Após participar dos jogos daquele ano, Gonzales se mudou para São Francisco, no Estado da Califórnia (EUA).
Ali, sua vida sofreu uma reviravolta.
Problemas pessoais
Os próximos anos de sua vida foram complicados, envolvendo diversos problemas familiares, segundo relatos da época. Ele passou a trabalhar como funcionário de um armazém, mas se endividou seriamente.
Parentes e conhecidos relataram que o atleta estava perturbado e deprimido. Ele enfrentava dificuldades financeiras e conjugais. Metade de seu salário estava comprometido com o pagamento de empréstimos.
Diante desse cenário, ele optou pela tragédia.
Antes do voo
Na manhã de 6 de maio de 1964, Gonzalez comprou um revólver Smith and Wesson Modelo 27 Magnum, com capacidade para seis tiros. Junto à arma, ele também havia comprado um kit de munições.
A amigos e parentes, Gonzales avisou que morreria no dia 6 ou no dia 7 de maio. Ele falou sobre sua morte em um desses dias constantemente na semana anterior ao acidente.
Na noite de 6 de maio, o esportista partiu do Aeroporto Internacional de San Francisco em um voo da Pacific Air Lines rumo a Reno, no Estado de Nevada (EUA). Ele já tinha a passagem de retorno comprada para a manhã do dia seguinte.
Antes do voo da ida, ele havia mostrado seu revólver para vários amigos no aeroporto. A uma pessoa ele disse que pretendia atirar em si mesmo, e várias testemunhas o viram embarcar no avião com um pequeno pacote contendo a arma e munições.
Apólices de seguro
Naquela mesma noite, Gonzales adquiriu duas apólices de seguro no valor total de US$ 105 mil. Esse montante equivale a cerca de US$ 1,1 milhão (R$ 6,2 milhões) nos dias de hoje.
Em seguida, ele passou a noite visitando vários locais de jogos de azar. O funcionário de um desses locais disse que questionou como Gonzales estava, e ele respondeu que "Não faria diferença depois de amanhã".
O voo
Por volta das 5h54, o voo 773 da Pacific Air Lines decolou de Reno rumo a Stockton, na Califórnia, para uma breve escala rumo a San Francisco. O avião era um Fairchild F-27A, que levava 41 passageiros e três tripulantes.
Após a segunda decolagem, ocorrida por volta das 6h38, o avião iniciou a subida normalmente. Às 6h47, os pilotos contataram os controladores de tráfego aéreo para obter informações sobre o voo.
Menos de um minuto depois, uma mensagem aguda partiu do avião. Embora o áudio captado pelos controladores não fosse claro, análises de laboratório indicaram que a mensagem foi dita pelo primeiro oficial:
Capitães baleados. Fomos baleados. [Eu estou] tentando ajudar
Último áudio do voo 773 da Pacific Air Lines
Diversas tentativas de entrar em contato com o avião foram realizadas em seguida, mas já era tarde: o sinal da aeronave havia sumido das telas dos controladores de voo.
Às 6h49, um sismógrafo localizado em outra região na Califórnia detectou um tremor de origem desconhecida. Às 6h51, um avião que passava na região disse que havia uma fumaça negra próxima à região do voo.
Menos de meia hora depois, os destroços do avião foram encontrados. Nenhuma das 44 pessoas a bordo havia sobrevivido.
O resultado da investigação foi que os pilotos foram baleados por um passageiro; ao que tudo indica, Gonzales, que teria se matado depois.
O que mudou desde então?
O relatório final do acidente recomendou algumas alterações nas regulamentações de segurança de voo nos EUA. A principal delas é a de que a cabine de voo teria de ficar trancada em todas as fases do voo.
Em algumas aeronaves, isso não se aplicaria, como o próprio Fairchild F-27, que teria de manter essas portas destrancadas durante o pouso e decolagem por questão de segurança, caso uma evacuação fosse necessária.
Reportagem
Texto que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo jornalista ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.
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