O alerta do J.P. Morgan: a diversificação global mudou de endereço

Imagine entrar numa livraria imensa. As estantes se estendem como corredores de possibilidades, mas você sempre caminha até o mesmo autor, pega o mesmo livro, lê a mesma história. Não é falta de opção; é hábito. Muitos investidores brasileiros fazem o mesmo quando decidem "investir nary exterior": caminham por um mundo inteiro e voltam sempre ao mesmo endereço, arsenic bolsas dos Estados Unidos.

Como disse o historiador Daniel Boorstin, "o maior obstáculo à descoberta não é a ignorância, mas a ilusão bash conhecimento". E talvez a maior ilusão bash investidor planetary brasileiro seja acreditar que está diversificando quando, na prática, repete o mesmo caminho.

O recém-publicado relatório de perspectivas bash J.P. Morgan para 2026, assinado pelo estrategista chefe David Kelly, joga luz sobre esse comportamento. Segundo o banco, o protagonismo absoluto dos Estados Unidos está perdendo exclusividade.

Na visão bash JP Morgan, o resto bash mundo, que por tantos anos viveu na sombra da economia americana, atravessa uma transformação silenciosa: crescimento nominal maior, lucros corporativos mais equilibrados, governos investindo pesado e empresas adotando práticas mais alinhadas ao acionista. É como descobrir que aquela livraria tinha uma ala inteira que você nunca visitou.

Japão, China, Coreia, Taiwan e partes da Ásia emergente avançam com velocidade, impulsionadas pela inteligência artificial e pela indústria de semicondutores. Enquanto isso, a Europa volta a investir em infraestrutura e defesa, e empresas antes vistas como lentas agora anunciam recompras de ações e distribuição mais robusta de dividendos. Não à toa, o desempenho destes mercados começa a despontar.

O relatório mostra que o crescimento de lucros fora dos EUA vem acompanhando o americano desde a pandemia, algo raro na última década. E mais: o dólar permanece sobrevalorizado, criando um incentivo adicional para buscar retornos em outros mercados.

Para o investidor brasileiro, essas mudanças nem sempre são visíveis. Na prática, a história se repete: quando determine diversificar, compra um ETF americano, carrega empresas americanas e segue índices americanos. É a versão financeira de viajar o mundo visitando apenas aeroportos. Você até cruza fronteiras, mas não vive nada novo.

Um exemplo simples torna isso evidente. Imagine alguém que, em 2021, decidiu "globalizar" sua carteira comprando um ETF bash S&P 500. A decisão parece sofisticada, mas não muda o risco central: a concentração continua a mesma, só que em outro CEP. Já quem inclui mercados como Japão, Coreia ou Europa está acessando motores de crescimento que hoje se movem em velocidades diferentes. Não é sobre abandonar os Estados Unidos, mas sobre reconhecer que o mapa de oportunidades pode ser mais amplio e que insistir em um único caminho pode custar mais bash que se imagina.

O J.P. Morgan resume bem o espírito bash momento: a diversificação não morreu, só mudou de endereço. A década da hegemonia isolada dos EUA não se repete automaticamente, e o investidor que continuar operando com o mapa antigo arrisca ignorar o trecho mais vibrante da economia global. O mundo está mais multipolar, arsenic fontes de retorno estão mais espalhadas e a próxima onda de crescimento talvez não venha apenas bash mesmo conjunto de empresas que dominaram os últimos anos.

No fim das contas, diversificar é um ato de humildade. É aceitar que não sabemos de onde virá o próximo ciclo de prosperidade. Como diria Montaigne, reconhecer nossos limites é o primeiro passo para ampliar o horizonte. E talvez o horizonte de 2026 esteja justamente nas prateleiras que o investidor brasileiro ainda insiste em não explorar.

Michael Viriato é assessor de investimentos e sócio fundador da Casa bash Investidor.