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Organizações norueguesas cancelam participação em cortejo por discordar do Nobel da Paz a María Corina Machado

O Conselho Norueguês da Paz é formado por 17 organizações de paz norueguesas. A entidade explica que a decisão de não realizar o cortejo foi tomada porque não consideram que a laureada deste ano (Maria Corina) esteja em conformidade com os valores do Conselho Norueguês da Paz nem com os valores de suas organizações.

"Esta é uma decisão difícil, mas necessária, diz Eline H. Lorentzen, presidente do conselho. Temos grande respeito pelo Comitê Nobel e pelo Prêmio da Paz como instituição, mas, como organização, também precisamos permanecer fiéis aos nossos próprios princípios e ao amplo movimento pela paz que representamos. Esperamos celebrar o Prêmio da Paz novamente nos próximos anos", acrescenta ela.

➡️Já o Comitê Norueguês do Nobel é formado por cinco membros, todos indicados pelo Parlamento norueguês para um mandato de seis anos. A cerimônia de entrega é realizada em Oslo — desde 1990, na prefeitura da capital.

O evento de entrega ocorre todo dia 10 de dezembro, e a medalha é entregue pelo presidente do Comitê. É comum o rei da Noruega estar presente na solenidade.

Quem é Maria Corina Machado

Nascida em 1967, na Venezuela, María Corina Machado é uma das principais vozes da oposição democrática ao regime de Maduro. Engenheira de formação, com estudos em finanças, ela iniciou a carreira no setor privado antes de se dedicar à política e à defesa dos direitos civis.

Corina Machado foi impedida de concorrer nas eleições presidenciais da Venezuela em 2024 pelo Judiciário do país, aliado do presidente e ditador Nicolás Maduro. O pleito, no final de julho, foi marcado por falta de transparência e a reeleição de Maduro amplamente contestada internacionalmente. A líder da oposição vive escondida na Venezuela desde então.

Segundo o comitê do Nobel, Corina Machado "sempre falou pelos direitos humanos, pelo povo venezuelano. Ela é o equilíbrio contra os tiros [do regime Maduro]".

Pelo testamento de Alfred Nobel (1833-1896), o Prêmio Nobel da Paz deve ser entregue à pessoa ou organização que tenha contribuído de forma significativa para a fraternidade entre as nações, a abolição ou redução de exércitos permanentes, e a promoção de congressos de paz.

Nobel foi um químico, engenheiro e inventor sueco. Considerado brilhante, ele fez fortuna com a venda de explosivos, incluindo sua invenção mais famosa, a dinamite, tanto para exércitos quanto para empresas de mineração.

Busto de Alfred Nobel no prédio onde o prêmio é entregue, em Oslo, na Noruega — Foto: Reuters

Pela vontade de Alfred Nobel expressa em seu testamento, o Nobel da Paz é o único Nobel a ser entregue na Noruega, e não em sua Suécia Natal.

Entre 1814 e 1905, Suécia e Noruega constituíam um reino unido sob o mesmo monarca e o mesmo corpo diplomático, embora permanecessem Estados distintos, com constituições, leis e até forças armadas separadas. A dissolução foi realizada de forma pacífica.

Principais ganhadores do Nobel da Paz

Até 2024, 19 mulheres e 92 homens haviam recebido o prêmio. Por 19 vezes, o comitê organizador resolveu não entregar a honraria a ninguém — a última em 1972.

O prêmio foi entregue pela primeira vez em 1901. Naquele ano, os ganhadores foram Frédéric Passy e Henry Dunant. Passy foi um dos fundadores da União Interparlamentar, que media acordos multilaterais entre Parlamentos do mundo todo. Já Dunant foi um dos criadores da Cruz Vermelha.

Houve decisões contestadas, como as do diplomata americano Henry Kissinger, em 1973, e a de Barack Obama, em 2009. Mahatma Gandhi foi indicado cinco vezes para receber o Prêmio Nobel, mas nunca venceu.

Veja, abaixo, outras personalidades e instituições que venceram o Nobel da Paz:

  • Theodore Roosevelt, ex-presidente dos EUA, em 1906.
  • Cruz Vermelha, em 1917, 1944 e 1963.
  • Woodrow Wilson, ex-presidente dos EUA e fundador da Liga das Nações, em 1919.
  • Cordell Hull, um dos fundadores da ONU, em 1945.
  • Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), em 1954 e 1981.
  • Martin Luther King Jr, ativista norte-americano, em 1964.
  • Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), em 1965.
  • Henry Kissinger, secretário de Estado dos EUA, em 1973
  • Madre Teresa de Calcutá, em 1979.
  • Tenzin Gyatso, o 14º Dalai Lama, em 1989.
  • Mikhail Gorbachev, ex-presidente da União Soviética, em 1990.
  • Aung San Suu Kyi, ativista pelos direitos humanos, em 1991.
  • Nelson Mandela, ativista anti-Apartheid e futuro presidente da África do Sul, em 1993
  • Médicos Sem Fronteiras, em 1999.
  • ONU, em 2001.
  • Al Gore, ex-vice-presidente dos EUA, em 2007.
  • Barack Obama, em 2009
  • União Europeia, em 2012
  • Malala Yousafzai, ativista paquistanesa, em 2014.

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