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Negociações levaram à retirada da sobretaxa; e quem diz é o próprio Trump

Não se pode esquecer que elementos de cunho mais político do que comercial faziam parte entre os protagonistas das sanções aplicadas por Trump, mas foram sendo deixados de lado com o correr do tempo. Como isso seria possível sem negociações e troca de informações entre representantes dos dois governos?

Depois da imposição das tarifas recíprocas de 10%, aplicadas de quase todos os países, em abril, o Brasil foi objeto de sanções específicas, de 40%, em agosto, sob um rol de alegações não só comerciais. O país estaria sendo punido por promover "caça às bruxas" contra o ex-presidente Jair Bolsonaro e por restringir a liberdade de expressão.

"Violadores dos direitos humanos", como o ministro do STF Alexandre de Moraes, foram enquadrados nas sanções da Lei Magnitsky, enquanto outros juízes da Suprema Corte brasileira e autoridades do Executivo tiveram seus vistos de entrada nos Estados Unidos cassados.

Com o passar do tempo, porém, mesmo que sem notícias vindo a público, as negociações entre os governos brasileiro e americano nunca deixaram de prosseguir. Desses movimentos dos dois lados resultaram o "esbarrão" de Lula e Trump na ONU, a conversa telefônica entre os dois, na primeira semana de outubro, e o encontro presencial, em Kuala Lumpur, na Malásia, em fins do mês passado. Nesse meio tempo, enquanto Lula e Trump trocavam gentilezas e falavam em "química" entre eles, a "caça às bruxas" com Bolsonaro e as críticas a supostas restrições à liberdade de expressão foram riscadas da pauta de negociações.

Há razões de sobra para imaginar que o caminho para um acordo comercial entre Brasil e EUA seja relativamente longo. Com o recuo de Trump, 250 produtos exportados para o mercado americano deixaram de ser sobretaxadas, mas ainda há itens importantes da pauta de exportação do Brasil com restrições tarifárias nos Estados Unidos.

A liberação de café, carnes, outros produtos agrícolas e partes de aviões contrasta com a manutenção de sobretarifas de 40% adicionais à de recíproca de 10% para itens importantes das exportações brasileiras para os EUA, caso de máquinas, motores, calçados, móveis e pescado. Ao todo, segundo o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Geraldo Alckmin, 22% das exportações continuam prejudicadas pelo tarifaço.

Estes produtos, ao lado da revisão das sanções políticas a autoridades brasileiras, permanecerão na mesa de negociações. Ainda que exportadores brasileiros tenham mostrado capacidade de dar a volta por cima, remanejando embarques para outros mercados e mantendo, se não ampliando, as vendas dos produtos sobretaxados nos EUA, não é o caso de perder para sempre o mercado americano.

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