Com agências
O Rio Grande do Sul poderá registrar, na safra 2025/26, o maior volume de grãos de sua história. A estimativa divulgada nesta terça-feira (14) pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) aponta para 40,9 milhões de toneladas, crescimento de 13,7% em relação ao ciclo anterior e o maior patamar desde o início da série histórica, em 1976/1977.
O desempenho coloca o Estado com 11,5% da produção nacional, que também deve atingir novo recorde, com 354,7 milhões de toneladas de grãos projetadas para o País. Mesmo após um ciclo afetado por eventos climáticos extremos, o Rio Grande do Sul tende a se consolidar como terceiro maior produtor de grãos do Brasil, atrás apenas de Mato Grosso e Paraná.
“Apesar dos desafios recentes, o Rio Grande do Sul se posiciona para uma safra promissora em 2025/26, com boa perspectiva de recuperação da soja e bom desempenho nas culturas de arroz e trigo. O resultado dependerá da estabilidade climática nos próximos meses”, destacou o presidente da Conab, Edegar Pretto.
Segundo o Conselho Permanente de Agrometeorologia Aplicada do RS (Copaaergs), o último trimestre de 2025 deve registrar chuvas variando de normal a ligeiramente abaixo da média, com temperaturas em elevação gradual. As anomalias no Oceano Pacífico Equatorial indicam neutralidade do fenômeno El Niño, com 65% de probabilidade de transição para La Niña fraco a moderado no período.
O agrometeorologista da Secretaria da Agricultura do RS, Flavio Varone, confirmou ao Jornal do Comércio que o panorama climático estadual permanece praticamente inalterado desde a Expointer 2025, com um La Niña fraco e de curta duração, que até o momento não deve comprometer a produção de grãos do Estado. No entanto, recomenda-se atenção ao manejo da irrigação, conservação do solo e escalonamento da semeadura, estratégias que ajudam a mitigar os efeitos de possíveis chuvas abaixo da média, especialmente em novembro e dezembro.
A principal aposta para o desempenho recorde é a recuperação da soja, carro-chefe da agricultura gaúcha. Após uma forte quebra na safra 2024/25, devido à estiagem, a Conab projeta 22,4 milhões de toneladas, avanço de 34,9% em relação ao ciclo anterior.
A área cultivada deve crescer 1%, chegando a 7,2 milhões de hectares, com produtividade média prevista de 3.129 kg por hectare, alta de 33,6%. O Rio Grande do Sul deverá manter-se como segundo maior produtor de soja do Brasil, atrás de Mato Grosso.
O início da semeadura ainda é incipiente, mas a expectativa é de que o retorno das chuvas e a regularização das temperaturas beneficiem o desenvolvimento inicial das lavouras. Caso o cenário se confirme, o Estado poderá compensar parte das perdas econômicas acumuladas em 2024 e impulsionar as exportações agrícolas a partir do segundo semestre de 2026.
Mesmo diante da queda dos preços internos e da consequente redução de 3,1% na área plantada, o Rio Grande do Sul seguirá respondendo por cerca de 70% da colheita nacional de arroz. A Conab estima uma produção de 7,8 milhões de toneladas em 938,1 mil hectares, retração de 10,5% em relação ao ciclo anterior. Apesar da redução, os reservatórios das lavouras irrigadas estão em níveis satisfatórios, e a previsão de alta radiação solar e temperaturas elevadas nos meses de verão favorece as fases de floração e enchimento dos grãos, aponta o levantamento da estatal.
Varone alerta que os produtores devem manter atenção especial ao uso e armazenamento da água, considerando o prognóstico de chuvas ligeiramente abaixo da média em novembro e dezembro. Até o início de outubro, 18% da área prevista já havia sido semeada, com boas condições agronômicas.
No trigo, o Rio Grande do Sul continua à frente como principal produtor do Brasil, mesmo com uma redução de 13,7% na área plantada, que totaliza 1,16 milhão de hectares. A produção estimada é de 3,7 milhões de toneladas, recuo de 6,3% em relação à safra anterior.
A queda reflete a combinação de estiagem no período de plantio, perdas nas últimas safras e menor investimento em fertilizantes, mas as lavouras mostram bom desenvolvimento, e o clima deve permanecer favorável à maturação dos grãos. A colheita já foi iniciada, com expectativa de produtividade superior à média dos últimos anos.
Demais culturas consolidam quadro positivo
Além das três principais culturas, o levantamento da Conab projeta avanços na aveia e na canola, e estabilidade no milho e no feijão.
- O milho da primeira safra mantém o Rio Grande do Sul como líder nacional, com 817,2 mil hectares semeados e 5,4 milhões de toneladas previstas, mesmo com leve queda na produção.
- O feijão deve crescer 4,2%, alcançando 76,6 mil toneladas.
- A aveia terá área recorde de 384,6 mil hectares e produção de 965 mil toneladas, alta de 14,6%.
- A canola pode saltar 66,2%, para 320,7 mil toneladas, consolidando o Estado como maior produtor nacional.
- A cevada deve recuar 13,4%, mas segue com lavouras em boas condições.
A expectativa de uma safra recorde reflete o potencial de recuperação da agricultura gaúcha após um ciclo adverso. Para isso, porém, a manutenção de boas práticas de manejo, irrigação e conservação do solo serão fundamentais para garantir o desempenho projetado, mesmo diante de eventuais chuvas abaixo da média no final do ano.

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