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Práticas esportivas impulsionam inclusão e dignidade

Luta, música, dança e acessibilidade. Quem circulou pela Praça Cônego Marcelino, em Porto Alegre, na tarde da última terça-feira (26), pôde acompanhar uma oficina de capoeira inclusiva voltada a pessoas com deficiências, ministrada pelo contramestre Jean Sarará.

Oferecida pela Associação de Pais, Amigos e Pessoas com Deficiência, de Funcionários do Banco do Brasil e da Comunidade (Apabb), a atividade integrou uma programação especial para a Semana Nacional da Pessoa com Deficiência Intelectual e Múltipla, que aconteceu entre os dias 21 e 28 de agosto. 

Na Apabb, a capoeira inclusiva é uma ferramenta pedagógica há 16 anos. “Desde então, sempre saímos para a rua, tentando conscientizar a comunidade de que pessoas com deficiência merecem ter os seus direitos respeitados. Merecem ter acesso ao esporte e à cultura”, destaca o contramestre.

A capoeira inclusiva integrou a programação da Apabb para a Semana Nacional da Pessoa com Deficiência Intelectual e Múltipla | BRENO BAUER/JC

A capoeira inclusiva integrou a programação da Apabb para a Semana Nacional da Pessoa com Deficiência Intelectual e Múltipla BRENO BAUER/JC

A modalidade, que une ritmo, musicalidade e movimentação, é adaptada conforme as habilidades de cada participante. Mas o objetivo permanece: favorecer a qualidade de vida, a consciência corporal e o autoconhecimento.

Além da capoeira, a programação incluiu judô, atletismo, bocha, futsal e tênis de mesa. Na entidade, contudo, essas atividades não são exclusividade dos últimos dias de agosto.

O movimento traz alegria para a vida das pessoas”, destaca o educador físico Fábio Azeredo, que é coordenador-técnico em Esporte e Lazer na Apabb. E é por isso que, de segunda à sexta-feira, são oferecidas diversas práticas esportivas e recreativas para cerca de 180 pessoas com deficiências múltiplas.

Nos finais de semana, a programação vai além dos limites da sede. “A gente reúne as famílias e vai fazer um encontro num sítio. No verão, a gente vai para um parque aquático. Ou então para um zoológico, um parque de diversões ou um circo”, explica Azeredo. 

Para o coordenador-técnico, os resultados são visíveis. Além de favorecer a melhora da disposição e o desenvolvimento das habilidades motoras, as atividades possibilitam a consolidação de novos laços afetivos

Dignidade e inclusão

Eu queria que o esporte tivesse entrado mais cedo na minha vida”, afirma a coordenadora de Paradesporto da Secretaria Municipal de Esporte e Lazer (Smel), Liza Cenci. Desde 2021, o órgão impulsiona o esporte paralímpico e o paradesporto na cidade de Porto Alegre.

A entidade trabalha com ações dentro de conselhos e associações. Nos próximos meses, está prevista também a implementação de um Centro de Referência Paralímpico, voltado a crianças e jovens, em parceria com o Comitê Paralímpico Brasileiro.

Vôlei sentado, futebol de surdos, tênis em cadeira de rodas, atletismo e judô paralímpico são algumas das modalidades desenvolvidas em diferentes centros comunitários espalhados pela capital gaúcha. Mas ainda há muito para ser feito, quando se trata de visibilidade, conscientização e, principalmente, políticas públicas

“Eu queria que o esporte tivesse entrado mais cedo na minha vida”, afirma a coordenadora de Paradesporto de Porto Alegre, Liza Cenci | BRENO BAUER/JC

“Eu queria que o esporte tivesse entrado mais cedo na minha vida”, afirma a coordenadora de Paradesporto de Porto Alegre, Liza Cenci BRENO BAUER/JC

“Falta uma visão mais ampla da possibilidade das pessoas com deficiência serem parte do esporte, do lazer, do paradesporto", afirma Liza. 

Para a coordenadora, que também tem uma deficiência física, a prática esportiva é uma forma de dignidade e inclusão. E, acima disso, é uma ferramenta potente na luta contra o capacitismo. “O esporte não chegou na minha vida. Se ele tivesse chegado na minha vida, eu seria uma pessoa completamente diferente”, completa.

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