A inteligência artificial está mudando a maneira como as empresas operam. A tecnologia assumiu um papel cada vez mais central na rotina corporativa, desde plataformas que automatizam tarefas administrativas até sistemas que analisam dados em tempo real e orientam decisões estratégicas. No Brasil, esse movimento já é realidade em pequenas, médias e grandes empresas que buscam eficiência, previsibilidade e redução de custos. Para entender o alcance dessa transformação, o TechTudo realizou uma pesquisa com especialistas de diferentes setores, que apontaram que a IA, ao mesmo tempo, aumenta a eficiência e aprimora a análise de dados, mas também redefine o papel da liderança humana. Nesta matéria, entenda o que muda nas rotinas de gestão, quais empresas utilizam IA no Brasil e no exterior e até que ponto os algoritmos podem realmente tomar decisões de comando.
A integração da IA em softwares de gestão muda a forma como empresas brasileiras administram dados e decisões. Ferramentas com IA começam a redefinir papéis dentro das organizações e a automatizar tarefas de liderança — Foto: imagem gerada pelo gemini É importante entender como a inteligência artificial está se consolidando como o cérebro invisível das empresas, e por que isso exige uma reinterpretação profunda do papel do gestor moderno. Veja o índice a seguir:
- O que muda com a chegada da IA nos sistemas de gestão
- Principais funcionalidades com inteligência artificial
- Como a IA ajuda as empresas
- Privacidade, segurança e limites éticos
- O que vem por aí: IA generativa e assistentes corporativos
- Conclusão: novos caminhos para a gestão empresarial
1. O que muda com a chegada da IA nos sistemas de gestão?
Plataformas de gestão com IA reduzem tarefas repetitivas e ampliam a eficiência das operações internas — Foto: Reprodução/Freepik A chegada da inteligência artificial nos sistemas de gestão representa uma evolução da administração moderna desde o surgimento dos ERPs (softwares de Planejamento de Recursos Empresariais). A tecnologia passou de um suporte analítico para um verdadeiro agente de decisão. A ferramenta consegue prever demandas, identificar gargalos e até sugerir estratégias, alterando como as decisões são tomadas no ambiente corporativo. Essa integração gera eficiência, mas também exige confiança nos dados e no modelo de decisão adotado.
Para Marcello Marin, contador, administrador e Mestre em Governança Corporativa, o uso da IA redefine o papel dos gestores, já que permite com que ele foque mais em tomadas de decisão do que com serviços operacionais. "A IA tem assumido atividades operacionais e analíticas, gerando relatórios, previsões e acompanhamento de metas. Ainda assim, sem o ser humano por trás para gerir a informação, podemos ter um monte de informação sem ter a utilidade correta. Se bem usada, a IA pode liberar o líder para focar em estratégia, cultura e pessoas", destacou o especialista.
No entanto, Marcello ressalta que é importante que a IA seja vista como "uma extensão da inteligência humana, não um substituto". Essa diferença é relevante para se entender a função da IA no dia a dia de empresas, isto é, como uma ferramenta que liberta tempo e energia das pessoas para criação, relacionamento e inovação.
2. Principais funcionalidades com inteligência artificial
Inteligência artificial será incorporada em várias áreas das empresas — Foto: imagem gerada pelo gemini Os sistemas empresariais modernos vêm incorporando IA em áreas cada vez mais amplas. Do controle de estoque ao recrutamento, a tecnologia atua como um cérebro analítico que processa volumes massivos de informações para apoiar decisões estratégicas. Segundo Marco Giroto, especialista em IA e fundador da SuperGeeks e SprintHub, a tecnologia já está presente no dia a dia da gestão de empresas de uma forma sutil, muitas vezes imperceptível.
"Na prática, já estamos vendo três grandes frentes: primeiro, a automação de tarefas operacionais. Relatórios que antes levavam horas agora são gerados em minutos, com análise de padrões que um humano levaria dias para identificar. Segundo, a previsibilidade. Sistemas que antecipam gargalos, preveem demanda e sugerem ajustes de recursos. E terceiro, a personalização em escala. Conseguimos entender melhor o comportamento de clientes e equipes individualmente", explicou.
Apesar de trazer uma grande otimização de tempo para empresas, Marco reforça que a IA não substitui a capacidade de decisão estratégica humana, que requer contexto, intuição e responsabilidade. Isso significa que escolhas de gestão que envolvem valores culturais da empresa e tratamentos individuais dos clientes e funcionários ainda requisitam da empatia e experiência prática dos gestores.
3. Como a IA ajuda as empresas?
Especialistas alertam para desafios éticos e legais no uso de algoritmos que interferem em decisões corporativas. A automação inteligente exige regras claras sobre privacidade, transparência e responsabilidade empresarial — Foto: Igor Omilaev /Unsplash Diversas plataformas de gestão já incorporam IA em seus sistemas. No exterior, nomes como Salesforce Einstein, Oracle AI, SAP Joule e Workday lideram o movimento de automação inteligente. No Brasil, empresas como MadeinWeb, o9 Solutions, Alymente e GigU estão entre as que aplicam IA em contextos corporativos locais. Esses exemplos mostram que a IA já está nas planilhas, nos dashboards e até nos aplicativos de atendimento no Brasil, apesar de ainda permanecerem em estado embrionário.
Andre Purri, CEO da Alymente, plataforma de controle de benefícios para empresas e colaboradores, explica que, para pequenas e médias empresas, o impacto da IA tende a ser maior por conta da escassez de recursos e de tempo desses negócios.
