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'Não queremos ser americanos', diz premiê da Groenlândia após nova investida de Trump

"Nós não queremos ser americanos nem dinamarqueses, nós somos groenlandeses. Os americanos e o seu líder precisam de entender isto. Não estamos à venda e não podemos simplesmente ser tomados. O nosso futuro é decidido por nós, aqui na Gronelândia", afirmou Egede em referência à fala de Trump.

A declaração de Egede veio após o presidente dos EUA, Donald Trump, reiterar seu interesse em assumir o controle da ilha do Ártico durante discurso do Estado da União no Congresso dos EUA, na terça-feira (4). Durante seu forte discurso e que abrangeu diferentes temas geopolíticos e de política interna, Trump disse que os EUA obterão controle da Groenlândia "de um jeito ou de outro".

Em um momento durante seu discurso, Trump se dirigiu aos 56 mil habitantes groenlandeses, chamou-os de "incríveis", disse "apoiar fortemente" o direito de determinar o próprio futuro e que os EUA os receberão caso escolham ser incorporados pelos americanos.

Localizada no Ártico, a Groenlândia é a maior do mundo e é um território autônomo da Dinamarca. Sua população é composta por uma maioria do povo Inuit.

"Precisamos da Groenlândia para a segurança nacional e até mesmo para a segurança internacional. Estamos trabalhando com todos os envolvidos para tentar obtê-la. Realmente precisamos dela para a segurança global e acho que vamos obtê-la. Vamos obtê-la de um jeito ou de outro", disse Trump no Capitólio.

A fala de Trump também causou outras reações. O ministro da Defesa da Dinamarca, Trouls Lund Poulsen, disse que à imprensa estatal que "isso não acontecerá" e que "a direção que a Groenlândia desejar tomar será decidida pelos groenlandeses".

Discurso do Estado da União

O presidente Donald Trump entra no plenário da Câmara dos EUA antes de discursar em uma sessão conjunta do Congresso no Capitólio dos EUA em 4 de março de 2025, em Washington, DC. — Foto: Win McNamee/Pool via REUTERS

Em um longo discurso de 1 hora e 40 minutos, o republicano fez um balanço das seis primeiras semanas de seu novo governo.

Listou medidas tomadas nesse período, como o avanço das deportações, a mudança do nome do Golfo do México para o Golfo da América, a saída dos Estados Unidos da Organização Mundial da Saúde e a revogação de regulações ambientais postas em prática pela administração anterior.

Trouxe anúncios na área econômica, como a imposição de tarifas recíprocas para países a partir de abril e medidas de fomento à indústria naval dos Estados Unidos.

Essa foi a primeira menção amigável de Trump a Zelensky após o bate-boca entre os dois líderes na última sexta-feira (28).

Tom combativo e "resgate do sonho americano"

A sessão conjunta, que contou com a presença de congressistas, juízes da Suprema Corte, oficiais das Forças Armadas, o secretariado de Trump e a primeira-dama Melania Trump, começou tumultuada.

Após gritar duramente contra Trump, o deputado democrata Al Green, do Texas, foi retirado do plenário do Capitólio pelo presidente da Câmara dos Representantes, Mike Johnson.

O deputado Al Green (D-TX) é escoltado para fora após gritar durante o discurso do presidente Donald Trump em uma sessão conjunta do Congresso, no plenário da Câmara do Capitólio dos EUA, em Washington, D.C., em 4 de março de 2025 — Foto: REUTERS/Kevin Lamarque

O presidente norte-americano manteve um tom combativo, atacando abertamente a administração de Joe Biden, a quem chamou de "pior presidente da história dos EUA". Também efetuou ataques a outros membros proeminentes do partido democrata, como a senadora Elizabeth Warren e Stacey Abrams.

Usando da temática já explorada na campanha eleitoral de retornar "a América a era de ouro", o republicano resgatou ideias tidas como controversas, como a retomada do controle do Canal do Panamá e a incorporação da Groenlândia ao território norte-americano.

O presidente também usou a tribuna do Capitólio para falar contra políticas de diversidade fomentadas pelo governo federal dos Estados Unidos, doméstica e internacionalmente.

"Nós acabamos com a tirania da chamada política de diversidade, equidade e inclusão de todo o governo federal. Nosso país não será mais 'woke' ", falou Trump.

A presença de Elon Musk nas galerias do Capitólio foi destacada pelo presidente republicano, que usou um trecho do seu discurso para agradecer o trabalho do bilionário à frente do Departamento de Eficiência Governamental (DOGE, na sigla em inglês).

Sob a liderança do homem mais rico do mundo, o DOGE vem desmontando agências governamentais, diminuindo o número de funcionários federais e adquirindo acesso a dados sensíveis do governo, gerando a reação de tribunais.

Em outro aceno a Musk, Trump disse, de maneira vaga, que irá colocar "a bandeira americana em Marte".

Elon Musk reage no dia do discurso do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, em uma sessão conjunta do Congresso, no plenário da Câmara do Capitólio dos EUA, em Washington, D.C., em 4 de março de 2025 — Foto: REUTERS/Evelyn Hockstein

Mais tarifas no horizonte

Outro ponto comentado pelo republicano em seu discurso é a política protecionista que vem determinando a relação comercial dos Estados Unidos com outras nações.

"Nós fomos roubados por décadas por todos os países da face da Terra, e não vamos deixar isso acontecer mais", Trump disse sobre as tarifas que está impondo a rivais e parceiros comerciais.

O Brasil foi citado por Trump como sendo um dos países que usam tarifas de maneira "injusta" contra os Estados Unidos.

Em média, a União Europeia, China, Brasil, Índia, México, Canadá e inúmeras outras nações nos cobram tarifas muito mais altas do que cobramos deles, o que é extremamente injusto", disse Trump.

Após ter anunciado na última segunda-feira (4) taxas de importação de 25% para México e Canadá, com vigor imediato, o presidente norte-americano ressaltou em seu discurso que irá estabelecer taxas recíprocas para todos os países a partir do mês que vem.

"No dia 2 de abril, entram em vigor tarifas recíprocas, e qualquer tarifa que nos impuserem, nós também imporemos a eles... qualquer imposto que nos cobrarem, nós os taxaremos. Se usarem barreiras não monetárias para nos manter fora de seus mercados, então usaremos barreiras não monetárias para mantê-los fora do nosso mercado".

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