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Por que você deveria criar uma 'senha de família' para se proteger de golpes

Imagine receber uma ligação de alguém dizendo ser seu filho e pedindo dinheiro urgente. A voz soa idêntica. O desespero é convincente. O impulso é ajudar. É nesse momento que entra em cena a ideia da “senha de família” - uma palavra, frase ou piada interna combinada previamente entre parentes e usada apenas em situações suspeitas. Serve como uma checagem rápida para confirmar se quem está do outro lado é realmente quem diz ser. Com os casos de golpes com inteligência artificial crescendo a cada dia, essa pode ser uma estratégia inteligente para se proteger desses novos truques. A seguir, saiba mais sobre a senha de família e como se proteger de golpes de IA.

 Sandra Mastrogiacomo/TechTudo Golpes com vozes clonadas crescem e a resposta pode estar em códigos simples entre familiares — Foto: Sandra Mastrogiacomo/TechTudo

Vivemos uma era em que criminosos não precisam de máscaras ou vozes falsas improvisadas. Com poucos segundos de áudio retirados de redes sociais, vídeos ou podcasts, já é possível criar uma versão digital da sua voz, convincente o bastante para enganar familiares, amigos e até colegas de trabalho. A facilidade com que essas clonagens podem ser feitas, somada ao poder dos deepfakes, marca uma nova fronteira dos golpes digitais: as fraudes de emergência, que exploram emoção, pressa e confiança para roubar dinheiro e dados pessoais.

 Reprodução/Unsplash Golpes com IA estão aumentando e colocam em risco usuários — Foto: Reprodução/Unsplash

Os casos de golpes com IA já não são isolados. Segundo especialistas em segurança, criminosos estão combinando engenharia social com ferramentas de IA acessíveis, o que transforma velhos truques, como o “sequestro virtual”, em versões mais sofisticadas e difíceis de identificar.

“Os golpistas coletam clipes de voz em redes sociais e os alimentam em plataformas de clonagem que recriam o tom de uma pessoa em segundos”, explica Santiago Pontiroli, líder da Unidade de Pesquisa de Ameaças da Acronis. “Com essa voz falsa, eles encenam situações urgentes, como um parente ferido ou preso, e fazem a vítima agir rapidamente. É o mesmo truque emocional de antes, agora disfarçado com nova tecnologia.”

O que é uma ‘senha de família’

A senha de família é uma palavra, expressão ou frase curta combinada entre familiares e usada para confirmar a identidade em casos de dúvida ou emergência. Ela não substitui senhas bancárias ou digitais, mas atua como um código humano de confiança. Exemplo: Se alguém ligar dizendo ser seu filho e pedir dinheiro, antes de agir, você pergunta pela senha de família. Se a pessoa não souber ou hesitar, a chance de ser um golpe é alta. É uma forma de trazer o conceito de “autenticação em duas etapas” para dentro das relações humanas.

Por que criar uma senha de família?

 Reprodução / Freepik Senha de família ajuda a evitar golpes feitos por IA — Foto: Reprodução / Freepik

Criar uma senha familiar pode parecer um gesto simples, mas é uma das defesas mais eficazes contra golpes que usam inteligência artificial. Segundo Pontiroli, alguns segundos de áudio limpo e uma conexão com a Internet já são suficientes para que uma IA gere uma voz convincente. “Os golpes não dependem de perfeição técnica, e sim do pânico. É preciso apenas parecer crível por alguns instantes”, explicou o especialista.

Ao combinar uma senha ou código secreto entre os familiares, a emoção deixa de ser o gatilho para uma decisão impulsiva, algo que a inteligência artificial ainda não consegue reproduzir. Um protocolo prévio, como confirmar a senha antes de transferir dinheiro, ajuda a reduzir o impacto da manipulação emocional. Em vez de reagir no susto, a pessoa ganha tempo para pensar e checar a veracidade do pedido.

Pontiroli acrescenta que esse hábito também cria uma cultura de segurança doméstica. Quando todos compreendem o risco e sabem que “urgência” é um sinal de alerta, o ato de confirmar identidades se torna natural. “Funciona como o código antiphishing usado por corretoras de criptomoedas ou o PIN de empresas de alarme. É uma etapa simples que transforma emoção em verificação”, compara.

Como criar uma senha de família?

O primeiro passo é reunir todos os familiares e explicar o propósito da senha: proteger o grupo de fraudes e falsas emergências. A ideia é simples, mas exige que todos estejam cientes de como e quando a utilizar. Segundo o especialista da Acronis, a escolha da palavra ou expressão deve ser algo significativo, mas impossível de encontrar online. “Use uma piada interna ou uma memória compartilhada, nunca nomes de pets, datas de aniversário ou frases visíveis em redes sociais”, ele recomendou.

 Reprodução/Freepik Criar uma senha de família é simples, mas requer compreensão de todos os envolvidos — Foto: Reprodução/Freepik

Também é importante definir os contextos em que a senha será usada - como em ligações, mensagens suspeitas, pedidos de dinheiro ou contatos vindos de números desconhecidos. Para que o hábito se torne automático, Pontiroli sugere realizar testes de tempos em tempos, simulando situações para reforçar a prática.

A senha pode ser alterada periodicamente, especialmente se houver suspeita de que alguém fora da família possa tê-la descoberto. Acima de tudo, ela nunca deve ser compartilhada por mensagem. “A senha deve ser discutida apenas pessoalmente ou por um canal seguro. Se alguém ligar dizendo ser um familiar, mas não conseguir confirmar o código, desligue e verifique diretamente”, alerta Pontiroli.

Mais camadas de proteção digital

A senha de família é uma defesa humana, mas pode - e deve - ser reforçada com medidas tecnológicas do dia a dia. Pontiroli recomenda, por exemplo, preferir videochamadas em vez de ligações de voz, já que isso exige mais esforço dos golpistas e torna a falsificação mais difícil. Também é essencial ativar a autenticação em duas etapas (2FA) em redes sociais e aplicativos bancários, confirmar contatos por outros canais antes de transferir dinheiro e orientar idosos e crianças sobre o risco de confiar apenas na voz ou na imagem.

O especialista ainda sugere criar palavras de segurança específicas para bancos e serviços online, reforçando a ideia de múltiplas camadas de proteção. “Enquanto as operadoras e plataformas ainda testam sistemas de IA para detectar vozes clonadas e deepfakes em tempo real, combinar tecnologia com um simples código humano cria uma defesa muito mais difícil de ser burlada”, afirma Pontiroli.

Num mundo em que as fraudes se tornam cada vez mais emocionais e realistas, a senha de família surge como uma solução acessível e poderosa. Ela não exige aplicativos, equipamentos ou conhecimentos técnicos - apenas diálogo, confiança e uma boa dose de bom senso. Em meio à era da inteligência artificial, o toque humano continua sendo a melhor forma de segurança.

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