As reformas fiscais do governo Javier Milei na Argentina e a redução de burocracias para importações têm favorecido as exportações brasileiras, especialmente as gaúchas. A análise sobre o cenário econômico do país vizinho e as oportunidades para o Brasil ocorreu durante painel nesta quarta-feira (26), segundo dia do 1º Congresso Brasileiro de Comércio Exterior, promovido pelo Sistema Fiergs. De acordo com o economista-chefe do Sistema Fiergs, Giovani Baggio, as reformas estão favorecendo o aumento da produção industrial argentina, que depende de produtos brasileiros para sua cadeia produtiva – o que ajuda a explicar o crescimento de 48,7% nas exportações da indústria da transformação do Rio Grande do Sul para a Argentina entre janeiro e outubro de 2025, na comparação com o mesmo período de 2024. "Temos uma relação consolidada com a Argentina, mas as mudanças fiscais têm trazido resultados positivos", afirmou.
Ele também destacou a queda nos gastos públicos, com a Argentina fechando nove meses consecutivos de superávit primário, e o controle da inflação, que atingiu um pico de quase 300% no ano passado, após a liberação de preços administrados e tarifários – movimento que gerou um salto inicial, mas corrigiu distorções acumuladas. Em setembro deste ano, as medidas fizeram efeito e a inflação recuou para 32,5%. "O governo Milei promoveu forte ajuste fiscal, queda de inflação e reorganização macro, criando um ambiente mais favorável ao crescimento econômico e ao setor produtivo", avaliou.
O diretor-geral da Câmara dos Importadores da República Argentina (Cira) e membro do Conselho da Agência Argentina de Investimentos e Comércio Internacional, Fernando Furci, destacou a normalização regulatória do país como um dos principais fatores que facilitaram as importações e melhoraram a competitividade. A eliminação do Sistema de Importações da República Argentina (Sira) e das Licenças Não Automáticas (LNA), a redução massiva de tarifas, o fim do Imposto Pais para bens e a integração aduaneira digital reduziram barreiras e aceleraram o processo de importação. Para ele, o ambiente atual abre mais espaço para bens de capital e insumos brasileiros. "Um mercado argentino mais saudável é um mercado brasileiro maior. A Argentina voltou a ser um destino viável para exportar a partir do Brasil", afirmou.
Na prática, o impacto também é sentido pela indústria gaúcha Termolar. O gerente de exportação da empresa, Elias Kerpen, afirmou que a marca, já bastante difundida no mercado argentino, vive um "processo muito mais fluido" para vender ao país vizinho, com menos burocracia e maior facilidade para ampliar sua capilaridade. Ele pondera, entretanto, que o menor poder de consumo reduz a velocidade de giro dos produtos nas prateleiras. A visão de melhora e esperança no futuro é compartilhada pelo presidente da Interlink Cargo e CEO da Freteiro, Francisco Cardoso, que ressaltou que a confiança nos negócios foi retomada e deve se fortalecer nos próximos anos. "A Argentina ainda tem desafios, como a inflação, mas hoje o comprador pode fazer compras programadas, não apenas emergenciais. Como transportadora, dependemos desse ambiente de negócios. Dependemos que os argentinos comprem e que a gente possa seguir fazendo planos, com uma moeda estável dos dois lados", afirmou Cardoso, que também preside a Federação das Empresas de Logística e Transporte de Cargas no Rio Grande do Sul (Fetransul). Ponderou, no entanto, que os empresários argentinos devem se preocupar em também vender ao mercado brasileiro, pois os caminhões atravessam a fronteira com mercadorias, mas voltam "quase vazios".

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