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Michelle Bolsonaro critica apoio a Ciro Gomes, contraria aliados e expõe racha na direita do Ceará

A ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro (PL) desautorizou as negociações para apoio a uma possível candidatura de Ciro Gomes (PSDB) no Ceará, constrangeu líderes bolsonaristas no estado e expôs um racha na base do ex-presidente Jair Bolsonaro.

Michelle foi a Fortaleza neste domingo (30) para participar do lançamento da pré-candidatura do senador Eduardo Girão (Novo). Ele se lançou na disputa ao Governo do Ceará em oposição ao governador Elmano de Freitas (PT), que deve concorrer à reeleição no próximo ano.

Em discurso, Michelle afirmou que a aproximação do PL com Ciro Gomes era precipitada e defendeu que a direita se una em torno do nome de Girão. A ex-primeira-dama ainda repreendeu os líderes bolsonaristas do Ceará, citando o deputado federal André Fernandes (PL) e o deputado estadual Carmelo Neto (PL).

"Tenho orgulho de vocês, mas fazer aliança com o homem que é contra o maior líder da direita, isso não dá. Nós vamos nos levantar e trabalhar para eleger o Girão. Essa aliança vocês se precipitaram em fazer", afirmou Michelle aos parlamentares, que estavam presentes no evento.

Ela ainda afirmou que a presença dos parlamentares no ato significava o respaldo à candidatura de Girão ao governo: "Todos que estão aqui estão fechados com o Girão, porque senão não estariam aqui".

Contrariado, André Fernandes falou à imprensa após o ato político e criticou a postura da ex-primeira-dama. Afirmou que o acordo com Ciro teve o aval de Jair Bolsonaro (PL), que cumpre pena de 27 anos por tentativa de golpe de Estado.

Ele citou uma reunião que teve com Bolsonaro em 29 de maio. Na ocasião, o ex-presidente teria falado por telefone com Ciro Gomes e sinalizado apoio uma possível candidatura ao governo.

O acordo, segundo Fernandes, também foi respaldado pelo presidente nacional do PL, Valdemar Costa Neto. A estratégia, contudo, envolvia evitar um posicionamento público de Bolsonaro sobre a aliança com o antigo adversário.

Nesta segunda-feira (1º), o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), filho do ex-presidente, criticou a ex-primeira-dama pelas declarações e afirmou que ela agiu de maneira autoritária e constrangedora no ato político em Fortaleza.

"Michelle atropelou o próprio presidente Bolsonaro, que havia autorizado o movimento do deputado André Fernandes no Ceará. E a forma com que ela se dirigiu a ele, que talvez seja nossa maior liderança local, foi autoritária e constrangedora", disse o senador ao jornal O Povo.

Seus irmãos Eduardo e Carlos endossaram seu posicionamento e criticaram Michelle.

"Não vou entrar no mérito de ser um bom ou mal acordo, foi uma posição definida pelo meu pai. André não poderia ser criticado por obedecer ao líder", afirmou Eduardo em uma rede social.

Carlos Bolsonaro escreveu que o irmão mais velho está certo. "Temos que estar unidos e respeitando a liderança do meu pai, sem deixar nos levar por outras forças!"

As articulações para uma possível aliança entre o PL e Ciro Gomes no Ceará começaram em maio deste ano, ocasião em que o ex-ministro se reuniu com deputados estaduais de oposição ao governador Elmano de Freitas.

Na época, Ciro sinalizou pela primeira vez que toparia uma possível candidatura ao governo e declarou apoio a uma provável candidatura ao Senado do deputado estadual e pastor Alcides Fernandes (PL), pai de André Fernandes.

Ciro trocou o PDT pelo PSDB em outubro, sinalizando disposição para entrar na disputa pelo governo. Para isso, tem trabalhado pela unidade entre os partidos da oposição, incluindo o PL.

O movimento vinha sendo maturado desde o ano passado, quando seus principais aliados apoiaram André Fernandes (PL) no segundo turno da disputa pela prefeitura de Fortaleza.

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