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OpenAI soa alarme: China avança na corrida da IA e ameaça liderança dos EUA

A OpenAI já reconheceu que a situação é preocupante para os EUA. Nesta semana, a empresa enviou uma proposta de políticas à Casa Branca com algumas ilações e propostas de ações para o desenvolvimento da IA no país. O documento é uma contribuição para uma consulta pública que o governo abriu em fevereiro para receber comentários sobre o Plano de Ação para IA (US Action Plan).

Logo no início do documento é destacado que a administração Trump precisa estar atenta com a determinação da China em ultrapassar os EUA até 2030. A especificação do ano não é por acaso. É a data-alvo que o país asiático colocou para alcançar a liderança em IA, conforme seu plano para IA lançado em 2017.

Para além deste plano ousado de investimento em pesquisa e desenvolvimento, a OpenAI cita algumas vantagens intrínsecas que a China teria.

Controle estatal centralizado: Pequim consegue mobilizar rapidamente recursos, como talentos, dados e infraestrutura energética, sem precisar negociar com múltiplos atores como nos EUA.

Rota da Seda da IA: Assim como fez com redes 5G e infraestrutura digital, a China poderia coagir países emergentes a adotarem sua IA em troca de financiamento e suporte tecnológico.

Investimentos em chips e hardware: Diante das sanções dos EUA sobre semicondutores, a China está correndo para criar suas próprias fábricas de chips, reduzindo sua dependência de tecnologias ocidentais.

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A OpenAI também cita nominalmente a DeepSeek como uma ameaça. Embora reconheça a qualidade e o desempenho do modelo chinês, afirma que a IA é "subsidiada pelo estado" e "controlada pelo estado". Afirmações que carecem de evidências. DeepSeek é um spin-off de um fundo de hedge que pegou, de certa forma, até o próprio governo chinês de surpresa.

As grandes apostas da China estão nos "Six Tigers", seis startups de IA consideradas as mais promissoras. A DeepSeek nunca esteve entre elas, e o seu CEO só encontrou Xi Jinping semanas após a hecatombe que a empresa causou no Vale do Silício.

A aproximação entre o governo chinês e as empresas locais levanta muitos questionamentos, principalmente por não entendermos muito bem todas as regras do jogo. Inclusive, gravamos um episódio de "Deu Tilt", podcast do UOL sobre tecnologia e inovação, especialmente sobre o tema.

Mas quando analisamos a situação de uma perspectiva maior, uma pergunta fica no ar: algo parecido não está acontecendo também nos EUA?

A aproximação entre a indústria de tecnologia e o estado ficou evidente durante a posse do presidente Trump. Zuckerberg não escondeu de ninguém que se uniria ao governo americano para fazer valer suas vontades comerciais em outros países. E o governo entende que as big techs são suas armas não apenas de hard power, mas também de soft power.

O fato é que esse desconhecimento e incerteza sobre como as coisas funcionam na China, leva ao fortalecimento de uma visão desconfiada em relação ao país asiático. É por este motivo que os CEOs das empresas dos EUA elaboram seus argumentos de que a IA precisa ser dominada por um país democrático, sendo os EUA a única opção.

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Nesse sentido, a OpenAI se une a Dario Amodei, CEO da Anthropic, que publicou praticamente um manifesto pedindo para que os EUA tomem ações mais rígidas de controle de exportação para que Pequim não tenha acesso aos chips e tecnologias mais avançadas.

O acesso a esse tipo de produto continua sendo o calcanhar de Aquiles da China na disputa pela IA. O país já utrapassou os EUA em artigos científicos, citações e patentes na área, mas sua indústria de semicondutores e litografia ainda não chegou lá. Estima-se que o ecossistema chines de semicondutores esteja entre 3 e 5 anos atrás dos líderes mundiais, e os EUA tentam desesperadamente aumentar essa diferença com suas sanções comerciais.

O documento da OpenAI argumenta que a disputa entre EUA e China na IA não é só econômica, mas um embate entre modelos de sociedade. O texto constrói uma imagem mental de que se a China chegar na liderança da IA, a tecnologia servirá apenas para a imposição de sistemas de vigilância e controle social em escala mundial.

Prever o futuro é incrivelmente difícil. Todas as hipóteses são possíveis. Mas um contraponto para esse argumento está nas evidências atuais: os principais modelos chineses de IA são abertos, o que permite que qualquer um possa usá-los e modificá-los à vontade.

A startup Perplexity dos EUA recentemente removeu as travas que o modelo DeepSeek tinha para perguntas sobre o Massacre da Praça da Paz Celestial. Esta liberdade de modificação é justamente uma característica dos modelos abertos, o que ironicamente contrasta com a abordagem proprietária e fechada que a OpenAI defende.

Opinião

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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