1. Expectativa de queda nos juros
Juros altos sufocam empresas; juros baixos dão fôlego para investir.
Hoje, a taxa básica de juros no Brasil, a Selic, está bastante alta, em 15% ao ano. Isso traz enorme dificuldade para empresas que trabalham com pequenas margens de lucro ou dependem muito de crédito.
No entanto, existe uma expectativa de queda na Selic por conta de fatores internos e externos. Como os juros estão caindo nos Estados Unidos, o Brasil não precisa manter sua taxa tão elevada para atrair capital estrangeiro.
Além disso, a inflação no Brasil tem dado sinais de desaceleração há meses. Em março, analistas consultados pelo Banco Central projetavam uma inflação acima de 5,5% em 2025. Hoje, a projeção baixou para 4,83%.
Como os juros altos são utilizados como instrumento para controlar a inflação, a previsão de desaceleração dos preços no Brasil faz aumentarem as chances de uma queda na Selic.
2. Saturação da Bolsa americana
Cada vez menos gestores de fundos veem potencial de alta na Bolsa dos EUA.
Uma pesquisa do Bank of America com gestores de grandes fundos de investimento internacionais mostra uma queda contínua, nos últimos meses, no número de entrevistados que veem a Bolsa americana subvalorizada, ou seja, com potencial para se valorizar mais.
A menor perspectiva de alta da Bolsa americana leva investidores a buscarem oportunidades em outros países, principalmente emergentes.
3. Ações brasileiras "com desconto"
No jargão do mercado financeiro, diz-se que uma ação está "descontada" quando o preço dela está abaixo do que seria o seu "valor intrínseco". O valor intrínseco é aquele que reflete adequadamente os fundamentos da empresa, como a sua capacidade de gerar caixa e de lucrar.
Uma forma de medir essa relação é o indicador preço/lucro (P/L), ou seja, o preço da ação dividido pelo lucro anual por ação.
Hoje, o P/L das principais ações brasileiras está em 8,5. Isso quer dizer que, em média, o preço das ações está 8,5 vezes maior do que o lucro anual delas. Em outras palavras, é como se, em apenas oito anos e meio, a empresa gerasse um lucro suficiente para pagar tudo o que o investidor gastou na compra das ações.
Trata-se de uma boa vantagem em comparação com outros países emergentes, como a Índia, onde o indicador está em 20,6, e o México, onde está em 12,8.
Na Argentina, o P/L está melhor que o nosso, em 6,5. Mas outros problemas afetam a economia argentina, como o risco de escassez de dólares.
4. Queda do dólar
Por fim, a queda do dólar em relação à maioria das principais moedas do mundo é um quarto fator que explica a alta das ações brasileiras. Ante o real, a moeda americana caiu 13,8% até a última segunda-feira (22).
Quando investidores internacionais veem perspectiva de queda do dólar, eles passam a buscar outros ativos para se protegerem, e isso inclui as Bolsas de países emergentes.
Afinal, a Bolsa vai continuar subindo?
Em primeiro lugar, devo deixar claro que a Bolsa é um investimento de alto risco e que esta coluna não representa uma recomendação de compra ou venda. Antes de investir, esteja ciente dos riscos e de que qualquer projeção tem chance de não se concretizar.
Dito isso, minha visão é de que o item 3 acima, o fato de as ações brasileiras estarem bastante descontadas em comparação às de outros países emergentes, é suficiente para supor que existe um razoável potencial de alta.
Alguma dúvida?
Tendo alguma dúvida sobre investimentos, me siga no Instagram e envie uma mensagem por lá. Sua pergunta poderá ser respondida nesta coluna.
Opinião
Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.
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Este material não é um relatório de análise, recomendação de investimento ou oferta de valor mobiliário. Este conteúdo é de responsabilidade do corpo jornalístico do UOL Economia, que possui liberdade editorial. Quaisquer opiniões de especialistas credenciados eventualmente utilizadas como amparo à matéria refletem exclusivamente as opiniões pessoais desses especialistas e foram elaboradas de forma independente do Universo Online S.A.. Este material tem objetivo informativo e não tem a finalidade de assegurar a existência de garantia de resultados futuros ou a isenção de riscos. Os produtos de investimentos mencionados podem não ser adequados para todos os perfis de investidores, sendo importante o preenchimento do questionário de suitability para identificação de produtos adequados ao seu perfil, bem como a consulta de especialistas de confiança antes de qualquer investimento. Rentabilidade passada não representa garantia de rentabilidade futura e não está isenta de tributação. A rentabilidade de produtos financeiros pode apresentar variações e seu preço pode aumentar ou diminuir, a depender de condições de mercado, podendo resultar em perdas. O Universo Online S.A. se exime de toda e qualquer responsabilidade por eventuais prejuízos que venham a decorrer da utilização deste material.

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