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Prédio icônico em Nova York enfrenta rachaduras e disputas milionárias

Inaugurado em 2015, o arranha-céu de 102 andares foi erguido na “Billionaires’ Row”, região que concentra alguns dos endereços mais caros do mundo. Na época, suas 125 unidades renderam mais de US$ 2,5 bilhões em vendas. Celebridades como Jennifer Lopez, Alex Rodriguez e o magnata saudita Fawaz Alhokair figuraram entre os compradores.

O prédio foi idealizado pelo empresário Harry Macklowe e projetado pelo arquiteto uruguaio Rafael Viñoly, e nasceu com a ambição de ser o edifício residencial mais alto do planeta. O interior foi desenhado pela arquiteta Deborah Berke, que valorizou a luz natural e materiais nobres. Apartamentos incluem pisos de carvalho, cozinhas de mármore com eletrodomésticos Miele e banheiras posicionadas diante de janelas de três metros quadrados, marca registrada do edifício.

Poucos anos após a inauguração, surgiram queixas de vazamentos, rangidos e balanços durante ventos fortes. Mas esse foi só o começo de uma série de problemas no edifício.

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Em 2019, uma pane elétrica no Dia de Ação de Graças deixou moradores presos nos elevadores. Relatórios recentes indicam fissuras e perdas de concreto nos andares mais altos, o que levanta dúvidas sobre a durabilidade do material. Especialistas alertam que, sem reparos (que podem custar centenas de milhões de dólares), o prédio pode se tornar inabitável ou representar risco para pedestres.

A origem do problema pode estar em uma das principais apostas estéticas do projeto: a fachada de concreto branco. Tradicionalmente, o concreto é cinza, cor decorrente da presença de óxidos de ferro.

A alteração da composição do concreto para mudar branquear sua aparência pode comprometer resistência e durabilidade (preocupação relatada por engenheiros antes mesmo do início da obra, segundo documentos obtidos pelo The New York Times).

Em 2012, um grupo de arquitetos, engenheiros e executivos imobiliários se reuniu em um pátio de concreto em Gowanus, Brooklyn para testar a mistura que daria forma à fachada do 432 Park Avenue.

Entre os presentes estavam representantes da Macklowe Properties, do CIM Group e do escritório Rafael Viñoly Architects. Logo surgiram alertas de rachaduras aparentes nas colunas de teste do projeto.

O concreto precisava ser forte o bastante para sustentar uma torre de 425 metros, mas branco o suficiente para atender ao design.

E-mails internos mostram que, meses antes, já havia discordâncias sobre as especificações do material. Engenheiros trocaram mensagens com fotos de falhas e sugestões de ajustes. Um deles, Silvian Marcus, da WSP, recomendou o uso de fly ash, um aditivo que melhora a durabilidade do concreto.

A proposta foi rejeitada. “Eles não aceitarão fly ash (a cor é muito escura)”, respondeu o engenheiro Hezi Mena, também da WSP. A réplica de Marcus resumiu o impasse técnico e estético do projeto: “Cor ou rachaduras.”

A troca de e-mails integra as ações judiciais movidas contra as construtoras. O condomínio abriu duas ações judiciais, alegando que a construtora vendeu unidades defeituosas e escondeu as falhas estruturais.

A CIM Group declarou que o prédio foi construído por profissionais de alto nível, classificando as alegações de deterioração como “infundadas e difamatórias”.

Enquanto isso, alguns proprietários tentam vender suas unidades, mas sem sucesso. O próprio Macklowe colocou três apartamentos à venda, mas retirou as ofertas após não conseguir quitar empréstimos.

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