Isso porque temos um presidente que demonstrou desprezo pelas restrições tradicionais ao poder. Porque a maioria no Congresso se mantém servil. Porque uma maioria na Suprema Corte concedeu a esse presidente autoridade e imunidade extraordinárias. Porque o presidente parece determinado a sitiar os pilares institucionais da democracia, tendo a imprensa como alvo prioritário. E porque essas instituições estão se mostrando mais frágeis e pusilânimes do que eu jamais poderia imaginar.
E talvez o que mais me preocupe seja o fato de vivermos hoje um tempo em que as pessoas não conseguem —ou não querem —distinguir entre o que é verdadeiro e o que é falso. É natural —e, em uma democracia, esperado —que discordemos sobre quais políticas são as melhores. Mas hoje já não conseguimos concordar sobre como determinar um fato. Todos os elementos nos quais historicamente confiamos para estabelecer fatos —educação, conhecimento técnico, experiência e, acima de tudo, evidências —foram desdenhados, descartados e negados.
Como pode a democracia florescer, ou sequer sobreviver, quando não conseguimos determinar os fatos mais básicos? Se a democracia está em perigo, a liberdade de imprensa também está. Uma imprensa independente não pode sobreviver sem democracia. E o contrário também é verdadeiro: uma democracia não pode sobreviver sem imprensa livre. Jamais houve uma democracia sem uma mídia livre e independente.
O manual de autoritários em ascensão é bem conhecido. No topo de sua lista de prioridades está esmagar a imprensa, instituição que pode lançar luz sobre o que fazem os líderes políticos e responsabilizá-los. Suas práticas repressivas, no entanto, vão muito além da imprensa: buscam abolir a liberdade de expressão por completo —o direito de músicos, escritores, artistas, dramaturgos e roteiristas de se expressarem como desejarem. O direito do público de ouvir, ver e ler o que considerar relevante. O direito de executivos, acadêmicos, ativistas e líderes políticos de defenderem as políticas em que acreditam. O direito de cada um de nós de falar livremente com familiares, amigos, vizinhos e colegas sem medo de vigilância e represália.
Os direitos que a imprensa se esforça para proteger não são diferentes daqueles que a maioria das pessoas deseja para si mesmas — a liberdade de investigar os fatos, compartilhar o que aprenderam, comunicar o que acreditam.
Há muito mais em risco do que apenas a liberdade de expressar opiniões. O verdadeiro alvo dos autocratas é a própria verdade. Eles buscam extinguir todos os árbitros independentes dos fatos, sejam juízes, estudiosos, cientistas, estatísticos ou jornalistas. Em nações que caminham para o autoritarismo, chefes de Estado reivindicam propriedade exclusiva da verdade. E manipulam, suprimem ou apagam dados para sustentar suas mentiras.

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1 mês atrás
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