Pipo Calazans, da DM9, sobre Cannes: 'Crises são oportunidades de evolução'

Vocês perderam clientes nesse período, como a Whirlpool, que esteve no meio do escândalo, mas também conquistaram as contas de Decolar e KFC. Como tem sido essa relação com o mercado?

Tivemos perdas, mas também tivemos ganhos. Conquistamos duas grandes contas logo depois do episódio. Isso aconteceu porque optamos por transformar de dentro para fora, primeiro olhando para as pessoas e os clientes que já estavam conosco. A reputação individual do nosso time também fez diferença.

A vinda da Yuri Mussoly, ainda em julho, resume isso. Ela representa uma nova visão criativa, mais integrada, mais contemporânea. Quando ela entrou, começamos a discutir o que chamei de 'segunda temporada' da DM9. A primeira foi ótima, mas quase terminou em tragédia. Agora é o momento de recomeçar, com novos valores e um olhar mais profundo sobre o papel da criatividade.

Você já disse que esse foi o momento mais difícil da sua carreira. O que passou pela sua cabeça?

Na verdade, foi o momento mais difícil da minha vida. Não era só uma questão de negócio, mas de reputação, de caráter. Foi duro ver o time sendo questionado em algo que é essencial: a índole. Eu sentia vergonha, medo, dor. Parecia que todos estavam apontando o dedo. Foi nesse momento que meu pai me disse: 'Faça o que você aprendeu em casa'. E foi isso que fizemos. Decidimos agir corretamente, sem atalhos, doa a quem doer.

Crises como essa, por mais dolorosas que sejam, são oportunidades de evolução. Hoje, temos uma DM9 mais madura, mais responsável e mais consciente do seu papel. E acredito que o mercado inteiro vai sair melhor dessa reflexão.