Cohen não explicou a qual frases se referia. Mais cedo, porém, o presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, participou de uma manifestação pró-Palestina que reuniu milhares de pessoas em Istambul.
Durante o ato, Erdogan disse que Israel comete crimes de guerra nos ataques à Faixa de Gaza. Ele acusou o Ocidente de ser "o principal culpado pelos massacres em Gaza".
"Com exceção de algumas consciências que levantaram a voz, estes massacres são inteiramente obra do Ocidente", disse o chefe do Estado turco.
Presidente da Turquia participa de protesto pró-Palestina em Istambul
Erdogan mira a base política islâmica com esse discurso. Os chefes dos partidos nacionalistas e islâmicos aliados – que ajudaram Erdogan a garantir a vitória nas eleições apertadas de maio – participaram do comício no antigo aeroporto de Istambul.
No discurso de uma hora, o presidente turco também repetiu sua afirmação de que o Hamas não era uma organização terrorista e descreveu Israel como um ocupante.
A Turquia condenou as mortes de civis israelenses causadas pelo ataque do Hamas em 7 de outubro no sul de Israel, que matou 1.400 pessoas. Mas Erdogan chamou, nesta semana, o grupo militante palestino de “combatentes pela liberdade”.
Ao contrário de muitos aliados da OTAN, a Turquia não considera o Hamas uma organização terrorista.
Analistas políticos disseram que Erdogan estava interessado em reforçar as críticas ao ataque de Israel na Faixa de Gaza e em ofuscar as celebrações do próximo domingo (29), que marcam as raízes seculares da Turquia.
Sinan Ulgen, antigo diplomata turco e diretor do Centro de Estudos Económicos e de Política Externa, um grupo de reflexão com sede em Istambul, disse que o agravamento da crise humanitária em Gaza e a pressão dos aliados políticos levaram Erdogan a aguçar a retórica.
O presidente turco, Tayyip Erdogan, discursa durante um comício pró-palestina organizado pelo partido AK. — Foto: YASIN AKGUL / AFP
100º aniversário da Turquia
Erdogan convidou todos os turcos para participarem no comício, onde disse que "apenas a nossa bandeira e a bandeira da Palestina irão tremular". O Partido dele, AK, de raízes islâmicas, previu que mais de um milhão de pessoas compareceriam.
O 100º aniversário da Turquia moderna será realizado no domingo (29). Segundo analistas ouvidos pela Reuters, a estratégia de Erdogan é que as manchetes dos jornais sejam dominadas pelas notícias do comício de sábado, em vez das celebrações do fundador da República, Mustafa Kemal Ataturk.
Erdogan, o líder mais antigo da Turquia, e o Partido AK minaram o apoio aos ideais ocidentais de Ataturk, que é reverenciado pela maioria dos turcos. Nos últimos anos, os retratos de Erdogan apareceram ao lado dos de Ataturk em edifícios governamentais e escolas.
Ela disse que embora os comentários de Erdogan sobre o Hamas refletissem a posição de longa data do governo turco, ele pretendia se beneficiar do sentimento anti-Israel a nível interno e “consolidar os conservadores sunitas da Turquia”.
O governo afirmou que o conflito Israel-Hamas não vai se restringir às celebrações do 100º aniversário, que prevê eventos em todo o país.
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