As eleições devem funcionar como espécie de diapasão a afinar o comportamento dos mercados. Há uma expectativa, por parte dos agentes econômicos, no mercado financeiro, de que a eleição do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, poderia representar a adoção de uma política fiscal mais austera, colaborando para um quadro benigno para o dólar, a inflação e os juros. Independentemente do mérito, essa percepção será a principal força a guiar o comportamento dos principais ativos, entre dezembro deste ano e a eleição geral em outubro do ano que vem.
O mais interessante é o que esse movimento pode indicar no quesito da construção de planos econômicos coesos pelos postulantes à Presidência da República. A superação do problema estrutural instalado nas contas públicas é condição sine qua non para o país retomar uma trajetória de crescimento econômico sustentável.
É nesse aspecto que me desperta interesse a comparação dos cenários traçados, em 2014, para o que viria a ser o primeiro ano do mandato presidencial, com Aécio Neves ou Dilma Rousseff, em relação aos imaginados, agora, para 2027.
Lá, percebia-se que a questão fiscal havia chegado ao fundo do poço. Dívida elevada e crescente, déficits primários e nominais que se instalaram para persistir, na prática, até hoje. Vencesse a eleição Aécio Neves ou Dilma Rousseff, a agenda mínima de ajuste fiscal estrutural estava posta. Não por outra razão, prevaleceu o pragmatismo, e a presidente eleita optou por medidas de cortes de gastos e reestruturação de diversos programas orçamentários.
Para 2027, na esteira da velha ideia-força de repetição da história, ganhe quem ganhar, a agenda estará posta. A coloração partidária, desde que operante no espectro democrático, de respeito às instituições e às regras do jogo, não importará para essa questão. Pode-se afirmar que a agenda do ajuste das contas públicas é impositiva. A composição do programa a ser anunciado poderá variar, mas o objetivo de retomar a geração de superávits primários é inescapável.
As agendas fundamentais ao desenvolvimento econômico e social só encontrarão espaço político para florescer após a solução desse grave problema. A saúde financeira do Estado brasileiro está em jogo e, a despeito dos exageros próprios dos movimentos de mercado, sua sinalização para o mundo político é correta: o país melhorará se o vencedor, na batalha do convencimento e nas eleições, compreender a inevitabilidade dessa tarefa fundamental.

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1 mês atrás
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