Mamdani assume o cargo mais alto da maior cidade dos EUA no próximo dia 1º de janeiro.
A conquista eleitoral foi construída com propostas à esquerda das de seu próprio partido e vídeos nas redes sociais --- foi pelo Tiktok que ele anunciou, enquanto corria uma maratona, que se candidataria nas primárias democratas à prefeitura de Nova York.
Carismático, Mamdani abocanhou não só a vitória nas primárias democratas, que ocorreu semanas depois de seu anúncio, derrotando o experiente ex-governador nova-iorquino Andrew Cuomo, derrotado novamente após decidir concorrer à prefeitura como candidato independente.
“Eu mal havia ouvido falar de Mamdani, e não sabia que ele ia concorrer à prefeitura até ele aparecer no 'feed' do meu Instagram e Tiktok”, disse o escritor nova-iorquino Chris Hayes, autor do livro de política norte-americana “O Canto da Sereia”, sobre narrativas políticas para ganhar atenção dos eleitores, a um podcast do jornal "The New York Times".
A estratégia nas redes sociais, com vídeos irreverentes e referências do cinema moderno e até de Bollywood, não foi a única responsável pela ascensão meteórica em meses de Mamdani. Seu histórico e sua agenda política também o ajudaram.
Mamdani é também muçulmano e frequentemente fala sobre sua fé, algo encarado como tabu na cidade, devido aos atentados de 11 de setembro de 2001. Em discurso no fim de outubro, ele afirmou que não viveria mais "nas sombras".
Zohran Mamdani, em evento de campanha em NY — Foto: Ryan Murphy/Reuters
A candidatura de Mamdami causou um terremoto no Partido Democrata. Andrew Cuomo, de 67 anos e então nome natural da sigla para a prefeitura nova-iorquina após comandar por dez anos o estado de Nova York, decidiu se lançar como candidato independente.
Trump, aliás, é o único político norte-americano que conseguiu aplicar com sucesso a mesma estratégia de redes sociais que Mamdani usa, diz o escritor Chris Hayes. Ambos, segundo Hayes, conquistaram eleitores com discursos afiados e explorando de forma certeira suas redes sociais.
Os vídeos de Mamdani no Tiktok, onde ele tem 1,6 milhão de seguidores, já conquistaram 23,6 milhões de curtidas.
Nascido na Uganda, criado em NY
Já Mamdani é o perfil de alvos atuais do governo Trump: nascido em Kampala, capital de Uganda, o jovem de 34 anos imigrou para os Estados Unidos aos 7 anos.
Ele é filho de mãe indiana — a cineasta Mira Nair, conhecida no meio do cinema independente e premiada nos festivais de Cannes e Veneza — e pai ugandês.
Mas Zohran Kwame Mamdani foi criado em Nova York. Por isso, além de ser fluente em seis idiomas — inglês, hindi, bengali, urdu, árabe e espanhol —, sabe falar a "linguagem" nova-iorquina. Para angariar votos, por exemplo, entendeu como conquistar um valioso eleitorado que se situa longe dos extremos de pobreza e riqueza da cidade.
Ao longo da corrida eleitoral, as pesquisas apontavam o democrata como favorito incontestável entre nova-iorquinos que trabalham e têm poder de compra, mas que enfrentam dificuldades por conta do alto custo de vida de Nova York, principalmente o de moradia.
Crise imobiliária como plataforma
Cartaz de apoio a Zohran Mamdani em Nova York — Foto: Ryan Murphy/Reuters
O preço dos aluguéis e a escassez de residências são problemas generalizados na cidade mais populosa dos Estados Unidos – o que faz com que, além de ter um perfil progressista e receptivo a pautas do gênero, os eleitores de Mamdani também sintam na pele a crise habitacional.
Em junho, o aluguel médio em Nova York superou, pela primeira vez, o valor de US$ 4 mil (cerca de R$ 21,8 mil), segundo o site imobiliário StreetEasy. O valor é mais que o dobro da média das cidades norte-americanas.
Mamdani propôs congelar o preço dos aluguéis para dois milhões de inquilinos na cidade e construir novas moradias, em um discurso apontado como a grande alavanca de sua campanha, feita em grande parte pelo Tiktok.
Ele defendeu ainda taxar progressivamente grandes fortunas — mas, segundo o jornal "The New York Times", se mostrou aberto a negociar a respeito.
“Francamente, eu não acho que deveríamos ter milionários”, disse o democrata durante sua campanha, em uma crítica direta aos maiores doadores do Partido Democrata.
Em seus vídeos e em atos de campanha, Mamdani não hesita em desafiar orientações de sua sigla. É bastante crítico, por exemplo, das ações de Israel na Faixa de Gaza, tocando em um ponto sensível para a grande população de judeus nova-iorquinos, eleitores clássicos democratas.
Ao "New York Times", líderes conservadores e democratas descreveram Mamdani como sendo muito de esquerda para atrair eleitores fora da cidade de Nova York, um reduto democrata. Seus adversários trataram as suas ideias como pouco realistas e perigosas do ponto de vista fiscal.
O discurso acabou gerando abalos na ala mais tradicional da sigla, como no atual prefeito de Nova York, Eric Adams, que apoiou Andrew Cuomo.
“Mamdani não respeita o Departamento de Polícia de Nova York (NYPD) e não trata a sua segurança como uma verdadeira prioridade”, disse Adams, também ex-policial. A segurança, aliás, foi a principal bandeira de Cuomo — ele propôs, por exemplo, aumentar o número de policiais nas ruas.
Os apoiadores de Cuomo, que concorreu com o slogan de campanha "Diga não a Zo [do primeiro nome do adversário, Zohran]", chamam Mamdani de "extremista islâmico". Cuomo fez pouco para desencorajá-los —disse não ser responsável pelas palavras de terceiros—, o que gerou acusações de que sua campanha abraçou a islamofobia.
Apoiado por doadores bilionários, Cuomo pressionou o terceiro candidato da disputa, Curtis Sliwa, de 71 anos, do Partido Republicano, a desistir da eleição —a ideia era aumentar as chances de vencer a eleição. Sliwa se recusou.
Para os republicanos, aliás, o discurso afiado do candidato democrata virou um prato cheio. Mamdani se tornou um dos principais alvos de ataques de trumpistas feitos nas redes sociais, principalmente nas últimas semanas, com a aproximação da votação.
Zohran Mamdani discursa ao lado de lideranças muçulmanas em centro islâmico no Bronx, em Nova York — Foto: Ted Shaffrey/ AP
Sobre os ataques dos adversários, Mamdani disse, no mesmo discurso de 24 de outubro, no Centro Islâmico do Bronx:

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