Para captar dinheiro da forma tradicional, é preciso seguir várias etapas, gastar alto, assinar documentos etc. É caro e demorado. Já por meio da tokenização, as empresas — as de pequeno porte e de alguns setores específicos — podem fazer o mesmo de forma mais barata e rápida.
Na prática, isso significa que, na outra ponta, o investidor tem acesso a opções potencialmente mais vantajosas. Hoje, há ativos de renda fixa digital oferecendo rendimentos de 20% a 24% ao ano.
"Não existe segredo nem fórmula mágica. Como a tecnologia permite uma enorme eficiência na hora de estruturar uma operação (em média, reduzimos em 38% o custo de estruturação de uma operação no mercado financeiro) e maior acesso tanto a originadores (que agora conseguem viabilizar operações menores) quanto investidores (que podem acessar essa classe de ativos), conseguimos repassar esses ganhos para os Investidores", disse Paulo David, executivo-chefe da AmFi, plataforma de tecnologia para o mercado de capitais.
Raio X do mercado
Segundo a Associação Brasileira de Criptoeconomia (ABCripto), apenas em 2024 foram emitidos cerca de R$ 1,3 bilhão em ativos tokenizados no Brasil — e há de tudo um pouco.
Dados da RWA Plataforma, que monitora o setor, mostram que, entre os tipos de ativos tokenizados, 42% são CPRs (Créditos do Produtor Rural), 22% notas comerciais, 19,5% debêntures, 7% recebíveis de cartões, 4,8% duplicatas, 2% acordos de participação em empréstimos e 1,9% CCBs (Cédulas de Crédito Bancário).
Como investir nesses tokens
Para comprar esses tokens, é preciso entrar nas plataformas que oferecem o serviço e fazer o cadastro. Normalmente elas pedem nome completo, CPF, data de nascimento e outros dados.
Algumas dessas empresas são a BlockBR, B3, Zuvia, Mercado Bitcoin, Tokeniza, AmFi, Vert Capital, Liqi, Dexcap Finance, Foxbit e Invex, entre outras.
É tudo legalizado?
As emissões de renda fixa digital normalmente são feitas sob o guarda-chuva da Resolução CVM 88, de 2022, que trata do crowdfuding (investimento coletivo). No entanto, ela ainda é limitada. No mês passado, o regulador do mercado de capitais abriu uma nova consulta pública para melhorar as regras. As manifestações podem ser feitas até 23 de dezembro.
Entre as mudanças propostas estão a inclusão de novas categorias empresas (principalmente do agronegócio), o aumento de limites de captação e a atualização de procedimentos.
"A CVM notou que as plataformas de crowdfunding vêm sendo utilizadas principalmente para distribuição de ofertas de securitização (mais de 70% das ofertas totais), e quer fomentar ainda mais este mercado", disse Alexandre Vargas, advogado associado de TozziniFreire Advogados, especialista em mercado de capitais.
Francis Wagner, chefe de criptomoedas da Hurst Capital, afirmou que essa atualização tem o potencial de reforçar a confiança dos investidores, atrair novos players institucionais e dinamizar a liquidez no mercado secundário.
"Ainda assim, há diversos pontos a evoluir, como a definição de padrões mínimos de governança tecnológica, a formulação de regras mais claras para liquidez e recompra e o avanço na harmonização regulatória internacional."
Cuidados
Diferentemente da renda fixa tradicional, os tokens de renda fixa não têm garantia do FGC (Fundo Garantidor de Créditos). Por isso, especialistas recomendam cautela antes de investir.
"O investidor deve sempre verificar se há transparência sobre o lastro do ativo e a idoneidade do emissor. Isso inclui confirmar se os recebíveis ou direitos creditórios que sustentam a operação estão devidamente registrados em entidades autorizadas e fiscalizadas pelo Banco Central, além de analisar as informações disponíveis sobre quem estrutura e distribui o produto", disse David, da AmFi.
Quais os riscos?
Todo ativo tem risco — e com os tokens de renda fixa não seria diferente. Tiago Severo, advogado especialista em regulação financeira e sócio do Panucci, Severo e Nebias Advogados, disse que os principais são os seguintes:
- Inadimplência do cedente do crédito
- risco operacional e cibernético das plataformas (falhas, hacks, instabilidade regulatória)
- descontinuidade da plataforma, com risco de travamento dos tokens
- enquadramento regulatório retroativo.
Além disso, há o risco de liquidez. Esses tokens ainda não têm mercado secundário, o que obriga o investidor a carregar o ativo até o vencimento. A expectativa é que, com a nova consulta pública da CVM, esse cenário possa mudar.
"A ausência de mercado secundário significa que o investidor dificilmente consegue vender seu token antes do vencimento, o que aumenta o risco de liquidez e exige um comprometimento com o prazo da operação", observou Severo.

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2 semanas atrás
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