plataformas de áudio. Assista ao episódio da semana completo.

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