Um recorde negativo histórico foi atingido pelo Polo Petroquímico de Triunfo no mês passado: uma taxa de ociosidade de 45% na sua capacidade de fabricação de eteno (insumo básico que serve de matéria-prima para resinas termoplásticas). O diretor administrativo do Comitê de Fomento Industrial do Polo do Rio Grande do Sul (Cofip), Sidnei Anjos, reforça que é o pior desempenho desde o início da operação do complexo, em 1982.
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Um recorde negativo histórico foi atingido pelo Polo Petroquímico de Triunfo no mês passado: uma taxa de ociosidade de 45% na sua capacidade de fabricação de eteno (insumo básico que serve de matéria-prima para resinas termoplásticas). O diretor administrativo do Comitê de Fomento Industrial do Polo do Rio Grande do Sul (Cofip), Sidnei Anjos, reforça que é o pior desempenho desde o início da operação do complexo, em 1982.
Ele afirma que entre os motivos que explicam esse cenário estão o maior volume de resinas estrangeiras entrando no País nos últimos anos, o aumento da capacidade produtiva da China e o ingresso de produtos pela Zona Franca de Manaus contando com benefícios fiscais. O dirigente comenta que existem resinas petroquímicas chegando ao Brasil com preços 20% a 25% abaixo do padrão.
Na média nacional, Anjos salienta que a ociosidade das plantas petroquímicas é de um terço. Ele ressalta que o impacto é maior no Polo gaúcho por ter uma característica mais exportadora que outras estruturas semelhantes no País, o que faz o reflexo da perda de competitividade ser pior.
O representante do Cofip adverte que esse cenário pode inviabilizar a operação do Polo gaúcho. “Um complexo desses, para se tornar viável, precisa operar de 80% ao teto (de capacidade)”, alerta. Anjos participou nesta terça-feira (11) da divulgação do “Manifesto em defesa da matriz econômica geradora de desenvolvimento e tributos”.
O documento defende a aprovação do Projeto de Lei 892/2025 (que institui o Programa Especial de Sustentabilidade da Indústria Química – Presiq), a manutenção da tarifa de 20% na importação de resinas termoplásticas e outros produtos petroquímicos para além de 2025 e a aplicação de medidas antidumping para as resinas polietileno e polipropileno importadas a preços mais baixos do que os praticados em seus países de origem.
O prefeito de Taquari e presidente da Associação dos Municípios da Região Metropolitana da Grande Porto Alegre (Granpal), André Brito, ressalta que o manifesto tem como objetivo fazer com que a população e as autoridades governamentais, Estado e União, compreendam as dificuldades que a indústria química passa hoje. Ele frisa que há, atualmente, uma concorrência desleal com produtos importados de outras nações.
“Precisamos proteger a nossa indústria nacional”, defende o dirigente. Brito salienta que a questão afeta toda economia do Rio Grande do Sul, não somente Triunfo e os municípios do entorno. O integrante da Granpal considera que é fundamental o Brasil tomar medidas protetivas quanto aos insumos químicos que vêm de fora do País com condições desiguais aos similares nacionais.
Já o secretário estadual de Desenvolvimento Econômico, Ernani Polo, destaca que o setor químico é estratégico para os gaúchos. Ele lembra que o governador Eduardo Leite já conversou com o vice-presidente da República e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, sobre o tema do desequilíbrio enfrentado pela indústria química nacional.
Ele pondera que é preciso fazer uma mobilização em prol da indústria química, unindo também bancadas parlamentares e governadores de outros estados. “É um momento de urgência, um momento dramático”, admite o secretário.
Triunfo registra perda de arrecadação de ICMS
A ociosidade do polo petroquímico gaúcho já está refletindo na receita de Triunfo. O secretário municipal da Fazenda, Rogério Pisetta, revela que a estimativa de arrecadação de ICMS para a cidade, em 2025, é de R$ 105 milhões. Se a previsão se confirmar, significará uma queda de cerca de 30% em relação ao resultado do ano passado, que já havia verificado uma redução de 16% em comparação a 2023.
Essas diminuições sucessivas são devidas, reitera Pisetta, ao recuo da produção do complexo petroquímico local. O vice-prefeito de Triunfo, Roniel Viegas, salienta que cerca de 90% da arrecadação do município, que tem cerca de 30 mil habitantes, é vinculada à operação do polo. A unidade emprega em torno de sete mil pessoas, sendo que aproximadamente duas mil são da cidade.
“Por enquanto só afetou a arrecadação, mas na hora que começar as demissões, aí o quadro ficará cada vez pior”, assinala Viegas. Por sua vez, o prefeito de Nova Santa Rita, Rodrigo Battistella, diz que o município está solidarizado com o problema vivido pelas indústrias químicas e ressalta que é um assunto que envolve o Estado todo.
“A gente sabe que o polo é grande, mas talvez perdemos um pouco da noção de quantas vidas, de quantas famílias, dependem dele e da Braskem (principal empresa do complexo)”, comenta Battistella. A opinião sobre a importância da estrutura é compartilhada pelo representante do Cofip. “Assim como lutamos lá atrás pela consolidação do polo petroquímico no Rio Grande do Sul, nós estamos dando o grito e levantando a voz para as condições de sustentabilidade desse polo no Estado”, complementa Sidnei Anjos.
Já no País, a analista de Relações Institucionais da Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim), Talia Felix, informa que o setor químico emprega mais de 2 milhões de pessoas direta e indiretamente. Além disso, representa 11% do PIB Industrial nacional e gera R$ 30 bilhões em tributos.
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