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O Brasil após o 'tarifaço' de Trump

Para os europeus, a abertura de outras possibilidades fica mais atraente e o Brasil ganha espaço de negociação. A linha adotada, até aqui, aliás, pelo governo brasileiro, me parece correta. No lugar de, simplesmente, impor barreiras e tarifas, em represália à decisão de Trump, soa mais promissor o caminho das negociações e das medidas cirúrgicas.

Um dos mercados mais importantes, vale dizer, o do açúcar e do álcool, é um exemplo de como podemos avançar bastante. As cotas para exportação de açúcar aos EUA são muito reduzidas e a tributação do excedente é elevada. O etanol, por sua vez, entra nos EUA, agora ainda mais, sob relevante fardo tarifário.

O posicionamento da economia brasileira deve levar em conta as relações históricas com os EUA, valer-se do bom trabalho da diplomacia do nosso país e ampliar possibilidades. O multilateralismo, relativamente, tornou-se central após o dia 2 de abril.

A Europa e a China devem ser os nossos focos comerciais, sem descuidar das negociações com os EUA, por óbvio. No curto prazo, temos uma vantagem: ganhamos com o enfraquecimento do dólar, em razão dos juros reais elevados por aqui. O Federal Reserve (banco central americano) deve, como sinalizou seu presidente, Jerome Powell, acompanhar os desdobramentos da nova política econômica anunciada. Ele já adiantou que a inflação será pressionada e o crescimento será menor.

De todo modo, um quadro de incertezas globais crescentes, dificuldade de antever os movimentos de todos os países relevantes e riscos domésticos ainda causando boas dores de cabeça, no campo da política fiscal, nos colocam em posição difícil, em maior prazo.

Em que pese a tendência de queda do dólar, até porque o balanço de pagamentos brasileiro continua bem, com investimentos externos suficientes para cobrir o déficit em transações correntes, a volatilidade será maior. As altas e baixas são próprias dos períodos de mudanças bruscas na economia mundial. Não será, desta vez, diferente.

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