A Polícia Federal mirou 12 investigados pelo atos golpistas de 8 de janeiro na 19ª fase da Operação Lesa Pátria. Foram cumpridos cinco mandados de prisão preventiva e 13 de busca e apreensão nesta quarta-feira (25) em Cuiabá (MT), Cáceres (MT), Santos (SP), São Gonçalo (RJ) e Brasília.
Um dos alvos de busca e apreensão foi Leonardo Rodrigues de Jesus, 40, que tem o apelido de Leo Índio, primo dos filhos do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Outro foi um militar da reserva apontado como líder dos "boinas vermelhas", grupo que incitava a tomada de poder pelas Forças Armadas e que gravou vídeo durante a invasão do Congresso.
"Os fatos investigados constituem, em tese, os crimes de abolição violenta do Estado democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado, associação criminosa, incitação ao crime, destruição e deterioração ou inutilização de bem especialmente protegido e crimes da lei de terrorismo", disse a PF em nota.
Léo Índio é um dos investigados no inquérito aberto pela Procuradoria-Geral da República para apurar a organização e financiamento das manifestações do 7 de Setembro no governo Bolsonaro e também alvo da apuração sobre os ataques ao STF (Supremo Tribunal Federal) e outros prédios públicos.
Em 31 de agosto, dias antes do 7 de Setembro de 2022, a subprocuradora-geral, Lindôra Araújo, pediu ao ministro Alexandre de Moraes, do STF, que autorizasse a tomada de depoimento de Léo Índio.
Na ocasião, Moraes acatou o pedido e também ordenou ao Facebook, Instagram, Twitter e YouTube o bloqueio de suas contas e das chaves Pix divulgadas por ele para arrecadar valores a serem utilizados no financiamento das manifestações.
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O primo dos filhos de Bolsonaro entrou na mira da investigação após publicar em suas redes sociais uma campanha de arrecadação de dinheiro para financiar as manifestações do 7 de Setembro.
Nos dias que antecederam os atos, Índio divulgou em sua conta no Instagram várias chaves Pix para arrecadação de valores e também um QR Code para doações por meio de criptomoedas. Todos foram bloqueados por ordem de Moraes.
Léo Índio é sobrinho de Rogéria Nantes Braga, primeira mulher de Bolsonaro e mãe dos filhos mais velhos do ex-presidente: o senador Flávio, o vereador Carlos e o deputado federal Eduardo. Índio também já foi citado em investigações sobre o esquema de "rachadinha" e uso de funcionários fantasmas.
Já sobre o 8 de janeiro, Leo Índio aparece em imagens na praça dos Três Poderes no dia dos ataques aos prédios do STF, Congresso Nacional e do Palácio do Planalto. Em postagem nas redes sociais, ele mostrou uma foto com diversos manifestantes atrás e disse que os olhos estavam vermelhos devido ao gás lacrimogêneo.
"Quem tem histórico de destruir patrimônio público é a esquerda. [Eles] focarão no vandalismo, certamente. Mas sabemos a verdade. Olhos vermelhos significa gás lacrimogêneo, disparado pelas forças de segurança, que não focaram nos focos [sic] de destruição, jogaram em todos os manifestantes. Busquem os verdadeiros vândalos e também os covardes mascarados e fantasiados de patriotas", escreveu na ocasião.
Ele também postou vídeos em que os golpistas são atingidos por bombas para dispersar a multidão e disse que "patriotas não cometem vandalismo."
Na eleição de 2022, ele não conseguiu um assento na Câmara Legislativa do Distrito Federal ao concorrer pelo PL.
O candidato, que saiu na urna com o sobrenome Bolsonaro e foi exonerado em setembro da assessoria da liderança do PL no Senado por não trabalhar desde março, recebeu um total de 1.801 votos, ficando na 187ª posição entre todos os candidatos dessa disputa.
Ele foi deixado à margem pela família do ex-presidente nos dias que antecederam o pleito, sobretudo após a então primeira-dama, Michelle Bolsonaro, declarar que o único indicado do clã ao cargo era Eduardo Torres (PL), seu irmão, que também saiu derrotado.
A operação da PF sobre o 8 de janeiro tem origem nas quatro frentes de investigação abertas após os atos daquele dia.
Uma delas mira os possíveis autores intelectuais, e é essa frente que pode alcançar Bolsonaro. Outra tem como objetivo mapear os financiadores e responsáveis pela logística do acampamento em frente ao Quartel-General do Exército e transporte de bolsonaristas para Brasília.
O terceiro foco da investigação PF são os vândalos. Os investigadores querem identificar e individualizar a conduta de cada um dos envolvidos na depredação dos prédios históricos da capital federal.
A quarta linha de apuração avança sobre autoridades omissas durante o 8 de janeiro e que facilitaram a atuação dos golpistas.
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