Na última hora, Trump declara apoio a ex-democrata para prefeito de NY e ameaça restringir verbas federais se Mamdani vencer eleição

Trump também chamou Mamdani de "comunista" novamente e voltou a ameaçar restringir o acesso da cidade a verbas federais caso o democrata confirme o favoritismo e seja eleito para comandar a maior cidade dos EUA.

A eleição ocorre oficialmente nesta terça (4), mas a cidade permite o voto adiantado, e muitos eleitores já foram às urnas.

No texto, Trump desencorajou o voto no candidato de seu próprio partido ao posto: "Também precisamos lembrar disto: um voto em Curtis Sliwa (que fica muito melhor sem a boina!) é um voto em Mamdani. Independentemente de você gostar ou não de Andrew Cuomo, você realmente não tem escolha. Você precisa votar nele e torcer para que ele faça um trabalho fantástico. Ele é capaz disso, Mamdani não!".

Trump já havia feito alegações semelhantes em uma entrevista no último domingo (3) ao programa "60 Minutes", da rede de TV CBS.

Embora Nova York seja a cidade mais famosa dos Estados Unidos, raramente a eleição para a prefeitura local, que ocorre na terça-feira (4), recebe atenção mundial.

Isso até Zohran Mamdani, de 34 anos, até então pouco conhecido deputado estadual socialista, anunciar, pelo Tiktok e enquanto corria uma maratona, sua candidatura a prefeito, no início de junho, semanas antes das primárias do Partido Democrata.

Carismático e com linguagem direta e informal, ele abocanhou não só a vitória nas primárias democratas, derrotando o experiente ex-governador nova-iorquino Andrew Cuomo, com 56% dos votos. Mamdani também se tornou assunto único e a grande promessa de renovação do Partido Democrata —que governa Nova York desde 2014.

A candidatura de Mamdami causou um terremoto no Partido Democrata. Derrotado nas primárias, Cuomo, de 67 anos, decidiu se lançar como candidato independente —na semana passada, recebeu apoio do atual prefeito Eric Adams, que desistiu de disputar a reeleição (leia mais abaixo).

É muçulmano e declaradamente de esquerda. Sobre a sua fé, disse, em discurso, em 24 de outubro, que não viveria mais "nas sombras". "O sonho de todo muçulmano é simplesmente ser tratado da mesma forma que qualquer outro novaiorquino. No entanto, por muito tempo, nos disseram para pedir menos do que isso e para nos contentarmos com o pouco que recebemos. Chega."

A atenção que Mamdani conseguiu em sua cidade, no país e no mundo, diz Hayes, usa uma estratégia que apenas outro político norte-americano conseguiu aplicar com sucesso: Donald Trump.

➡️ Ambos, segundo o escritor, conquistaram eleitores com discursos afiados e explorando de forma certeira suas redes sociais. Os vídeos de Mamdani no Tiktok, onde ele tem 1,6 milhão de seguidores, alcançaram 23,6 milhões de curtidas, por exemplo.

A grande diferença é o espectro em que cada um se encontra.

Trump se elegeu com promessas de caçar e expulsar imigrantes em situação irregular nos EUA, o que ele vem cumprindo.

Nascido em Kampala, capital de Uganda, o jovem de 34 anos é filho de mãe indiana — a cineasta Mira Nair, conhecida no meio do cinema independente e premiada nos festivais de Cannes e Veneza — e pai ugandês.

Mas Zohran Kwame Mamdani foi criado em Nova York e, além de ser fluente em seis idiomas — inglês, hindi, bengali, urdu, árabe e espanhol —, fala a "língua" nova-iorquina. Para angariar votos, entendeu como conquistar um valioso eleitorado que se situa longe dos extremos de pobreza e riqueza da cidade.

Segundo pesquisas de intenção de voto, Zohran Mamdani é o favorito incontestável entre nova-iorquinos que trabalham e têm poder de compra, mas enfrentam dificuldades por conta do alto custo de vida de Nova York, principalmente o de moradia.