3 horas atrás 2

Missão, partido do MBL, se opõe a Novo e bolsonarismo: 'Não somos a mesma direita dos caras'

Com o registro aprovado pelo TSE nesta terça-feira (4), o Missão, partido ligado ao MBL, pretende lançar candidatura à Presidência, mira governos estaduais e rejeita alianças com o bolsonarismo e com o Novo, ampliando a disputa partidária pelo eleitor brasileiro de direita.

"[Os partidos da direita] estão sendo oposição ao governo Lula lutando pela anistia [a Bolsonaro]", disse à Folha Renan Santos, futuro presidente da sigla, ao comentar a aprovação do novo partido. Ele critica o que avalia como falta de propostas no campo ideológico. "Não somos a mesma direita que os caras."

O MBL já havia rompido com Bolsonaro ainda durante seu mandato. Nas eleições para a Presidência da Câmara em 2021, na pandemia de Covid-19, o deputado Kim Kataguiri (União-SP) lançou candidatura com a pauta única de impeachment do então presidente. Embates entre membros do MBL e bolsonaristas são frequentes nas redes.

Oficializado, Renan mantém críticas ao grupo e ao partido Novo. Ele diz que o Missão mira o público jovem descontente com o governo e identifica no eleitorado liberal-conservador espaço para crescer.

"O Novo aposta nas ‘tias do Zap’ do Bolsonaro. A gente aposta no millennial pistola e na geração Z", afirma.

"[Os bolsonaristas] estão sendo oposição ao governo Lula falando de anistia. Nós estamos falando de desfavelização e classificação de facções como terroristas [proposta defendida por Donald Trump]. O Nikolas [Ferreira] tem uma posição sobre desfavelização? Agora, depois de pautarmos o assunto", diz o dirigente, citando o deputado do PL de Minas Gerais.

O termo "desfavelização" ganhou força nas redes com vídeos feitos com inteligência artificial que mostram favelas reurbanizadas. No Instagram, Renan associa o tema à "falta de autoridade do Estado para reprimir invasões".

A Folha procurou Nikolas e o Novo, mas não obteve resposta.

Renan afirma que o Missão buscará candidatos alinhados à agenda do grupo e que não pretende atrair nomes conhecidos de outras siglas. "Para receber alguém do centro ou da direita, o futuro candidato teria de se comprometer com nossa agenda e se retratar", afirma.

Nas redes sociais e no YouTube, alguns integrantes do grupo têm destaque na defesa da agenda do MBL, como os influenciadores Paulo Cruz e Ricardo Almeida, e há expectativa que sejam alguns dos nomes a serem lançados. Nas páginas do grupo, o MBL declara ter 1.100 colaboradores.

Para o professor André Borges Carvalho, da UnB, a onda anticorrupção e a Lava Jato, que impulsionaram o MBL a partir de 2014, perderam força. Ele vê uma direita dividida entre bolsonaristas e um campo conservador pró-mercado.

"Lula, quando foi preso, conseguiu manter o controle do PT e tinha uma estrutura partidária com ele. O Bolsonaro não comanda o PL, nunca comandou". Contudo, ele avalia que uma candidatura de direita viável ainda precisa buscar os votos do eleitor do ex-presidente.

Renan rejeita a avaliação de que a iniciativa pode favorecer a esquerda ao dividir a direita. "Se um cara está pensando isso, deve pensar que eu não deveria ter feito oposição a Bolsonaro no passado", diz. "Vox populi não é vox Dei [a voz do povo não é a voz de Deus]."

Ele também descarta acordos regionais com bolsonaristas. "Acho o Tarcísio um puxa-saco do Bolsonaro", afirma.

A coleta das 589 mil assinaturas foi financiada, segundo o grupo, por meio da venda de uma coleção de livros com propostas do partido. Renan preferiu não informar quanto arrecadou, mas estimou que o custo para cada assinatura enviada ao TSE ficou entre R$ 2 e R$ 3.

O MBL surgiu há 11 anos, no rescaldo dos protestos de 2013, e elegeu representantes por outros partidos, como o União Brasil. O movimento foi abalado em 2022 após a divulgação de um áudio misógino do então deputado estadual Arthur do Val, o Mamãe Falei, que terminou cassado.

Leia o artigo inteiro

Do Twitter

Comentários

Aproveite ao máximo as notícias fazendo login
Entrar Registro