Foto sem data, divulgada pela Embaixada de Israel em Londres, mostra Shiri Bibas com seu filho Kfir.

Crédito, PA Media

Legenda da foto, Shiri Bibas foi sequestrada junto com seus dois filhos durante os ataques do Hamas a Israel em 7 de outubro de 2023
  • Author, George Wright
  • Role, BBC News
  • Há 9 minutos

Israel acusou o grupo palestino Hamas de violar o acordo de cessar-fogo depois que exames forenses revelaram que um dos corpos de reféns israelenses devolvidos não era o esperado — o de Shiri Bibas, uma mãe de duas crianças.

Na quinta-feira, foram devolvidos os corpos de quatro reféns sequestrados pelo Hamas e que morreram no cativeiro: duas crianças pequenas, um homem idoso e uma mulher.

Acreditava-se que o comboio de Gaza, que chegou a um centro forense em Tel Aviv para exames de DNA e procedimentos de autópsia, trazia os corpos de Shiri Bibas, de 32 anos, seus filhos Ariel e Kfir, de cinco e dois anos quatro anos e nove meses, respectivamente, e do ativista pacifista Oded Lifshitz, de 84 anos — todos do kibutz Nir Oz.

As Forças de Defesa de Israel (IDF) confirmaram as identidades de três dos corpos, mas disseram que o quarto corpo não era de Shiri ou de algum outro refém. O primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, acusou o Hamas de "colocar o corpo de uma mulher de Gaza em um caixão".

Um porta-voz do Hamas, Ismail al-Thwabta, afirmou na plataforma X, nesta sexta-feira (21/02), que os restos mortais de Shiri teriam sido misturados aos de outros corpos sob os escombros de uma estrutura atingida por um bombardeio israelense.

O grupo disse à agência de notícias Reuters que investigaria o envio dos restos mortais errados para Israel e reafirmou que a mãe e as crianças foram mortas em um bombardeio israelense.

Israel, entretanto, afirmou na quinta-feira que, segundo inteligência e exames forenses, os meninos "foram brutalmente assassinados por terroristas enquanto estavam em cativeiro, em novembro de 2023".

Israel exigiu que o Hamas devolvesse Shiri, junto com os outros reféns que ainda permanecem em Gaza.

"Esteja ela viva ou não, eles precisam trazer Shiri Bibas de volta", declarou o porta-voz internacional das Forças de Defesa de Israel (IDF), tenente-coronel Nadav Shoshani, ao programa Today da BBC Radio 4.

O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu afirmou: "Agiremos com determinação para trazer Shiri de volta para casa, junto com todos os nossos reféns — vivos ou mortos — e garantir que o Hamas pague o preço total por esta cruel e vil violação do acordo".

As IDF publicaram na plataforma X que, "durante o processo de identificação, foi determinado que o corpo adicional recebido não era o de Shiri Bibas e não correspondia a nenhum outro refém. Trata-se de um corpo anônimo e não identificado".

"Essa é uma violação gravíssima por parte da organização terrorista Hamas, que estava obrigada, pelo acordo, a devolver quatro reféns falecidos. Exigimos que o Hamas traga Shiri de volta, junto com todos os nossos reféns", acrescentou o comunicado.

O Fórum das Famílias de Reféns e Desaparecidos declarou estar "horrorizado e devastado com a notícia de que a mãe, Shiri, não foi devolvida, apesar do acordo e de nossas esperanças desesperadas".

Shiri, Ariel e Kfir Bibas tinham, respectivamente, 32 anos, quatro anos e nove meses quando foram sequestrados nos ataques do Hamas a Israel, em 7 de outubro de 2023. Eles se tornaram um símbolo para muitos israelenses, e a confirmação de suas mortes gerou uma onda de comoção no país.

O pai das crianças, Yarden Bibas, de 34 anos, foi libertado pelo Hamas em 1º de fevereiro.

A devolução dos corpos dos reféns foi acordada como parte do cessar-fogo que entrou em vigor em 19 de janeiro, e Israel confirmou que espera receber um total de oito corpos.

As duas partes concordaram em trocar 33 reféns por cerca de 1.900 prisioneiros palestinos até o final das primeiras seis semanas do cessar-fogo.

As negociações para avançar para a próxima fase do acordo — que prevê a libertação dos reféns ainda vivos e o fim definitivo da guerra — deveriam ter começado no início de fevereiro, mas ainda não foram iniciadas.

Até agora, 28 reféns e mais de 1.000 prisioneiros foram trocados.

Sessenta e seis reféns capturados em 7 de outubro ainda estão em Gaza, além de outros três sequestrados há mais de uma década. Acredita-se que cerca da metade dos reféns ainda detidos esteja viva.

Nos ataques do Hamas em 7 de outubro de 2023, cerca de 1.200 pessoas — a maioria civis — foram mortas, e outras 251 foram levadas para Gaza como reféns. Em resposta, Israel lançou uma ampla campanha militar contra o Hamas, que já deixou pelo menos 48.297 palestinos mortos — também, em sua maioria, civis — segundo o Ministério da Saúde controlado pelo Hamas.

Também na quinta-feira, três ônibus explodiram em Bat Yam, ao sul de Tel Aviv, em um ataque que a polícia israelense suspeita ter sido terrorista.

De acordo com as autoridades, dispositivos explosivos em outros dois ônibus falharam, e "grandes forças policiais estão nos locais, em busca de suspeitos". Até o momento, não há relatos de vítimas.

Em resposta, o gabinete do primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, anunciou que ele ordenou às Forças de Defesa de Israel que realizassem uma "operação intensiva contra centros de terrorismo" na Cisjordânia.