Quem busca crédito também terá prejuízo com falha na fiscalização do Master

No encontro de 2025, que contou com a presença de quatro ministros do governo Lula, o presidente executivo da Febraban, Isaac Sidney, funcionário de carreira do Banco Central e ex-diretor da instituição, fez o elogio da atuação do presidente do BC, Gabriel Galípolo, no episódio de liquidação do Master, decretada na semana passada.

"Se eu pudesse — e penso que posso — apontar uma marca da sua gestão nesse primeiro ano de mandato é a de que você conseguiu elevar a régua da dignidade institucional do Banco Central" - Isaac Sidney, presidente da Febraban

Estrela do encontro, Galípolo declarou que aprimoramentos na regulação são movimentos contínuos na sua gestão à frente do BC, mas reconheceu não ter avançado no quesito tanto quanto gostaria. Disse também que se alinha com os banqueiros centrais que defendem uma ampliação do "perímetro regulatório" no setor financeiro.

Traduzindo, na opinião do seu presidente, o BC deveria estender controles e limites de operação a outras instituições financeiras, mesmo as não tipicamente bancárias, que atuam no mercado. Esse é, de fato, um dos desafios que os reguladores enfrentam, em tempos de inovações tecnológicas, num mundo de finanças cada vez mais digitais.

A fala de Sidnei, da Febraban, foi interpretada como uma crítica à suposta leniência do presidente anterior do BC, Roberto Campos Neto, com as manobras do Master no mercado. O período da ascensão fulminante do Master no mercado, a partir da compra do Banco Máxima pelo empresário Daniel Vorcaro, em 2017 — e troca do nome para Banco Master, em 2019 — coincidiu com o da gestão de Campos Neto no BC.

Em menos de sete anos, os ativos do Master cresceram mais de 40 vezes, saindo de R$ 2 bilhões (já corrigidos pela inflação), em 2019, para R$ 87 bilhões, no momento da liquidação, em novembro de 2025. A estratégia para esse crescimento fulminante foi a típica dos negócios com gestão agressiva, quando não temerária.