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Para especialista holandesa, cidades precisam se adaptar à água

A enviada especial para assuntos internacionais de água dos Países Baixos, Meike van Ginneken, esteve em Porto Alegre ao longo desta semana para visitar áreas atingidas pelas enchentes de 2024 e discutir soluções com autoridades locais. A experiência foi compartilhada por ela à imprensa na manhã desta terça-feira (5). Para ela, é necessário pensar em soluções a longo prazo, que tornem as cidades adaptadas à presença da água, preservando os ecossistemas e trazendo resiliência climática. 

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A enviada especial para assuntos internacionais de água dos Países Baixos, Meike van Ginneken, esteve em Porto Alegre ao longo desta semana para visitar áreas atingidas pelas enchentes de 2024 e discutir soluções com autoridades locais. A experiência foi compartilhada por ela à imprensa na manhã desta terça-feira (5). Para ela, é necessário pensar em soluções a longo prazo, que tornem as cidades adaptadas à presença da água, preservando os ecossistemas e trazendo resiliência climática. 

Para que isso se concretize, a representante do governo holandês acredita que o planejamento urbano precisa ser revisado. Afinal, embora grande parte das cidades brasileiras, incluindo Porto Alegre, tenha crescido de forma desordenada, é possível mitigar parte dos problemas consequentes da falta de estruturação. “Você precisa cuidar onde está o risco de alagamento e, talvez, mudar o planejamento da cidade, criando novos bairros e adaptando os já existentes”, destaca a especialista.

Há, inclusive, exemplos na Holanda em que isso foi colocado em prática: “temos playgrounds onde se joga basquete e que, quando a chuva chega, as crianças são orientadas a não frequentarem, porque aquele espaço é usado para armazenar água por alguns dias. Isso também pode ser feito em parques e outros lugares”, explica Meike. Na sua avaliação, essa retenção do volume de precipitação pode diminuir o fluxo de águas nos rios e evitar enchentes, assim como servir de reservatório em momentos de seca.

Dentro do planejamento, ela avalia que as soluções devem ser pensadas nas comunidades e que as pessoas só devem ser retiradas dos seus locais de residência em último caso, como em áreas frequentemente inundadas e que não podem ser protegidas ou em locais que precisam ser utilizados para obras de infraestrutura. Nesses casos, Meike considera que a transparência é a melhor medida.

“O mais importante é ter uma boa conversa com as pessoas, explicar a situação, garantir que elas se sintam parte da decisão em um processo como o de realocação, e assegurar que a vida que poderão construir no futuro seja melhor do que a vida que tinham antes. Já vi pessoas que resistiram à mudança, mas que, quando o processo foi conduzido de forma certa, depois de dois ou três anos vivendo em outro lugar elas perceberam que talvez fosse melhor”, pontua a holandesa.

Em Porto Alegre, esse impasse foi observado no bairro Sarandi, onde parte da comunidade precisou deixar suas residências para possibilitar obras de elevação do dique local que rompeu durante a enchente de 2024. Ao todo, o Departamento Municipal de Habitação deslocou 56 famílias da região. Alguns moradores resistiram, mas precisaram ceder após determinação do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul.

“As pessoas se preocupam com seus lares, com o lugar em que elas e os seus pais cresceram, com as suas escolas, os seus bairros, a sua igreja e tudo mais. É por isso que o reassentamento é a coisa mais difícil de se fazer e precisa ser uma última medida”, acrescenta Meike.

Embora muitas ações de reconstrução e de resiliência climática custem caro, ela avalia que é possível apostar na colaboração e pensar em prioridades para agir. “Você pode fazer tudo perfeito em um bairro e esquecer de outros. Então, é necessário assegurar que todos estão protegidos de uma certa forma, mesmo que não esteja perfeito. As decisões sobre investimentos são políticas. Manter o processo transparente, mostrando os custos-benefícios e definindo as prioridades corretamente, é um bom jeito de começar”, destaca.

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