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Pausa no tarifaço aprofunda incertezas e acentua o estresse nos mercados

Em seu blog, o economista Paul Krugman, vencedor do Nobel de Economia de 2008 justamente por seus estudos e pesquisas sobre economia internacional, listou alguns dos motivos para a permanência das apreensões gerais, mesmo depois da pausa no tarifaço.

Segundo Krugman, além de ainda persistirem riscos de que se instale uma grande crise financeira global, ao estilo do crash de 2008, as tarifas prevalentes no pós-pausa continuam representando um enorme choque protecionista. O pano de fundo desse ambiente tóxico vem do fato de que, como diz Krugman, "o mundo sabe agora que Trump é, além de errático, fraco".

O economista fez um cálculo das tarifas efetivas agora vigentes, considerando o peso das exportações chinesas para os Estados Unidos, taxadas em 140%. Krugman diz que o nível tarifário pós-pausa fica apenas um pouco abaixo dos 20% alcançados em 1933 com as sobretaxas impostas pela lei tarifária Smoot-Hawley, de 1930.

Mesmo antes da disseminação dos impactos da elevação de tarifas efetivas, os consumidores americanos já estão vivendo uma antecipação das pressões nos preços e na escassez de alguns produtos. Esse movimento, mesmo antecipatório, foi suficiente para que percebessem que o preço do tarifaço não cairá apenas sobre o exportadores estrangeiros, mas — e com mais intensidade — sobre eles, os consumidores americanos.

Com as incertezas amplificadas — ninguém é capaz de prever quando Trump vai dobrar apostas ou recuar delas —, as empresas tendem à paralisia. Esse é um caminho aberto para contrações na atividade econômica e mesmo para a recessão mais abrangente.

Que empresário investirá o que for se o futuro está mais incerto do que nunca? Quem vai construir um novo negócio que dependa de importações? E, de outro lado, será que vai valer a pena pensar num empreendimento que se beneficie das tarifas, quando elas podem ser revogadas a qualquer momento? "A incerteza sobre as políticas de Trump é um obstáculo tão grande para a economia quanto as próprias políticas de Trump", observa Krugman.

Resta ainda o temor crescente de uma crise financeira. Com a pausa no tarifaço, paradoxalmente, acentuaram-se os movimento de venda de títulos públicos americanos. O rendimento desses títulos — que aumentam quando crescem os fluxos de venda — já está nas alturas de 5% ao ano, batendo recordes, antes vistos na pandemia e, mais no passado, nas crises de 2008 e 1997.

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