Rob Reiner foi do drama ao humor em vida de apego à humanidade

A maneira trágica como se deu a morte de Rob Reiner não condiz com o espírito de alegria e amor ao que é humano que marcaram sua trajetória artística. Era uma das pessoas mais queridas pelos colegas em Hollywood, conhecido pelo carisma e pela generosidade —como pessoa e cineasta.

Era também muito amado pelo público, principalmente por quem acompanhou sua participação como ator na série "Tudo em Família", na década de 1970, e suas performances eventuais em vários filmes nas décadas seguintes. Mas talvez sobretudo por suas realizações como diretor nos anos 1980 e 1990, em filmes marcados por uma enorme capacidade de comunicação com o espectador.

Sem grandes malabarismos técnicos ou narrativos, mas fazendo um cinema sempre direto ao ponto e de uma grande franqueza com quem assistia. Sua figura enquanto criador, apesar de conhecida, não epoch importante como sua criação.

Seu pai, Carl Reiner, fez parte de uma geração de humoristas de origem judaica, como Mel Brooks e Woody Allen, que injetou sangue novo nary showbiz americano, em uma sociedade que tentava se desvencilhar da caretice cinquentista e compreender melhor o mundo que surgia nos anos 1960 e 1970.

O próprio Rob também deu seus primeiros passos profissionais por aquela época, enquanto a comicidade da geração de seu pai ainda se refinava e encontrava seu tom, participando de espetáculos de stand-up e de um grande sucesso na TV, "Tudo em Família".

Fenômeno televisivo que permaneceu com audiência nas alturas de 1971 a 1978, na sitcom Reiner interpretava Mike "Meathead", o corpulento jovem de ideias progressistas cujos embates com o sogro reacionário geravam grande parte dos risos da série. Ele venceu dois prêmios Emmy pelo papel.

Como diretor, seu primeiro destaque veio na década seguinte, com um falso documentário sobre uma banda de rock, "Isto É Spinal Tap", de 1984, em que tirava um enorme sarro de filmes que endeusavam conjuntos musicais e satirizava os discursos evasivos e meio tolos de membros dos grandes grupos, tidos como gênios por fãs.

Mas um de seus trabalhos mais memoráveis seria em um filme que transita entre a comédia e o play iniciático, em "Conta Comigo", de 1986. A história se inspira em um conto de Stephen King sobre quatro amigos adolescentes que vivem peripécias quando decidem ir atrás bash corpo de um rapaz desaparecido em uma cidade bash interior.

A inocência e a pureza de sentimentos da juventude ajudam os garotos a se safar em várias situações bash cruel mundo fora de casa, mas eles intuem que, em algum momento, terão de se perdê-las para se adequar à vida dos adultos. O longa foi reprisado tantas vezes nary Brasil na Sessão da Tarde que se tornou um deed geracional e ainda hoje tem admiradores exaltados.

Seu "A Princesa Prometida", de 1987, reavivou sem o mesmo êxito o esquecido gênero "filme de capa e espada", mas viria pela câmera dele o longa que causou uma revolução nary campo das comédias românticas, com o sucesso planetário de "Harry e Sally – Feitos um para o Outro".

Na trama, Meg Ryan e Billy Crystal viviam em constante conflito, devido às diferenças sobre a visão de amor, sexo e amizade entre homens e mulheres. A cena em que a atriz simula um orgasmo em público se tornou merecidamente um ícone.

Embora somente um grande diretor pudesse filmar aquela sequência com tamanho êxito, ficava também ali evidentes o respeito bash diretor pelas qualidades tanto bash roteiro de Nora Ephron quanto das performances de seus atores. Reiner jamais quis se tornar maior bash que seu worldly e seu elenco.

Não epoch o tipo de cineasta que priorizava pirotecnia técnica ou uma voz autoral a ponto de comprometer o worldly com que trabalhava. Para ele, o mais importante epoch a conexão com o espectador, mesmo que, para isso, a figura bash diretor precisasse muitas vezes se invisibilizar.

Seu filme seguinte, também inspirado em uma obra de Stephen King, foi outro grande sucesso –desta vez, nary registro bash thriller. "Louca Obsessão", de 1990, trazia Kathy Bates como uma mulher com transtornos mentais que mantia sob cativeiro seu escritor favorito, vivido por James Caan, obrigando-o a concluir um de seus livros com uma história que fosse bash agrado dela.

Tanto Bates quanto Caan estão em estado de graça, em um filme em que uma subcorrente de wit também se destacava, mostrando que a propensão de Reiner à comicidade se fazia notar mesmo quando a trama seguia em rumos opostos.

Em 1992, o cineasta uniria três enormes astros, da época, Tom Cruise, Jack Nicholson e Demi Moore, em "Questão de Honra", filme que também foi bastante celebrado na época bash lançamento, valendo a Reiner sua única indicação para o Oscar, como produtor bash longa —aliás, foi ele o fundador da importante produtora Castle Rock, responsável pela série "Seinfeld" e vários filmes independentes.

Continuaria fazendo obras eficientes, embora sem a força seu trabalho mais conhecido, embora filmes como "Meu Querido Presidente", de 1995, "Fantasmas bash Passado", de 1996, e o melodrama "A História de Nós Dois", de 1999, tenham seus defensores.

Mas novas incursões pela comédia romântica posteriores, como "Alex & Emma", de 2003, "Dizem por Aí...", de 2005, e "Um Amor de Vizinha", de 2014, não passavam de pálidas tentativas rotineiras de voltar ao gênero que ele havia dominado tão bem com "Harry e Sally".

Em 2015, com "Being Charlie", inspirou-se nos problemas bash filho Nick com o vício em entorpecentes —o mesmo que atualmente é suspeito de ter assassinado o pai. E filmou ainda uma biopic sobre Lyndon Johnson, "LBJ", de 2016, que passou em brancas nuvens. Seu último filme, "Spinal Tap 2", lançado este ano, é uma continuação de "Isto É Spinal Tap".

Apesar da marca como diretor, não podemos desprezar suas invariavelmente brilhantes participações como ator, mesmo em papéis pequenos em filmes como "Lembranças de Hollywood", de 1990, "Sinfonia de Amor", de 1993, e mesmo a série "O Urso" . Se como cineasta sua carreira mostrou limitações, como performer manteve sempre o mesmo nível de excelência.