George Santos

Crédito, Getty Images

Há 17 minutos

O ex-deputado americano George Santos, filho de imigrantes brasileiros, foi libertado da prisão na madrugada deste sábado (18) após receber perdão presidencial de Donald Trump.

Santos cumpria, desde julho deste ano, pena de sete anos por fraude e falsidade ideológica em um presídio federal de Nova Jersey.

Trump anunciou o perdão na sexta-feira (17), afirmando que o ex-parlamentar havia sido "terrivelmente maltratado" durante o período de detenção.

"George Santos era um fora da lei, mas há muitos outros em nosso país que não cumprem sete anos de prisão. Acabo de assinar a comutação da pena, libertando-o imediatamente. Boa sorte, George, e tenha uma ótima vida!", escreveu o presidente americano em sua rede social.

O advogado de Santos, Joseph Murray, confirmou que o ex-deputado deixou a Instituição Correcional Federal de Fairton pouco antes da meia-noite, sendo recebido por familiares. À imprensa americana, ele classificou a medida de Trump como "a correção de uma grande injustiça" e exaltou o presidente como "o maior da história dos Estados Unidos".

Quem é George Santos

Santos foi eleito em 2022 pelo Partido Republicano para representar partes do Queens e de Long Island, em Nova York — um distrito tradicionalmente democrata. Sua vitória foi comemorada como um avanço republicano em território adversário.

Filho de uma faxineira e de um pintor de paredes que emigraram do Brasil, Santos construiu sua imagem como exemplo de superação e "sonho americano". Ele se apresentava como o primeiro congressista abertamente gay eleito pelo Partido Republicano sem ter escondido sua orientação sexual — algo que, à época, rendeu ampla cobertura positiva na imprensa.

Meses depois, porém, vieram à tona uma série de mentiras sobre sua trajetória.

O então parlamentar afirmava ter trabalhado em grandes bancos de investimento, possuir um patrimônio milionário e ter ascendência judaica — informações que se revelaram falsas.

Reportagens também mostraram que ele havia exagerado ou inventado detalhes sobre sua formação acadêmica, incluindo um suposto diploma universitário que nunca obteve, e mentido ao dizer que sua mãe havia sobrevivido aos atentados de 11 de setembro.

As investigações mostraram ainda que Santos cometeu fraude eletrônica e usou dados de pelo menos dez pessoas, inclusive familiares, para financiar sua campanha ao Congresso.

O escândalo levou à sua expulsão da Câmara dos Representantes em 2023 e, no ano seguinte, à condenação a sete anos de prisão e ao pagamento de cerca de US$ 580 mil em multas.

Ele também foi acusado de usar recursos de campanha para despesas pessoais, como sessões de Botox e assinaturas da plataforma OnlyFans, segundo relatório do painel de ética da Câmara.

Arrependimento e tentativa de reconstrução

Antes da sentença, Santos enviou uma carta ao tribunal dizendo-se "profundamente arrependido" e classificando como "excessiva" a pena pedida pelos promotores. Pouco antes de se entregar, publicou mensagens nas redes sociais em tom irônico, sugerindo que poderia retornar à política.

"Aos críticos: obrigado pela publicidade gratuita. Talvez eu esteja saindo de cena (por enquanto), mas lendas nunca se despedem de verdade", escreveu.

Dias antes do perdão, Santos havia publicado uma carta aberta no jornal South Shore Press, de Long Island, dirigida a Trump. No texto, intitulado "um apelo apaixonado ao Presidente Trump", ele pediu "a chance de retornar à família, aos amigos e à comunidade", afirmando que estava em confinamento solitário após uma ameaça de morte em agosto. "Não estou pedindo simpatia, estou pedindo justiça", escreveu.

Mesmo preso, manteve uma presença digital por meio de sua equipe, que continuou a postar mensagens aos apoiadores. O perdão de Trump, segundo analistas americanos, abre caminho para que ele volte a buscar visibilidade política - embora sua imagem pública siga fortemente abalada.

Debate sobre o uso dos perdões

A decisão de Trump reacende o debate sobre o uso dos perdões presidenciais como instrumento político. O presidente republicano tem recorrido a esse recurso para beneficiar aliados e figuras ligadas à sua base eleitoral, o que vem sendo criticado por opositores democratas e por parte da imprensa americana.

Desde que reassumiu a presidência, em janeiro, Trump já havia perdoado outros dois ex-parlamentares republicanos: Michael Grimm, condenado por crimes fiscais, e John Rowland, ex-governador de Connecticut que se declarou culpado por corrupção e fraude.

Com a libertação, George Santos deixa a prisão após pouco mais de dois meses detido. Até o momento, ele não se pronunciou publicamente sobre o perdão.