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Militar se entrega após decisão de Moraes, e engenheiro foragido se defende em rede social

Único foragido entre dez condenados pela trama golpista que se tornaram alvos de mandados de prisão domiciliar expedidos na última semana, o presidente do Instituto Voto Legal, Carlos César Moretzsohn Rocha, utilizou as redes sociais para se defender das acusações de ter ajudado a espalhar desinformação contra as urnas eletrônicas.

Em três publicações feitas no perfil do LinkedIn do engenheiro na segunda-feira (29), após ele ter sido procurado pela Polícia Federal, Rocha agradeceu a manifestações de apoio e afirmou, em uma das mensagens, que a PGR (Procuradoria-Geral da República) teve posições contraditórias no julgamento da trama golpista.

Rocha se tornou o único nome ainda procurado pela PF após o tenente-coronel do Exército Guilherme Marques Almeida se entregar à Polícia Federal, no domingo (28), ao desembarcar no aeroporto de Goiânia.

A defesa de Rocha afirmou que ele se mudou da casa em São Paulo alvo da busca da PF e não informou o novo endereço. Também disse que não sabe se o próprio engenheiro fez as publicações no seu perfil na rede social.

O ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), apontou o risco de fuga para o exterior como "modus operandi" para determinar no sábado (27) a prisão domiciliar de dez condenados pela trama golpista.

Como exemplo, ele citou os casos de Alexandre Ramagem, ex-chefe da Abin (Agência Brasileira de Inteligência) no governo de Jair Bolsonaro (PL), e de Silvinei Vasques, ex-diretor da PRF (Polícia Rodoviária Federal).

A decisão de Moraes foi tomada um dia depois da tentativa de fuga de Silvinei. Ele foi detido no Paraguai na sexta-feira (26), quando tentava embarcar em um voo para El Salvador utilizando um passaporte falso. O ex-diretor da PRF levava uma carta, na qual dizia ter câncer no cérebro e não conseguir escutar ou falar e que viajaria para fazer um tratamento médico.

Rocha foi um dos réus do chamado "núcleo 4" da trama golpista investigada pelo STF, relacionada a tentativas de questionar o resultado eleitoral e disseminar desinformação sobre as urnas eletrônicas de 2022.

Uma publicação feita pelo perfil de Rocha no LinkedIn afirma: "O PGR fez uma avaliação muito positiva do nosso relatório técnico e da minha qualificação profissional na acusação ao Núcleo 1". Depois, afirma que "em absoluta contradição, o mesmo PGR afirmou exatamente o contrário na acusação ao Núcleo 4".

O Instituto Voto Legal foi contratado pelo PL, partido do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), para auditar as eleições de 2022. Para a PGR, porém, o engenheiro produziu e divulgou um relatório técnico que serviu de base para ações que buscavam anular votos, ações que faziam parte do esquema de ataque às urnas e o processo eleitoral.

Em outubro, a Primeira Turma do STF condenou Rocha a 7 anos e 6 meses de prisão por organização criminosa armada e tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito no contexto desse caso.

Rocha e seus advogados afirmam que o trabalho do instituto teria caráter técnico e de auditoria, sem intenção política de deslegitimar as urnas eletrônicas, e que o relatório não afirmava fraude, apenas trazia observações técnicas.

Ao Painel, Rocha disse que vive "momento difícil", e não quis dar declarações sobre o fato de ser considerado foragido.

Em nota, a defesa de Guilherme Marques Almeida disse que o militar sempre colaborou com a Justiça e compareceu a todos os atos processuais. Ainda afirmou que a decisão de prisão domiciliar é uma medida desnecessária e que "em momento oportuno" irá se manifestar no processo.

Além de Rocha, os outros nomes alvos de prisão domiciliar são: Ailton Gonçalves Moraes Barros, ex-major do Exército; Ângelo Denicoli, major da reserva do Exército; Bernardo Romão Corrêa Netto, coronel do Exército; Fabrício Moreira de Bastos, coronel do Exército; Filipe Martins, ex-assessor de Jair Bolsonaro para assuntos internacionais.

Também foram colocados em prisão domiciliar Giancarlo Rodrigues, subtenente do Exército; Guilherme Marques Almeida, tenente-coronel do Exército; Marília Alencar, ex-diretora de Inteligência do Ministério da Justiça; e Sérgio Ricardo Cavaliere de Medeiros, tenente-coronel do Exército.

O ex-diretor da PRF foi transferido para Brasília no sábado para cumprir prisão preventiva. Ele está preso na Papudinha, unidade da Polícia Militar no Distrito Federal. A defesa pede a transferência de Silvinei para Santa Catarina, medida ainda não avaliada por Moraes.

A defesa de Silvinei tinha solicitado que ele fosse levado para Papudinha, caso Moraes negasse o pedido para que o ex-diretor da PRF fosse mantido preso em Santa Catarina, preferencialmente em São José ou Florianópolis, onde possui "vínculos familiares, sociais e profissionais consolidados".

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