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Ministério da Inteligência de Israel recomenda remanejar palestinos de Gaza para o Sinai após a guerra

A recomendação de transferência forçada de 2,2 milhões de habitantes de Gaza para acampamentos no Sinai está descrita num documento de 10 páginas, divulgado na semana passada pelo site de notícias econômico “Calcalist” e reproduzido depois pelos principais jornais israelenses.

Essas “cidades de barracas” construídas para absorver a população expulsa, que não teria a opção de retornar ao território israelense, seriam transformadas em cidades permanentes no norte do Sinai. Ali seria implementada também, de acordo com o documento, uma zona tampão de alguns quilômetros de extensão, que impediria que os refugiados se aproximassem da fronteira de Israel.

Uma migração populacional forçada geraria, por consequência, a condenação internacional a Israel. Paralelamente à expulsão, específica à proposta do ministério israelense, o governo mobilizaria o apoio de outros países, especialmente os EUA, para levar o seu plano adiante.

Faltou, porém, combinar com os egípcios. O presidente Abdel Fattah El-Sisi descartou, de antemão, absorver a população palestina oriunda de Gaza e recebeu a promessa do presidente Joe Biden, durante a visita que fez à região, de que não haveria deslocamentos de refugiados para o Egito. Os EUA também se opõem à ideia de remanejamento populacional, segundo expressou também o secretário de Estado Antony Blinken em seu périplo pelos países árabes.

Sisi sequer aceita a possibilidade de abrir a fronteira de Rafah para a saída de cidadãos estrangeiros que estão retidos no território e querem fugir da ofensiva israelense, como o grupo de 28 brasileiros que o governo tenta retirar de Gaza.

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“Transferir refugiados da Faixa de Gaza para o Sinai equivaleria a realocar a sua resistência e transformar a área numa plataforma de lançamento para operações contra Israel, além de conceder a Israel o direito de se defender, conduzindo ataques em terras egípcias”, argumentou o presidente. Ele disse mais: o país já enfrenta a sua própria resistência islâmica no Sinai e rejeita qualquer política de deslocamento de Israel “de resolver a causa palestina às custas de seus vizinhos”.

A recomendação de realocar a população palestina para o Egito é antiga e nunca evoluiu para a concretização. Em 2004, enquanto o então premiê israelense Ariel Sharon arquitetava a saída unilateral de Gaza, elaborou uma iniciativa que ficou conhecida como Plano Eiland — batizado assim em homenagem ao major Giora Eiland, que era chefe do Conselho de Segurança Nacional.

A proposta visava também à transferência de palestinos de Gaza para o Sinai, em um território cedido pelo Egito, que receberia em troca uma área no sudeste de Israel para a construção de um túnel ligando o Egito à Jordânia. O então presidente, Hosni Mubarak, recusou a ideia.

A versão atual do plano foi sugerida pelo Ministério da Inteligência, que é liderado por Gila Gamliel, do Likud, partido do premiê Benjamin Netanyahu, e tem expressão limitada no governo.

Ao jornal “Haaretz”, o gabinete do primeiro-ministro negou que a “questão do dia seguinte”, referindo-se ao futuro de Gaza, seja debatida pelo governo: “Israel está focado agora na eliminação das capacidades governamentais e militares do Hamas.” Seja ou não um balão de ensaio para testar a opinião pública, a proposta de realocar palestinos renasce fadada, mais uma vez, ao fracasso.

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