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'Pope makers': os cardeais que atuam como cabos eleitorais e convencem os colegas indecisos a escolher um novo papa

A partir desta quarta-feira (7), 133 cardeais de 70 países vão participar do conclave para eleger o novo papa. As articulações em torno de cardeais "papáveis", no entanto, começa antes do conclave, como explica a vaticanista Mirticeli Medeiros em conversa com Natuza Nery no episódio do podcast O Assunto.

"Para cada grupo de cardeais existe um 'pope maker', que se articula e ajuda os indecisos", explica Mirticeli. Os "pope makers" são cardeais que funcionam como uma espécie de "cabo eleitoral" para promover determinadas alas da Igreja Católica.

Os "pope makers" entram em cena dias antes do conclave, quando os cardeais se reúnem nas chamadas Congregações Gerais, reuniões para discutir temas diversos sobre a Igreja e que terminam ao meio-dia.

Mirticeli explica que, depois dessas reuniões, é que começam as articulações políticas em torno de diferentes nomes.

"A reunião pré-conclave, de fato, acontece à tarde, quando os cafés informais começam a se estruturar".

"Existe toda essa essa articulação, nos cafezinhos, nas Congregações Gerais, dos cardeais que falam a mesma língua, ou do mesmo país, ou do mesmo continente", conta. Ela explica que esses grupos se reúnem para tentar promover uma determinada figura.

Capela Sistina preparada para o conclave, em maio de 2025 — Foto: Vatican Media/Handout via Reuters

Segundo Mirticeli, foi isso o que aconteceu como o papa Francisco. "Ele teve um excelente pope maker, que foi o cardeal [Óscar Rodríguez] Maradiaga, um homem extremamente influente, hondurenho, que conseguiu levar o nome do papa Francisco adiante", lembra. Marafiaga se manteve como conselheiro de Francisco e era um representante da ala progressista da Igreja.

Mirticeli explica que, ao entrar na Capela Sistina, os cardeais costumam chegar com cinco possíveis nomes "papáveis".

"Se existir uma divisão, ela provavelmente não foi completamente sanada nas reuniões do pré-conclave", diz. É por isso que, antes do conclave para escolher o sucessor de Francisco, cardeais deixaram clara a expectativa de que a escolha do novo papa seja feita em, no máximo, três dias.

Além de vaticanista, Mirticeli é Ph.D em História do Catolicismo pela Universidade Gregoriana. Ela explica que o jogo político sempre pairou sobre os conclaves. "Estamos falando de um chefe de estado que está sendo eleito", diz, ao lembrar que o Vaticano tem relações formais com 184 países.

"Estamos falando de um processo eleitoral comum. Claro, a gente não tá falando de uma interpretação, não tá trazendo aqui uma interpretação teológica do conclave, que as pessoas acreditam que o Espírito Santo conduz".

Ouça a íntegra do episódio.

O que você precisa saber:

O podcast O Assunto é produzido por: Mônica Mariotti, Amanda Polato, Sarah Resende, Luiz Felipe Silva, Thiago Kaczuroski e Carlos Catelan. Apresentação: Natuza Nery.

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