O que você não sabe que não sabe pode transformar sua carreira

Então, veio a pandemia.

Tivemos que fechar todas as lojas. Foi, talvez, o momento mais difícil da minha vida. Ainda me lembro daquela sala, às 23 horas, sozinho no escritório, tentando avaliar como honraríamos a folha de pagamento de 60 mil Colaboradores no mês seguinte, além dos compromissos com fornecedores. Eu já havia ligado para todos os meus pares na Espanha, na Itália, na China, e sabia que não havia outra forma de proteger a saúde das pessoas. Tomamos a decisão de fechar antes mesmo das autoridades determinarem. Eu tinha apenas uma certeza: o dia em que fecharíamos. Mas tinha inúmeras incertezas, inclusive se conseguiríamos honrar nossos compromissos com milhares de famílias que dependiam direta e indiretamente de nós.

De repente, o mundo virou de cabeça para baixo. E o que eu "não sabia que não sabia" se revelou: que ao focar toda a nossa energia nos 3Ds (delivery, drive e digital), não apenas sobreviveríamos, mas sairíamos da crise mais fortes do que nunca. Hoje, o delivery do McDonald's fatura bilhões de reais. O tempo de atendimento, tanto no delivery como no drive-thru, caiu pela metade. O aplicativo digital trata cada Cliente como se fosse único, reconhecendo cada CPF brasileiro, transformando-se em uma referência em programas de reconhecimento e recompensa, mas especialmente de hábito do consumidor e CRM. Essas descobertas, nascidas no caos, mudaram o rumo da empresa.

Essa história ilustra um conceito poderoso para qualquer profissional que busca crescimento: os três estágios do conhecimento. Embora tenha sido popularizado em 2002 por Donald Rumsfeld, então Secretário de Defesa dos EUA, a ideia é muito mais antiga, com raízes que remontam a Sócrates e à filosofia medieval islâmica. Mas é na sua aplicação prática que reside o segredo para o desenvolvimento de carreira.

Eu costumo dizer em entrevistas que esses três estágios definem nossa jornada profissional:

1. O que você "sabe que sabe"

É a sua base, o conhecimento que te trouxe até aqui. É a sua performance atual. No meu caso, quando me tornei CEO, era a gestão operacional, financeira, humana e a otimização de processos. É um conhecimento valioso, que nos dá segurança para tomar decisões, mas que, sozinho, não garante o futuro.