"A automação permite que estruturas enxutas ganhem eficiência e escala, otimizando processos como atendimento ao cliente, gestão financeira, marketing e suporte interno. Claro que grandes empresas também se beneficiam, mas, no geral, elas têm mais acesso a ferramentas, programas e recursos. Ferramentas que antes eram exclusivas de grandes corporações, hoje estão disponíveis em formato acessível e intuitivo, possibilitando decisões assertivas, baseadas em dados e indicadores", expllicou.
O desafio é que, quanto mais o sistema aprende, mais o gestor precisa entender como supervisioná-lo. Antes o papel do líder estava muito mais centrado em experiência, julgamento e relacionamento humano. No entanto, uso da IA exige novo repertório de competências dos gestores, que precisam incluir uma leitura técnica e crítica sobre dados, algoritmos e automações. Dessa forma, o profissional precisa saber interpretar os resultados da ferramenta e adequá-los para o contexto da empresa, fortalecendo o pensamento crítico e evitando decisões automáticas.
4. Privacidade, segurança e limites éticos
O avanço da IA inaugura uma nova fase de eficiência, mas exige prudência e discernimento estratégico — Foto: Imagem criada com o ChatGPT A expansão da IA nas empresas também acende alertas sobre privacidade e ética. Quanto mais dados são processados, maior o risco de uso indevido de informações sensíveis. Para Marco Antônio C. Allegro, advogado especializado em Direito Empresarial, reforça que empresas precisam se atentar para seguir a Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPD) quando sistemas de IA estão em operação. É papel do gestor empresarial controlar esses dados e garantir que o uso das ferramentas seja transparente e seguro.
"A ausência de políticas internas de governança de IA pode resultar em responsabilidade administrativa e civil, além de danos reputacionais. A Autoridade Nacional de Proteção de Dados (ANPD) vem orientando que empresas adotem medidas preventivas, como auditorias de algoritmos, avaliações de impacto e políticas claras de uso ético da IA, especialmente quando há tomada de decisão automatizada com efeitos jurídicos relevantes (art. 20, LGPD)", explicou o especialista.
O uso da IA para decisões importantes é arriscado, já que há sempre a possibilidade dos resultados vierem de erros algorítmicos ou falhas de interpretação de dados. Nesse caso, a empresa e seus administradores permanecem responsáveis pelos efeitos decorrentes da utilização da tecnologia. Além disso, Allegro ressalta os impactos da automação sobre as relações de trabalho, que podem ser prejudicadas se o uso da tecnologia for feito de maneira errônea.
"A substituição de funções humanas por algoritmos pode gerar questionamentos quanto à terceirização de decisões, redução de postos de trabalho e violação de princípios constitucionais, como o da dignidade da pessoa humana e o valor social do trabalho. Além disso, decisões automatizadas que afetem colaboradores ou parceiros comerciais devem respeitar o direito à intervenção humana e à revisão de decisões automatizadas, conforme previsto na LGPD", disse.
5. O que vem por aí: IA generativa e assistentes corporativos
Assistentes corporativos são mais ativos e capacitados que chatbots tradicionais — Foto: Reprodução/Depositphotos O próximo passo da automação corporativa é a IA generativa, que está avançando de maneira acelerada. Em vez de apenas analisar, ela cria relatórios, resumos de reuniões, previsões e planos de ação. Segundo Thiago Saldanha, Diretor de Inteligência Artificial da Evertec, os assistentes corporativos com IA generativa seriam capazes de compreender contextos empresariais complexos e interagir em linguagem natural. Essa evolução aproxima o conceito da chamada “empresa autônoma”, em que boa parte das decisões rotineiras é automatizada.
"É verdade que muitos estudos apontam que a maioria das iniciativas de IA falham, como o levantamento do MIT que indica que 95% não atingem os resultados esperados. Mas esse cenário faz parte de um processo natural de aprendizado e adaptação. Toda grande inovação passa por essa curva. À medida que as empresas amadurecem em cultura, processos e capacitação, começam a extrair mais valor da tecnologia", disse Thiago.
Nos próximos anos, o especialista também aponta que a IA também deve ser capaz de raciocinar sobre volumes muito maiores de dados, de forma mais contextual e interconectada, o que permitirá que as empresas realizem previsões e planejamentos mais eficazes e precisos. Além disso, deve crescer o número de gestores com capacitação no uso dessa tecnologia, o que deve fazer com que a IA seja uma parte cada vez mais integrante da cultura organizacional das empresas.
6. Conclusão: novos caminhos para a gestão empresarial
A gestão empresarial deve mudar com uso de IA, mas continua liderada por humanos — Foto: Reprodução/Freepik A incorporação da inteligência artificial aos sistemas de gestão marca uma mudança estrutural nas rotinas corporativas. Ao automatizar tarefas, antecipar demandas e gerar análises em tempo real, essas ferramentas ampliam a capacidade de resposta das empresas e criam novos parâmetros de eficiência. No entanto, a expansão dessa tecnologia também exige atenção às implicações jurídicas, éticas e operacionais que acompanham a automação de decisões.
Os próximos anos devem consolidar uma fase de integração mais profunda entre gestores e sistemas inteligentes. O desafio das organizações será definir limites claros entre autonomia tecnológica e supervisão humana, equilibrando ganhos de produtividade com governança, transparência e responsabilidade. A forma como esse equilíbrio será construído tende a determinar o papel da liderança na próxima geração de empresas.
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